ATO 7

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Na boca do mentiroso, até a verdade é suspeita.

     A grande Metrópole tinha um cheiro forte de mofo

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     A grande Metrópole tinha um cheiro forte de mofo. Não que estivesse abandonada mas era evidente que não se via muitas pessoas transitando nas ruas. Pode ser pelo horário em que Cristinne e Emy chegaram lá. O barco se aproximou tanto das margens que deu um forte tranco ao encostar na areia. As garotas ergueram as cabeças o máximo que podiam para poder ver as grandes construções da região. Além de ser muito bem iluminada, com um poste de luz a cada cinco metros, a Metrópole tinha ruas espaçosas onde poucos caros eram visíveis. 

     Muitos dos prédios eram meio tortos e toda a cidade parecia ser projetada dentro dos limites de um grande circulo. Quando as garotas desceram do barco pisaram em uma areia escura, suja e caminharam até onde o asfalto começava. 

     — Você já veio até aqui? — questionou Cristinne.

     — Meu senhor sempre proibiu de vir para a cidade. Suprimentos e outras coisas eu comprava pelas proximidades da fazenda — respondeu com o rosto enrugado de dor. Emy tinha muitos hematomas e já não aguentava mais aquela viagem. Nenhuma sabia onde ficava o hospital mais próximo. 

     — E quando você ficava doente? O que fazia? — Questionou Cristinne.

     — Sempre me curei sozinha. Se eu morresse por alguma doença era problema unicamente meu. Existem muitas outras crianças que podiam me substituir. 

     — Certo, nós vamos ter que perguntar para alguém onde fica o hospital.

     — O que? Quais as chances de isso dar certo? Crianças não ficam sem seus adultos perambulando na cidade grande.

     — E qual o seu plano? — ironizou Cristinne.

     — Não tem plano, garota. Eu já disse que era para me deixar morrer na praia. Eu não sei qual a sua fixação por mim. 

     Enquanto caminhavam, as garotas apertaram um pouco a vista devido a grande claridade dos postes. Fazia um tempo em que permaneceram em lugares escuros como a floresta e a fazenda. Suas vistas ainda não acostumaram com o novo ambiente.

     Cristinne seguiu em frente e entrou em uma calçada com diversas lojas fechadas. Uma das vitrines mostrava um lançamento de televisões de tubo da cor cinza. Uma empilhada em cima da outra, numa pirâmide. Estavam ligadas e em todos os monitores reproduzia a imagem em silhueta do Arquiteto. Não havia adultos pelas redondezas. O silencio era quase dominante se não pelo ronco de velhos carros que passavam. Emy não conseguia seguir o ritmo dos passos de Cristinne, já que seus pés também estavam machucados. Passando por uma viela mal iluminada ambas escutaram barulhos vindo de um grupo de lixeiras enferrujadas. 

     Espiando um pouco além, puderam ver uma criança vasculhando os lixos, quase com seu corpo completamente dentro da lata. Cristinne entrou na viela e foi pedir informações.

Todo Monstro que Há em NósOnde histórias criam vida. Descubra agora