billie
Ainda estava gritando com todas as minhas forças enquanto os Pesadelos continuavam a correr para cima de mim. Percebi de que eu não estava ajudando a mim mesma gritando daquela forma, começando a tremer por completo até os pés. Minhas mãos estavam gélidas, não conseguia respirar.
Abri os meus olhos lentamente e lá estava ela... a Mulher do Refeitório. Ela estava em pé atrás dos Pesadelos, me encarando como se fosse sua presa. Seu sorriso medonho no rosto ainda continuava ali, fixos em mim. Ela parecia muito feliz vendo a minha desgraça. Estou prestes a morrer, eu sabia disso. Agora eu tenho certeza.
Eles estavam esperando por este momento há muito tempo, sempre aparecendo em minhas paralisias, sempre me provocando medo nos meus pesadelos, e agora eles podem fazer o que eles quiserem comigo: me transformar em um deles. Se é isso que eles querem... não posso recusar, aposto que a Mulher do Refeitório iria dizer algo parecido como "se você recusar, sua família irá correr risco de vida". Merda, eu nunca tenho minha própria escolha!
Todos os Pesadelos pararam na minha frente, me olhando cada um. Não estavam sorrindo, não estavam mais de bocas abertas, o que significava que os gritos também tinham parado. Oh, céus, pensei, pelo menos isso, certo? Fiquei confusa pensando no que eles queriam fazer comigo. Iriam me matar agora de uma vez ou iriam me torturar antes? Que fique a questão.
— O QUE VOCÊS QUEREM? — gritei desesperada, começando a chorar. Dane-se a fraqueza, eu estou com muito medo. Pessoas têm o direito de chorar quando estão com medo, ou aqui é diferente? — O que você quer? — perguntei à Mulher do Refeitório, que começou a fazer algumas coisas estranhas...
Ela fechou os olhos e os mirou para o vazio vermelho que era o "teto" da sala de lava de onde estávamos. Ela abriu os seus braços, como se fosse para receber um abraço, mas não era isso que ela estava fazendo. Ela começou a mexer os seus lábios, sussurrando algumas coisas, até que gritou:
— se trovoadas é o que você quer, é trovoadas que você terá! o espírito dos Pesadelos habitarão em seu corpo e mandarão em todas as suas atitudes que você tomar! o Lorde Soledasep não pede a sua permissão, ele dá a sua permissão!
Soledasep... o nome da minha cidade?
Um raio caiu em cima dela, não soube muito bem de onde ele poderia ter vindo, não tinha nenhum céu aberto ali, apenas vermelho, vermelho e vermelho. E lava também, muita lava. Uma grande nuvem nublada cobriu toda aquela vermelhidão, como se estivesse em um temporal de chuva e ela era quem estava comandando tudo. Seus olhos se abriram, assim como os seus lábios, com aquele sorriso novamente, ainda mirado para o teto... para a nuvem, na verdade.
A nuvem começou a vir na minha direção, flutuando logo acima de mim. Vi os braços da Mulher conduzi-lo, ela estava fazendo muita força porque seus dentes começaram a ranger e a estremecer. Ela começou a gritar de dor, como se estivesse levantando uma grande pedra de 50 quilos.
Não tinha outra escolha. Eles iam me transformar em um deles. Ela ia me transformar em um Pesadelo. Comecei a correr para onde tinha piso, o que não era muito. De vez em quando, olhava para trás e via a grande nuvem me alcançando cada vez mais. A Mulher do Refeitório ainda estava sorrindo, mas não tirava a expressão de força de seu rosto. Os Pesadelos continuavam quietos em seus lugares, sem mexerem nem um músculo.
Até que ela disse.
— peguem-na.
Eles começaram a vir em minha direção, logo abaixo da nuvem. Não estavam correndo, mas estavam andando rápido até demais para conseguirem me pegar. Meus passos foram aumentando de velocidade a cada passo que eles davam. Eles estavam com os olhos fixos em mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando nós dormimos
HorrorBillie Port é uma adolescente de 14 anos que tem um transtorno do sono: a paralisia. Com o seu foco em acabar de vez com seus sonhos assustadores, ela vai à consultas de psicologia para amenizar a situação, mas tudo começa a piorar quando sua mãe va...