Estava ansiosa e um tanto arrependida. Uma parte de si, insistia em continuar guardando um sentimento de anos atrás, a outra, pensava ter feito a coisa certa. O medo parecia acelerar seu coração e as mãos trêmulas revelava o nervosismo. Ela tinha que tomar coragem, sabia disso, era uma conversa que era para ter tido, talvez, a algum tempo atrás, antes de terminarem as aulas, antes de ele ir embora. Tirar uma dúvida que deixou seu coração preso a tal sentimento. Ela gostava dele desde a sexta série, ficou presa com isso por dez anos. Viu-o namorar e tudo, mas não conseguiu seguir.Seus olhos ficam perdidos no rio tentando encontrar palavras para colocar tudo para fora. Na água, enquanto pensava, ela via toda a sua vida passar. "Eu Gostei de você" diz sentindo uma dor na barriga pelo nervosismo. Ele, ao seu lado, permaneceu calado, dando-a chance de continuar.'' Gostei daquele menino engraçado que foi, carinhoso e sempre sorridente, me apaixonei pelas trocas de olhares, pela primeira vez senti um choque" desabafa.
" Confesso que não liguei muito, pensei que passaria rápido, mas não passou. Foi tantas trocas de olhares que penso se foi coisa da minha cabeça. Quando ia buscar minha irmã junto da minha mãe e o encontrava na porta de sua casa, olhava-o e pensava que fazia o mesmo. Imaginei diversas vezes que gostava de mim" sente seus olhos marejarem. " Sonhei que me pedia em namoro e ficava feliz. Ouvia músicas pensando em vários momentos que passei com você, nem era grande coisa, mas para mim, foi." o vento balança seus cabelos enquanto ela move os braços apoiados no corrimão da ponte.
" Juro que até o final da sexta série pensei que gostava de mim, mas a sétima me pegou de surpresa. Me aproximei de uma menina que descobri depois, conhecia você. Entregou-a uma borracha para segurar enquanto ia jogar bola mais os meninos. Pediu-a um lápis de cor emprestado.ate aí tudo bem. Contudo,já no final da sétima série enquanto voltava para casa com ela, descobri que quando estudavam no antigo colégio, você sempre perguntava dela para a mãe. Quis desistir naquele momento. Julguei que gostava dela. Achei que ela gostava de você, porém, não tinha certezas." Sente como se estivesse carregando um peso nos ombros.
" Mais desencadearam tantos momentos que me fez pensar que gostava de mim. Lembro quando, na sexta série, falava comigo às vezes. Eu pensava gostar de outro menino. Mas fiquei triste por não falar comigo naquele dia. Abaixei a cabeça e sem querer esbarrou em minha mesa, fui ver quem era e você sorriu, não percebi na hora mais fique feliz com o seu sorriso. Quando você segurou a minha mão minhas colegas fizeram uma brincadeira 'Deus me livre' disse sendo que era exatamente o que eu gostaria que você tivesse feito. Quando me deu oi quando estava saindo do colégio" " Entretanto, tudo mudou da oitava série para a nona" fala a última frase arrastada.
" Não tinha mais tantas esperanças que gostava de me. Contudo, ainda queria tentar. Comecei a suspeitar que ela realmente gostava de você. Quando tive a certeza, já no nono ano, devido a algo que aconteceu. O modo como eu o vi trata-la, me fez pensar que eu estava estragando. Talvez esse conto de fadas não seja para mim. Pensei, mas doía tanto aceitar" sente sua voz embargar" eu…" Ele tenta falar mais ela interrompe. "Preciso tirar isso de mim" ele assentiu.
"Mesmo sabendo que podia estar atrapalhando eu ainda gostava de você. Queria sua atenção. Porém, comparado a ela, eu não era bonita. Como poderia gostar de mim? O último ano terminou com você totalmente afastado de mim. Não falava mais comigo." Fecha os olhos." No primeiro ano do ensino médio você não estava no mesmo colégio que nós. Quando estávamos voltando da escola e passamos enfrente a sua casa você chamou o nome dela. Sorrir" Apenas o nome dela" sente suas lágrima escorrer." Não imagina o quanto doeu, não sabe o quanto machucou lembrar daquilo. Quando encontrava você sozinho na rua, não olhava mais para mim. Eu sentia a sua falta. Falta do pouco que tive." As lágrimas escorrem enquanto ela vai sentindo o alívio de tirar tudo que estava guardado.
" Começou a namorar e quando eu vi você e a menina, pensei; ela é mais bonita que eu. Achava seu sorriso bonito, mesmo você não sendo. Pensei que namoraria a minha colega mais não o fez. Com o tempo eu mal conseguia vê-lo na rua. Sabia que era errado desejar isso quando estava namorando, mas não conseguir deixar de fazer tal coisa." Envolve o corpo. Não teria revelado seus sentimentos se não fosse comentário de alguns conhecidos que estava espalhando.
" Quer um casaco?" Ela nega. " Tentei não gostar mais de você. Também não conseguir. Guardei isso por tanto tempo, chorei tantas vezes só para saber se em algum momento gostou de mim. Quando o via na rua e julgava que seguiu em frente, ou seja, que se em algum momento gostou de mim não gostava mais pensei que era hora de dizer Adeus também! Me perguntava porque eu não conseguia dizer... Era porque não me sentia pronta para o adeus. Eu, não queria dizer Adeus. Por isso quero saber se gostou de mim alguma vez" encara seus olhos pela primeira vez naquela noite. Ele nega" sinto muito." Ela sente a dor dilacerar seu coração e chora. "Só precisava saber disso para me libertar, obrigada." Se vira e começa a caminhar." Então Isso é um Adeus?" Ela se volta e sorrir. Um sorriso dolorido, mas Finalmente estaria livre desse sentimento." Acho que isso é um Adeus.
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Curtas- Histórias
Randomaqui contém pequenas histórias que serve mais para desenvolver o diálogo dos personagens e transmitir alguns sentimentos que muitas vezes passam pelas pessoas.