Biologia e história

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Jotaro era o tipo de pessoa que perdia o rumo de um pensamento importante quando alguém fazia qualquer tipo de ruído, por isso, nunca gostou de pessoas barulhentas nem barulhos altos. Isso desestabilizava a calma e paz que a mente dele sempre estava tentando entrar

Pensamentos de todos os tipos rondavam sua mente ao mesmo tempo e ter um monte de garotas correndo atrás de si e implorando por sua atenção era, além de enjoativo, irritante e o deixava com dor de cabeça. Gritar com elas era a única opção para afastá-las por pelo menos um dia

Ele queria apenas passar um dia lendo um livro sobre animais marinhos que achou por acaso na biblioteca da cidade, almoçar apenas ouvindo as pessoas conversarem bem longe de si e ter que passar por aulas chatas sem ninguém cutucando seu ombro lhe dando cartas e mensagens de amor irracional. Kujo só queria um dia onde ninguém desordenasse seus pensamentos sobre seus problemas pessoais. E por sorte - ou azar - este dia chegou, prova de história do segundo semestre para o primeiro ano do colegial

A garota sempre foi muito calada, não porque era tímida ou não conseguia socializar com ninguém, na verdade, ela preferia o próprio silêncio. Gostava de ouvir os amigos conversarem ao seu lado enquanto lia um livro, lançava frases soltas uma vez ou outra quando achava o assunto minimamente interessante. Gostava de ouvir, mas gostava ainda mais quando o silêncio de uma prova invadia seus tímpanos e criava um vácuo mudo

Assim que o sinal bateu indicando o término da primeira meia hora de prova, alguns alunos suspiraram e começaram a guardar suas coisas nas bolsas, as provas respondidas sendo colocadas na mesa do professor assim que o aluno anterior saía. A morena passou a alça da bolsa lateral pela cabeça e se levantou ao mesmo tempo que um garoto da sua turma. Kujo Jotaro, ou Jojo, como todas as meninas saiam gritando pela escola

- Pode sair primeiro. - O mais alto falou assim que a outra fez menção de se sentar e esperar mais um pouco, ele segurava a prova delicadamente, a olhando com um rosto neutro

- Obrigada. - Murmurou fazendo uma rápida reverência com a cabeça, se virou para a frente e começou a andar até o professor

Se curvou para o homem enquanto colocava a prova na mesa e saiu, fechou a porta lateral, parando ali para ajeitar sua saia longa e arrumar a bolsa, ficando parada só por alguns segundos

- Ei, pode sair da frente? - Kujo pergunta olhando-a de cima. Ela era considerada alta com um metro e setenta, mas comparado àqueles um e noventa e cinco, a garota finalmente sabia como suas amigas se sentiam quando estavam ao seu lado

A mais baixa se assusta e logo se coloca ao lado da porta, olhou bem nos olhos dele e colocou a mão no peito tentando ajustar a respiração um tanto desestabilizada

- Desculpe... - Falou ajeitando a bolsa no corpo e seguindo até os portões da escola, sem olhar para ele

Jotaro viu suas costas saindo do seu campo de visão. O que era aquilo? Ela não iria entregar alguma carta de amor nem pedir para ser acompanhada até a saída? O maior simplesmente achou aquilo normal de mais. Era sexta e todas as atividades da tarde foram suspensas por causa da prova, então não tinha sentido ficar na escola. Ele seguiu até a saída que era mais perto da sua casa, percebendo uma nuca conhecida no meio de alguns alunos aleatórios. Se forçou no meio deles e acompanhou seus passos, ficando mais ou menos dois metros de distância dela

Com o passar do tempo os alunos estavam seguindo caminhos diferentes, dobrando esquinas ou atravessando ruas, parando em pontos de ônibus ou entrando em estações de metrô ou trem. Mas aqueles dois seguiram calados pelo mesmo caminho, virando e atravessando os mesmos lugares. Jotaro estava ficando intrigado com a presença alheia. Como ela morava no mesmo bairro? Provavelmente mora na mesma rua... Como nunca a viu na vida?

Dia silencioso (Imagine Kujo Jotaro)Onde histórias criam vida. Descubra agora