Capítulo 4

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Leva alguns minutos para que as coisas se normalizem, mas quando ocorre, estou à beira de um colapso

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Leva alguns minutos para que as coisas se normalizem, mas quando ocorre, estou à beira de um colapso.

Às doze horas sou finalmente liberado, então subo as escadas correndo e mergulho dentro da banheira gelada, deixando a confusão correr por minhas veias e imaginando-a se dispersar como bolhas sobre a água.

A mansão foi revistada de cima a baixo, mas não a encontraram. Não sei dizer se fico assustado ou aliviado com a notícia.

Para falar a verdade, me sinto tão vazio quanto uma concha. Deito na cama com a esperança de fechar os olhos, abri-los, e descobrir que tudo aquilo, desde o início, não passou de um sonho louco.

Isso não acontece e, ao invés disso, sou saudado por uma série de pesadelos que me causam sobressaltos.

Em um deles, estou afundando no mar.

Tento, desesperado, voltar para a superfície. O gosto salgado da água rapidamente se instala em minha boca, em minha garganta. Sinto a perfurar meus pulmões e grito, mas apenas bolhas escapam de meus lábios.

No turbilhão de pensamentos que me ocorre, o único claro o suficiente é este: eu vou morrer.

Vou morrer porque fui burro. Porque sou um traidor.
Burro, burro, traidor.

Luto para respirar, batendo os pés freneticamente na água. Tento me lembrar de como se nada, de como devo bater os braços e me impulsionar para cima, para o ar, mas sempre que tento, sou arrastado de volta para baixo.

Me sinto em câmera lenta. Em uma dolorosa e desesperadora câmera lenta. Minha cabeça está girando; os pensamentos flutuando para cima, para longe.

Então eu a vejo: O cabelo prateado flutuando e os olhos verdes brilhando incandescentes. Ela começa a falar e, surpreendentemente, entendo perfeitamente o que diz:

— Por você, renunciei o oceano. Por você abandonei quem sou, mas mesmo assim, me lançou em um mar de mentiras.

Aos poucos, ela se dissolve em espuma. Eu, involuntariamente, a inspiro para meus pulmões. Quando o faço, sinto-a espremê-los como um limão. Está me matando aos poucos.

Acordo gritando. Debaixo de mim, meus lençóis bagunçados estão encharcados, e meu cabelo gruda na testa.  Tento me acalmar e respirar fundo.

Um, dois… três…

Arregalo os olhos. As cortinas estão abertas e o cômodo cheira ao mar. Rapidamente, salto da cama.

Ela esteve ali.

Saio correndo, sem me preocupar com a forma em que estou vestido. Dane-se o pijama. Ela estava ali, e não estava contente. Talvez se eu a encontrasse... não tenho tempo para pensar. Preciso chegar até a praia.

A única iluminação presente é fornecida pelo brilho prateado da lua e das estrelas, mas facilmente a enxergo

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A única iluminação presente é fornecida pelo brilho prateado da lua e das estrelas, mas facilmente a enxergo. É impossível não percebê-la ali, ajoelhada próxima a água, a cabeça entre os joelhos.

— Coral! — derrapo pela areia enquanto tento alcançá-la. Penso em mil pedidos de desculpas, em mil formas de recompensá-la.

— Volte para casa, Oscar. — Meu estômago despenca.

— Eu tentei te procurar. Tentei te avisar para não vir…

— Vá para casa — há um certo tom de urgência em sua voz, mas eu o ignoro.

— Me desculpe, eu… — então ela avança, a lâmina brilhando em mãos. O susto me faz cair na areia molhada.

— Coral?
— Tudo o que eu precisava para não morrer era de seu coração — está soluçando. Lágrimas prateadas correm por seu rosto redondo.

Ao longe, outras figuras se materializam na água. Não consigo ver seus rostos, mas sei o que são: sereias. São duas, e parecem rir.

— Mate-o — uma delas cantarola.
— Precisa do coração dele, de uma forma ou de outra — explica a outra.

Me arrasto pela areia, os batimentos a mil por hora. Coral apenas observa, tremendo nos próprios braços. Estou horrorizado demais para gritar, horrorizado demais para correr.

Meus pensamentos evaporam quando ela ergue a adaga e fecho os olhos, esperando pelo golpe, mas ele não vem. Nunca viria.



































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Mar De Mentiras [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora