8. Aaron

142 28 1
                                    



Eu tinha que beijá-la. Meu corpo todo ansiava por isso.  E mais. Muito mais. A primeira impressão daqueles lábios doces comprimidos sob os meus fez meu cérebro entrar em pane, superaquecido. Ela deixou a bolsa cair e espalmou suas mãos sobre meu peito, então a trouxe para ainda mais perto, movendo os lábios para que os dela se abrissem para mim.

Acariciei seu braço e seu pescoço, para então deslizar o polegar sobre seu queixo, tomando o formato daquele rosto. Nosso beijo foi intensificando e a fome que eu vinha contendo explodiu em uma onda vertiginosa de desejo. Minha língua abria caminho, provocando-a, saboreando-a. Não havia nada de gentil naquele beijo, e eu a queria com todas as fibras de meu ser. Era apaixonado, mais quente do que qualquer coisa que  já experimentara. Eu a beijava como se minha vida dependesse daquilo. Eu nunca experimentara tal necessidade. Minhas mãos passeavam pelo seu corpo , os dedos entrelaçados em seus cabelos, soltando-os.

Nosso beijo foi parando aos poucos. Gabrielle  me olhou com uma expressão torturada, o que fez a porra do meu coração comprimir no peito. Ela estava arrependida? Ela não  gostara do beijo?

- Eu não posso fazer isso. Com você. – Ela ergueu o queixo. – Eu não sou assim. Não sou fácil, Aaron. Não vou simplesmente me jogar na sua cama só porque você quer.

Eu queria arrancar aqueles óculos e agarrá-la, beijá-la até que ela me aceitasse. Beijá-la de novo. Mas, em vez disso, menti admiravelmente:

– Eu a convidei para jantar, Gabrielle, e não para fazer sexo. Essa suíte tem dois quartos. Você não precisa nem me ver se não quiser.

Ela empalideceu e evitou meu olhar.

– Eu preciso trabalhar um pouco. - foi hercúleo o esforço que fiz pra me afastar dela. - Pra compensar a reunião que teria em Miami. Mas não se preocupe,  quando a nevasca passar, me certificarei que você chegue em casa. - ela assentiu.- Você pode escolher qualquer um dos quartos. - apontei pra direção dos quartos. - Eu ficarei trabalhando aqui. - sem esperar sua resposta, sentei na mesa da sala de jantar e abri meu laptop.

Por sorte eu tinha um assistente pessoal muito eficiente.  A reunião que eu teria em Miami pôde ser feita por videoconferência pela agilidade em resolver problemas de Ian Cobalt. A todo momento meus olhos corriam para a porta fechada do quarto que Gabrielle escolhera. Quando finalmente encerrei a reunião, levantei-me e fui até a porta do quarto dela. Queria vê-la, mas me contive.

Achei-me um tolo completo, mas não saí dali por longos minutos. Fiquei tentando imaginar o que aquela mulher linda com os lábios mais doces que já provei na vida estaria fazendo. Leves batidas na porta me tiraram dos meus devaneios.

Ao abrir, deparei-me com o mensageiro que trazia três sacolas de uma grife renomada . Agradeci com uma gorjeta e ele saiu. Lembrei-me que tinha pedido ao Ian para encomendar coisas para Gabrielle já que ela não tinha mala nenhuma e, provavelmente,  só tinha pra vestir as roupas do corpo.

Escrevi um bilhete e bati na porta, mas a resposta foi o silêncio. Repeti. Nada. Senti meu sangue congelar. Ela se fora? Não. Não tinha como passar por mim sem que eu tivesse percebido. Girei a maçaneta da porta e abri.  Então eu a vi deitada na cana, completamente adormecida. Meu coração voltou a bater.

