Prólogo

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Tânatos;

Naquele dia sombrio os corvos sobrevoavam os céus, seu grasnado assustava os moradores dos arredores, a cidade de Bagadá após a guerra ficou destroçada e mesmo sendo a capital de Godo o seu rei pouco se importava com os seus cidadãos. Eles estavam passando por um momento de miséria, não tinha comida ou água limpa para todo mundo, os corpos das pessoas mortas ficavam jogadas em um grande buraco dentro da cidade, o cheiro era forte e os urubus e corvos estavam em maior quantidade se aproveitando da decomposição dos corpos.

A saúde do povo estava em jogo e não tinha quem os tirasse daquela situação, as pessoas que tinham dinheiro moravam aos arredores da cidade dentro da floresta, em castelos construídos há muito tempo ou mansões da época, eram apenas pessoas com sorte que tinham herdado de seus antecedentes ou eram antigos comerciantes que conseguiram lucrar em cima de trabalho sujo.

Com um rei tirano e ricos que não davam a mínima, o povo se agarrava em qualquer vislumbre de esperança. Ultimamente casos estavam se espalhando por todo o país e com certeza chegou até Bagadá, alguém estava saqueando castelos, matando pessoas e melhorando a vida dos cidadãos de cidades e vilarejos que pereceram durante a guerra. Ninguém além dos abastados de dinheiro estava reclamando.

Naquele mundo nem todo mundo era abençoado com magia, mas os que eram usavam isso ao seu favor, para sua própria ganância, logo, ao saberem que um mago estava do lado de meros humanos pobres e sem futuro algum, eles, até mesmo os que eram antimagia, estavam a favor do meliante.

Em uma mansão não muito longe dali morava um rapaz de uma dessas famílias nobres, ele estava sentado na mesa retangular feita de madeira da sala de jantar, na mesma havia seus pais e seu irmão caçula, uma criada servia o café da manhã a família enquanto ela conversava entre si.

- Não se preocupe, meu bem, você não ficará mais sozinho, chamamos um cuidador para você, ele virá hoje, já o conhecemos e acertamos seus horários, assim como o salário. – Sua mãe falou enquanto bebericava o chá em sua xícara de porcelana.

- Obrigado, mamãe.

A mulher de cabelos ruivos e lindos olhos azuis olhou para seu primogênito com um sorriso doce, seu batom estava carimbado na xícara que ela deixara sobre a mesa para degustar de sua comida recém cozinhada com seus talheres de prata. O rapaz no auge de seus vinte e cinco anos, cabelos curtos e lisos que pendiam para o lado eram loiros e os seus olhos eram no mesmo tom dos da matriarca, os fios dourados tinham sido herdados de seu pai, o seu irmão caçula tinha seus cabelos ondulados batendo em seus ombros, eles eram ruivos e seus olhos eram verdes.

Sua família trabalhava como comerciante nas cidades que não tinham sido afetadas pela guerra, as que estavam miseráveis não lhe dariam mais nenhum lucro, eles passavam a maior parte do tempo fora da mansão e o primogênito se sentia sozinho, além de que ele não podia estar em tais condições devido seu corpo debilitado, ele era o único da família que não tinha poderes.

Ele se esforçou para tentar alcançar a manteiga que estava há poucos centímetros de distância, mas suas pernas falhas não o permitiam passar de uma esticada de braço ao seu máximo.

- Senhor Victor, permita-me. – A criada falou deixando-o decepcionado por não ter conseguido fazer algo tão simples como pegar uma manteiga.

A mulher pegou o que ele queria e lhe entregou.

- Tsc. – O patriarca da mesa praguejou chamando atenção, ele tinha um jornal em mãos enquanto comia, sua esposa odiava quando ele fazia isso, mas já tinha reclamado o suficiente e não abriria mais a boca para falar sobre isso.

- O que foi, papai? – O caçula perguntou, curioso.

- É ele de novo, aquele maldito está na cidade de Bagadá agraciando o povo de sua presença.

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⏰ Última atualização: Sep 27, 2021 ⏰

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