billie
Mesmo estando com os olhos fechados e mal tendo a noção do tempo, já sabia que eu já estava dormindo há quase uma hora, talvez. Já estava há muito tempo ali, olhando para a escuridão esperando que acontecesse alguma coisa.
Vamos, vamos... apareça, apareça, sussurrava para a minha própria cabeça, tentando cair no sono, mas parecia que isso não iria acontecer tão cedo, não daqui a mais uma hora. Talvez até mais.
Tinha adormecido para encontrar uma pessoa importante cuja qual estava me dando ordens desde quando meu psicólogo havia se jogado de um prédio. A Mulher do Refeitório apareceu na minha vida pela primeira vez no jogo de futebol do meu irmão e seus amigos falsos, tirando Darryl, mas eu já não tinha mais certeza disso. Sentia meus pelos do corpo se arrepiarem só de pensar em como seria a aparência dela... eu iria me assustar? Óbvio que ia, isso já fora comprovado desde a minha primeira paralisia. O que mais estava me incomodando agora era que ela não me "antedesse", pois é, é ela quem me faz dormir todas as noites, eu acho. Se eu não consegui dormir até agora, provavelmente é ela que deve estar fazendo algo para me impedir de cair no sono. Mas por quê? Isso não faz sentido.
Repentinamente, vi uma luz vindo diretamente em meus olhos, que ainda estavam fechados. Não sabia de onde ela poderia estar vindo, tudo parecia um tanto confuso para mim agora. Só sei que essa luz me provocou algum tipo de desconforto, achando que eu iria ficar cega. Do nada, assim como a luz surgindo, apareci em um lugar completamente branco. Não havia nada em nenhum dos meus lados, tudo estava... escuro? Não, espera...
Nada. Não tinha literalmente nada ali. Eu estava sozinha, ninguém estava comigo. Olhava para o chão, podendo ver o meu pijama e os meus pés, que pareciam flutuar no meio daquela luz. Consegui andar, ainda assustada achando que eu poderia começar a cair a qualquer instante, porém isso não aconteceu. Fiquei olhando ao redor para ver se algo iria aparecer e me dizer o que fazer, mas isso só aconteceu cerca de cinco minutos depois, quando olhei para cima (na verdade nem sabia para que direção eu estava realmente olhando) e vi alguma espécie de... anjo?
Ele ou ela estava se aproximando de mim, com suas grandes asas de quase um metro de largura. Havia também uma expressão séria em seu rosto, aposto que essa pessoa (ou seja, lá o que fosse aquilo) nunca sorriu na vida.
O anjo chegou aonde eu estava, onde pousou e finalmente conseguiu abrir um sorriso nos lábios. Este anjo estava brilhando, assim como vampiros brilham em raios de luz de sol em filmes de romance clichê adolescente.
Percebi que era uma mulher.
— Oi — disse eu, sem entender praticamente nada. — Quem é você?
Ela deu de ombros.
— vai saber.
De repente, o anjo curvou as suas costas, mirando a cabeça para o chão. Suas asas quase que bateram em meu rosto quando consegui desviar. O anjo colocou suas mãos sobre a cabeça, começando a gritar de dor. Vi a pele dela mudar de cor, passando para um tipo de cor escura, quase um tom de pele, só que era muito escuro. Suas asas simplesmente secaram como folhas de outono e se quebraram, caindo farelos delas no chão de luz do lugar. A mulher voltou o seu olhar para mim e seus olhos, que antes eram azuis, se passaram para preto e suas pupilas agora eram vermelhas.
Reconheço-a de algum lugar.
— bom te ver novamente, Billie — disse ela, e sorriu.
Parei um pouco para pensar em quem poderia ser ela e porque ela já tinha me visto antes sem eu nem lembrar. Foi daí que eu percebi: era a Mulher do Refeitório.
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Quando nós dormimos
HorrorBillie Port é uma adolescente de 14 anos que tem um transtorno do sono: a paralisia. Com o seu foco em acabar de vez com seus sonhos assustadores, ela vai à consultas de psicologia para amenizar a situação, mas tudo começa a piorar quando sua mãe va...