Capítulo 1 parte 1
A ligacaoTerminal Rodoviário Nevsehir Turquia,Não era exatamente o lugar em que Seher kirimli desejaria estar naquele momento com o sobrinho pequeno , Sentada ao lado da janela,
tentava se habituar a ideia de passar a noite no banco duro da sala de espera, na companhia
irritante do funcionário de plantão. As paredes descascadas a deprimiam, e já havia
memorizado cada detalhe da única decoração do recinto, um cartaz desbotado da ponte de Bosforo de Istambul.Levantou-se para distender os músculos entorpecidos pelo peso de manter Yusuf em seu colo. Seher tinha lagrimas nos olhos .
“Bem, pelo menos o tempo parece ter
melhorado”, pensou. Deixando o pequeno sobrinho deitado no banco . Foi até a janela, e ficou olhando pensativa a rua deserta. A luz de neon atravessava os vidros sujos, e iluminava as poças em que as gotas de chuva caíam tristemente. Assim como sua vida .
Seher permanecia muda. Incapaz de falar ou pensar. Desde que havia atirado em Yaman , sua mente se fechara. Como em defesa própria, o cérebro se recusava a deixá-la pensar ou mesmo avaliar o que estava por vir. Continuava em pé olhando pela janela na mesma posição e num silêncio absoluto, esperando. Apenas esperando.
Por quanto tempo não importava; o estado de suas roupas e aquele frio gelado endurecendo-lhe os membros também não importavam.
Yaman. Seher engoliu em seco ao lembrar-se de sua última visão de Yaman caindo no chão com o peito ensangüentado.- Parece que a tempestade passou, não é, moça?
A voz do funcionário a sobressaltou. Mas que homenzinho insistente! Desde que ela descera
do ônibus, havia uma hora, ele procurava descobrir-lhe a identidade, e o que poderia estar fazendo ali aquela hora com uma crianca . Seher deu outra espiada pela janela e nao viu ninguem a sua procura.
- Está visitando algum parente? Se precisar, nós temos um telefone.
- Não, obrigada, vou apenas esperar. – Com um suspiro, ela voltou para a banco duro
- Eu conheço quase todo mundo aqui, e ninguém avisou que estava esperando alguém.
Realmente, ele não iria desistir tão cedo. Acomodando-se melhor no assento, Seher fechou os olhos e fingiu dormir. Vendo-se ignorado, o homem retirou-se para a sala dos fundos. Seher tentava raciocinar. 5 liras e dezessete cents. Era tudo o que lhe restava na bolsa;
com tão pouco dinheiro, não poderia ter nem sequer uma refeição decente , e muito menos
um quarto de hotel onde pudesse dormir com o sobrinho por uma noite. Afligiu ela .Pensou em seu cunhado Zhya, que deixara no hospital em Izmir e que deveria estar recebendo sua visita pela manhã . Ele com certeza ficaria preocupado com a ausência deles. Na pressa da fuga, não houvera tempo para pensar em nada . Nem mesmo roupas suficientes trouxera! Ainda usava o vestido preto , na qual fugira , deixando para trás o marido baleado e ferido. Allah, como pude? Como ele está ? Será que ele está morto ? Seher fechou os olhos verdes com forca e foi procurar o funcionário em busca de um telefone.