Capítulo 13 - Shirley prevê o futuro

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Pelo que eu saiba, já é o dia seguinte. Não tenho tanta certeza assim porque acho que dormi por bastante tempo. Estava faminta, mas disso eu sabia porque: elas não tinham trazido nem almoço e nem janta para mim no dia anterior. Mas por quê? Enfim, por algum tipo de milagre, não acordei com dor de cabeça, mas sim como dor no pescoço. Dormir sentada não é a melhor coisa do mundo, é horrível na verdade. Acho que deixei a minha cabeça caída durante toda a noite (ou toda a tarde) e acabei com essa merda de dor. Consegui virá-lo para os lados para fazer algum tipo de massagem e consegui ver meus pulsos, estavam roxos. Será que elas queriam que eu perdesse as minhas mãos? Porque é isso o que vai acontecer se eu continuar assim por mais tempo.

Ainda estava na mesma posição desde quando Amy tinha saído dessa sala depois de me dar o café da manhã ontem. Meu estômago ronca só de pensar novamente naquele sanduíche de salmão... É sério, se alguém me pegasse agora iria ver que meu peso estava leve como de uma pena de tão vazia que eu estava. Mais algo de ruim que elas queriam para mim: que eu morresse de fome. O que eu mais queria saber nesse momento é como elas vão descobrir se eu sou ou não uma ameaça para Shirley Graham ou para todas as pacientes daqui.

Entediada, comecei a balançar os pés. Depois de um tempo fazendo isso, acabei os esbarrando em algum objeto, olhei para o chão e vi que era a tesoura que eu tinha deixado cair no chão ontem. Como se isso fosse um mar de sorte, sorri, depois pensei em como eu poderia pegá-la. Bem, minhas mãos estão amarradas, isso é certo, mas... meus pés não estão. Mas como isso me ajuda?

Levantei meu rosto rapidamente ao ouvir o som da porta se abrindo. Não era Amy e nem A Sequestradora. Era o segurança que não tirava a mão do cinto. Quando ele me viu, deu uma risada.

— Meu Deus! — disse ele, tirando as mãos do cinto e passando-as no seu cabelo entupido de gel. — Mas o que que é isso?

— O que você quer? — perguntei irritada.

— Nada, só... parece que eu estou nos Cinquenta tons de cinza. Sabe, aquele filme...

— Eu sei que filme é esse — o interrompi, não queria saber nada daquilo. — Vai me ajudar ou não?

— Eu deveria?

— Acho que sim. Você é o segurança daqui, não é?

Ele me olhou e lambeu os lábios.

— E seu eu não te ajudar, o que você vai fazer?

— Bom, alguma hora alguém vai vir me libertar daqui e, quando essa pessoa fizer isso, irei até a Dra. Hahn e contarei o que você não fez. Isso poderia acabar com a sua carreira, não poderia?

Ele pareceu bufar.

— Espertinha você, Srta. Port, muito espertinha. — Ficou apontando o seu dedo indicador para mim. — Mas ainda não me convenceu. O que você faria?

Dei de ombros.

— Talvez... — parei para pensar — iria obedecer ao senhor todos os dias desde que eu esteja aqui. Caso contrário, pode reclamar de mim quantas vezes quiser para a Dra. Hahn.

Ele pensou por um tempo.

— Ok, tudo bem — disse por fim, caminhando até mim e se ajoelhando para ficar da altura dos meus pulsos, de mim. — Já tinha me convencido desde quando falou sobre a Dra. Hahn pela primeira vez.

— Por quê?

— Você não sabe? Ela já morreu há dois anos.

Fiz cara de choque.

— O quê? — disse, incompreendida. — E quem cuida desse lugar desde então?

— A irmã da Dra. Hahn, a Dra. Barbara.

Quando nós dormimosOnde histórias criam vida. Descubra agora