Blood Feud [PT-BR]

Um Encontro

Eiji não estava de bom humor.

Isso não importava, é claro. Seu humor jamais deveria afetar seu desempenho, como diria seu tio. E se Fuyuki Takahashi diz algo, você obedece. Sem fazer perguntas.

Especialmente quando Fuyuki Takahashi é o chefe de operações da mais temida máfia de todo o continente. E ainda mais quando Fuyuki Takahashi é... bem... seu tio. Seu tio muito ambicioso, Eiji gostaria de ressaltar, e quem o havia criado para ser a única esperança para Kurokai Hana. O melhor lutador. O mais destemido dos soldados. Um futuro líder de sangue frio, feroz e estratégico — se tudo corresse conforme o planejado.

E Eiji sabia muito bem, tudo precisava correr conforme o planejado.

Portanto, maus humores não eram permitidos enquanto Eiji caminhava cautelosamente pelo banco deserto no meio da madrugada, o tecido de seu kimono balançando com suavidade atrás de si como uma recordação silenciosa do da brisa fria que vinha do lado de fora. Como uma recordação de que ainda havia um "lado de fora". Pessoas observando. O departamento policial havia mantido quaisquer ações da Kurokai Hana sob intensa vigilância nos últimos dias. Nada era seguro.

Eiji precisava obter sucesso.

E ele iria obter sucesso.

Ele respirou profundamente enquanto adentrou o corredor dos cofres subterrâneos. Cofres de altíssima linha, é claro: pilhas de dinheiro, tesouros e luxo sendo mantidas em segurança por portas de aço, milhares de alarmes e senhas sofisticadas.

De fato, não era uma tarefa simples, mas definitivamente não era o desafio mais difícil que Eiji já enfrentara.

Certo. Seja objetivo. Seja rápido. Não leve tempo demais. Só pegue a Urumi e vá embora.

Ele estreitou os olhos enquanto olhava ao redor, contando os cofres no corredor a sua frente em profundo silêncio. Eiji não era tolo, havia mapeado os túneis subterrâneos do banco semanas antes da operação acontecer. Ele sabia exatamente o que precisava fazer.

Exatamente como seu tio queria.

Ele caminhou em direção ao cofre em questão — quinta porta no corredor esquerdo — e encarou a tranca por um momento. Aquela parte era arriscada, Eiji tinha noção disso, mas também não tinha muita escolha. Era um cofre de última linha, afinal. Os ricos sempre fariam questão de ir até o fim para proteger suas maletas repletas de joias e outros luxos estúpidos, como Eiji aprenderia ainda muito cedo em sua vida. Dito isso, aquele cadeado não era simples de arrombar. Milhares de números para escolher, intermináveis possibilidades matemáticas e a possibilidade muito provável de um sistema de defesa que faria soar um alarme, revelando a posição de Eiji para todos do departamento de segurança... Não, ele preferia não arriscar.

Suas mãos deslizaram para o cabo da fiel katana em seu cinto, desembainhando a arma favorita e pondo-a na posição apropriada. Eiji nunca errava. Se precisasse denominar algo no que confiava cegamente, seria isso. Ele nunca errava um golpe de katana.

Eiji deu um passo para dentro do cofre, correndo os olhos cuidadosamente pelo espaço pequeno. A espada deveria estar ali em um lugar claro, em destaque, posicionada sobre um suporte de aparência sóbria, conforme havia estudado.

No entanto, ela não estava.

Eiji hesitou, apertando as mãos em torno da katana com mais força.

O único objeto naquele cofre deveria ser a Urumi. Era esse o único propósito de tantas medidas de segurança ao redor da porta, certo?

Então por que a única coisa jazendo sobre o suporte, à luz esparsa do cofre... era uma longa tábua de madeira?

Ele ouviu um breve ruído de dentro do cômodo — um "clique" abafado vindo de um canto um tanto distante. Um sinal de alerta cruzou a visão de Eiji, ao passo em que ele saltou para uma posição defensiva, seu antebraço pressionando o corpo estranho contra a parede mais próxima antes de sequer perceber quem estava ali.