Capítulo 1

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• A cereja do bolo •

Uma sociedade pateticamente vulgar, banhada por luxúria e desejos carnais insaciáveis. Tudo que o ser humano pensa e faz, gira em volta da carne, o que já era o esperado de animais.

Obito Uchiha odiava tudo isso, evitava sair para qualquer lugar em que essas pessoas detestáveis fossem apenas para ir ao encontro de pessoas para sexo. Ir ao encontro de mulheres e escolher elas como se fossem um produto. Nojento.

Mas nem sempre vivemos do jeito que pensamos ser certo, e em algum momento temos que sair de nossa zona de conforto e fazer o mesmo que outros de nossa especie. Infelizmente.

Obito entrou no ensino médio, fez amigos e foi arrastado para festas junto com eles, curtiu a dança, as músicas, as bebidas, e tudo mais. Mas faltava algo. Ele não gostava das mulheres.

Seus amigos o empurravam para uma diferente sempre que podiam, e tinha que fingir defeitos pra não ficar com elas.

Passou dois anos da sua vida achando que tinha algo errado consigo, talvez apenas não quisesse ser usado como seus colegas sempre foram.

Só que algo mudou.

No dia 05 de fevereiro de 2024, Obito começaria seu terceiro ano no ensino médio com seus 18 anos, e em uma escola nova. Escola nova, logo no seu ultimo ano era mesmo um pesadelo.

O sinal tocou, o inferno começaria. O Uchiha foi para sua sala, com seus fones no ultimo volume e uma vontade imensa de estar em casa dormindo. Sentou-se na ultima carteira da primeira fila, jogou a mochila encima da mesa e escorou a cabeça na parede. Dormiria ali mesmo se fosse preciso.

Respirou fundo umas três vezes antes que a sala começasse a encher, e aos poucos os alunos foram aparecendo. Vários grupos soltando diversas risadas como se aquele dia estivesse maravilhoso, e lembrou que poderia ser ele com seus antigos amigos. Ficou com raiva.

Fechou os olhos até que tudo ficasse em silencio, mas ouviu algo bater em sua mesa logo em seguida.

– Escola errada. – Obito ficou surpreso, abriu os olhos devagar e encarou os olhos azuis que olhavam para si. Um garoto loiro, lindo.

Antes de qualquer palavra, tirou um dos fones e arrumou sua postura, ficando cara a cara com o menino.

– Qual o problema? – Perguntou, sem esboçar sorriso algum.

– O problema é que essa escola é pra estudantes e não delinquentes defeituosos. Você vai estragar a imagem da nossa escola. – Agora, soltou um sorriso, voltando a encostar suas costas na cadeira. Inacreditável, um garoto tão lindo sendo tão sem noção.

– Eu não vou te responder, loirinho. – O garoto parecia indignado.

– Sinceramente, é um absurdo que pessoas como você possam entrar nessa escola. Mas eu vou ficar bem aqui, pra garantir que você não faça nenhuma besteira. – Obito deu de ombros, observando atentamente cada movimento do loiro, que se sentou na mesa à sua frente.

O Uchiha riu, aquele garoto não parecia ter idade pra estar no terceiro ano, seu tamanho não combinava com sua idade. Mas adorou aquele temperamento, sentiu vontade de ter mais daquilo.

Voltou a colocar seus fones e viu a professora começar a aula. Não daria a mínima.

O loiro não falava nada. Deidara. A ultima coisa que ouviu ele falar foi "presente" na chamada.

No recreio, viu que Deidara estava com um garoto, que também tinha cabelos longos, mas moreno. Eles pareciam bem próximos. Aquele garoto foi o único que trocou alguma palavra consigo, então estava cuidando da vida dele. Tinha que arrumar um passatempo mesmo.

De volta na aula, Deidara virava para trás várias vezes verificar seu desempenho. Era engraçado e Obito passou a semana ansioso por cada vez que pudesse admirar aquele rostinho.

Uma, duas, três semanas se passaram, e só então o loiro trocou algumas palavras a mais consigo.

Quatro semanas, Deidara apareceu com um óculos de sol na sala. Estava chovendo. Obito já estava obcecado por seus olhos azuis, e não aguentaria passar um dia sem ver eles.

O Uchiha iria perguntar. Só esperaria a hora certa. A "hora certa" seria quando o loiro virasse para trás.

Mas ele não virou. A semana passou e nada. Aquilo deixou Obito com um vazio imenso no peito, só queria ouvir a voz dele de novo, estranhamente.

Decidiu esquecer.

Uma festa, depois de mais de um mês estudando ali, finalmente tinham o convidado para uma festa. Poderia ser um começo.

– E aí, você vai? – Deidara estava virado para si, sem sorrir, apenas olhando para o fundo da sala jogando palavras ao vento. Seu coração palpitou.

– Acho que vou. – Quase que sua voz falha. Foi por pouco.

– Que bom. Vou ver se Itachi me deixa ir.

– Itachi? – Realmente estava curioso, já tinha escutado aquele nome pelos corredores.

– Ele é meu... – O loiro olhou em volta, e se aproximou um pouco mais de Obito. – Acho que é meu namorado, a gente não oficializou nada ainda.

Por um instante, o moreno sentiu que seu coração sairia pela boca. Uma angústia repentina surgiu em seu peito e sua vontade era de... ele não sabia qual sua vontade, nem ao menos sabia o que se passava em seu coração.

– Entendi. – Foi o que conseguiu dizer antes do sinal tocar e ver o garoto guardar seu material. Outra sexta-feira de duvidas.

O Uchiha não havia mais questionado sobre não gostar de mulheres, parecia normal. Mas talvez pudesse gostar de... não, Deidara apenas foi o único com quem conversou, não havia nada de mais.

Seu peito parecia querer explodir. O que era aquilo que estava sentindo?

Talvez tivesse respostas no dia seguinte. O dia da festa.

• A cereja do bolo •

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⏰ Última atualização: Feb 12 ⏰

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