Ela estava vestida com o roupão do hotel. Seus cabelos espalhados pelo travesseiro. Ressonava baixinho  com a boca levemente aberta. Mais linda, impossível. Rangi os dentes para conter a luxúria que teimava em querer me dominar. Eu queria começar beijando aquele pezinho que fugia de debaixo das cobertas e depois beijar cada parte do seu corpo tentador. Mas deixei as sacolas no lado oposto em que ela estava da cama e fui para o meu quarto, fugindo antes que eu cometesse uma loucura.

Tomei um banho para aplacar meu desejo e coloquei uma roupa limpa. Fui pra sala da suíte e esperei por ela. Aproveitei para ler alguns documentos que Ian havia me enviado por e-mails. Depois  de pouco mais de uma hora, a porta se abriu e eu a vi. Gabrielle apareceu com um vestido preto de mangas compridas  na altura dos joelhos que lhe moldavam as curvas. Sapatos pretos e altos. Levantei-me, extasiado e fui até ela. Ela tinha um sorriso contido, como se não estivesse a vontade. Ergui  a mão e retirei os cabelos do ombro dela, expondo o pescoço.

- Não sei se é a roupa adequada para o lugar que vamos. - disse passando as mãos no vestido.  Ela estava tímida.

- Você está perfeita.

Sem conseguir me conter inclinei-me e beijei delicadamente a pele macia abaixo da orelha dela. Gabrielle estremeceu imediatamente e seu quadril moveu-se contra mim. Então envolvi  sua cintura  com o braço, trazendo-a para mais perto. A respiração dela estava entrecortada. Comecei  a acariciar seu cabelo pela nuca. Gabrielle ficou com um adorável tom de vermelho nas faces quando sentiu minha ereção em sua barriga . Sorri. Há muito tempo não lidava com uma mulher tão tímida.  Apertei-a mais contra  mim e pude sentir os bicos rijos de seus seios. Meus olhos automaticamente foram em direção a eles. Ah, como eu queria chupá-los, mordê-los e lambê-los.

– Aaron... - foi quase um gemido e meu pau mexeu ainda mais em sua  direção.

Ergui  os olhos, deparando-me com seus olhos brilhantes em tons de verdes.

– Hum?

– Eu passar a noite aqui... Não significa que vou dormir com você... – Ela mordeu o lábio sem se dar conta do quanto isso é sexy pra caralho. – Não estou dizendo que não quero, só que as coisas não são assim. Digo... Não vou dormir com você como uma espécie de pagamento. Preferiria ficar em um hotel que eu pudesse pagar ou algo assim. - ela começou a tagarelar, notoriamente nervosa.

Toquei em seu queixo. Ela iria dormir comigo. Eu sabia disso e tinha certeza que ela também sabia.

– Acho que você já deixou suas intenções claras e eu as respeito. Em primeiro lugar, você não vai ficar em um outro hotel ou algo do tipo. Em segundo, não espero que durma comigo para me pagar pelo quarto. Se você dormir comigo, será por escolha própria. Somos dois adultos, Gabrielle, e não temos nenhum compromisso. Somos livres para fazer o que quiser... - então uma possibilidade se abriu diante de mim e eu pedi  aos céus com todas as forças que não fosse verdade. - A não ser que você seja comprometida.

- Não. - ela respondeu prontamente acalmando meu coração. - Se eu tivesse alguém jamais teria deixado você me beijar.

- Então nada nos impede.

– Sim, mas depois de hoje não nos veremos mais... Não tenho aventuras de uma noite só. Nós mal nos conhecemos.

Inclinei-me e dei um beijo no canto daqueles lábios suculentos. Pude senti-la cedendo contra meu corpo.

– Eu já sei mais sobre você do que sei sobre meu próprio assistente. E tenha certeza que não conseguiremos um voo pelos próximos dois dias. Então seriam duas noites. E quer saber de uma coisa? - sorri. - Você pensa demais. Amanhã ainda está bem longe. Temos esta noite e isso é tudo que importa por enquanto. - afastei-me um pouco dela e estendi minha mão. - Venha, vamos jantar.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora