9. Gabi

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Quando Aaron me beijou,  meu estômago revirou. Eu o queria. Era quase uma necessidade. Uma sirene soou em minha cabeça, mas a ignorei. Correspondi ao beijo dando um passo em direção ao aterrorizante e emocionante desconhecido. Ordenei à minha mente para que eu parasse de pensar em me entregar a Aaron Jordan, aquele homem que simplesmente virara meu mundo do avesso em tão pouco tempo. Meu Deus, pouco tempo é eufemismo. Mas um pouco do equilíbrio retornou quando terminou nosso beijo. A imagem de Ian veio com tudo. E com ele toda a devastação da minha alma. Então eu me afastei. Aaron fez o mesmo e a sensação de vazio tomou conta de mim.

Entrei naquele quarto e aquela sensação não me abandonou. Fui ao banheiro e molhei meu rosto.

Estou ficando louca.

Eu o quero como uma desvairada. Nunca me senti assim. Nem com Ian. Tirei minha roupa e resolvi tomar um banho. Numa tentativa falha de recuperar o equilíbrio. O banho quente foi reconfortante. Vesti o roupão do hotel e sequei o cabelo com o secador. Antes que meu cabelo estivesse completamente seco, meu celular começou sua histeria. Esqueci completamente  da minha mãe. Tinha certeza que era ela. Eu sempre tinha que ligar avisando que chegara bem.

- Oi, rainha absoluta do meu coração.

- Não me venha com isso, Gabrielle Durand. Você não me ligou e sabe como fico preocupada.

- Desculpe, amor da minha vida. Houve um problema e precisei resolver antes de ligar.

-Problema ? - foi tão estridente que precisei tirar o telefone do ouvido. - Gabi, você está bem? Alguém te fez mal? A mamãe e o papai precisam ir até você? Oh, Deus, que pergunta tola. Claro que sim. OLIVER!!!- Ela começou a gritar por meu pai.

Meu Deus, essa família não é normal.

- Mãe, pelo amor de Deus, acalme-se e me deixe explicar.

Mas minha mãe não me escutava e continuava a gritar por meu pai. Eu entendia, claro, depois do acidente, eles ficaram um tanto paranoicos. Papai pagou o celular de minha mãe.

- Filha, o que houve?  - Meu pai era mais contido, mas senti o nervosismo em sua voz.

- Nada de grave, pai. - tentei tranquilizá-lo.- Apenas o voo não pôde continuar até Miami devido ao clima. Estou num hotel na Virgínia e só retorno quando o clima melhorar.

- Céus,  graças a Deus. Acalme-se, Ana. - ouvi-o falar com mamãe e explicar tudo o que eu havia dito. - Certo,  filha. Você  precisa  que eu mande dinheiro para pagar o hotel?

- Não se preocupe, pai, a companhia aérea  fez questão de cobrir os custos.- foi uma mentirinha leve, mas eu não podia dizer que Aaron Jordan quem estava pagando as contas e que estávamos no mesmo quarto de hotel.

- Qualquer coisa ligue. - ouvi minha mãe pedindo insistentemente o celular de volta.- O papai te ama.

- Je t'aime aussi, papa. - falei que também o amava em francês. Meu pai adorava quando falávamos sua língua materna.

- Prends soin de toi, mon ange. (Cuide-se, meu anjo)

- Por que você não me disse logo, Gabrielle? - a voz alta me fez novamente tirar o fone do ouvido. - Agora fica me enlouquecendo com esse suspense.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora