O toque gélido de um ser nefasto envolveu Olívia em uma armadilha espiral de pensamentos desconexos e perturbadores que tencionava arrancá-la daquela que era a mais acalentadora das escuridões.
O fluxo confuso de sons rastejou sobre sua pele, imobilizando-a agilmente com sua dança funesta de possibilidades perdidas, sussurros misteriosos de futuros que jamais seriam vistos ou vividos.
Percebendo os artifícios empregados pelo ser sombrio, Olívia buscou se livrar de seu domínio com destreza, mas obteve tanto sucesso quanto a imediata desistência poderia ter lhe concedido. As palavras malditas já começavam a se aventurar sob sua pele, injetadas pelas garras da criatura.
Olhe para mim, ordenou ela.
Olívia sentiu os ossos ondularem com o comando, mas manteve os olhos firmemente fechados. Ela não podia desistir da escuridão assim tão fácil. Não reconheceria a existência do ser sobrenatural que pairava sobre si, desejava permanecer fiel à sua adorada até o fim.
Ela resistiu enquanto amarras apertaram seus pulsos e algo pesado foi atado às suas panturrilhas. Ela continuou lutando com suas poucas forças remanescentes enquanto todas aquelas coisas impronunciáveis tomavam conta de sua mente.
O tempo passava. O caminho para a liberdade se alongava. O chamado da coisa ficava mais forte, irresistível. Olívia podia sentir que não havia mais esperança para ela. Havia demorado demais para se livrar do monstro.
E se... pensou, enquanto abria os olhos.
E foi engolida.