June Valerie. Gostmeth e a Runa Maldita.

Capítulo 2

June teve uma conversa extremamente cansativa com seu padrinho. Não esperava ter que reviver tudo que aconteceu esses últimos anos, mas foi bem necessário, pois Hurie iria resolver tudo a partir de agora. Humphrie acabou arrumando um meio de me levar até meus pais, não o mais comum, mas o mais rápido.

Eu estava sendo levada por um duende, pelas docas. As docas eram passagens subterrâneas, tão embaixo de qualquer civilização que mal podíamos ouvir qualquer ruído, mas pelo menos era o jeito mais seguro. O duende me levava com pressa, segurando minha mão e me apontando cada virada, sem dizer uma palavra se quer, o que fazia eu me sentir só naquele lugar.

Chegávamos cada vez mais próximo de minha casa, nos bairros chiques do mundo da magia e eu sabia mesmo que nas Docas, o cheiro de baunilha das árvores a cada esquina era inconfundível. Como eu sentia falta desse cheiro, desse lugar, dessas pessoas.

Assim que passamos por um lago de sereias, eu vi a passagem para cima e acho que nunca tremi tanto quanto nesse momento. Eu estava a uma passagem de ar pra casa, pros meus pais, que a esse momento já tinham sido alertados de meu aparecimento.

"É aqui madame Valerie. Só ficar sobre essa pedra e dizer a chave da rua. Chegara lá em alguns segundos." Disse o duende suavemente, com uma voz doce. Me guiou pelos ombros até a pedra correta e esse era meu momento de voltar pra casa.

"Obrigada, Fugie." "A sua disposição, madame."

"Vollupuia Varklantia!" No momento que disse isso, o ar me vez subir em uma velocidade surpreendente e a última coisa que vi foi Fugie acenando.

Sai do tubo de ar dentro da única árvore de carvalho da rua, que estava cheia nesse momento. Todos desacreditavam que a menina desaparecida tinha finalmente voltado. E de novo os sussurros, os malditos sussurros. De Gostmeth até em casa, foi tudo que eu escutei e odiava isso, custava falar comigo? Eu odeio esses murmúrios, parece que eu nem estou aqui.

Já conseguia escutar minha irmã e suas músicas extremamente altas assim que cheguei a cerca de casa. Ao olhar a vizinhança uma última vez, conseguia ver os olhos atrás das cortinas e ainda os murmúrios, queria não ter a audição tão aguçada. Suspirei uma última vez, a primeira vez em anos. Mal posso acreditar que estou viva de novo.

"TOC... TOC... TOC..." Bate no ritmo que sempre fazíamos, finalmente estava em casa.

Richard abre a porta e me abraça correndo, ele estava tão grande. Com o que? Uns 10 anos agora? Ele era tão pequeno quando eu fui presa, tão inocente, mas eu estou aqui agora.

"June... Eu não acreditei, acreditei quando me disseram." Se afastou um pouco pra limpar as lágrimas. "Eu achei que tinha sido um erro, mas você voltou. Você, você tá aqui..." E voltou a chorar

"Eu voltei, Richie. Eu consegui voltar pra vocês." O abracei mais apertado, enquanto íamos pra dentro.

Kaille com seus fones altos, nem viu minha presença. Assim que levantou os olhos pra frente, se encharcou em lágrimas e abriu os braços, logo corri em sua direção. Nós três nos abraçávamos como se o mundo fosse acabar. A saudade tinha tocado a casa dos Vontie, o amor era tanto que nem o conseguiam se expressar em palavras, por isso só se abraçaram por longos minutos.

Em alguns segundos, a porta foi escancarada. Joan e Ned, deixavam as lágrimas escorrer pro seu rosto. Assim que olharam pra sala e viram a garota de cabelos pretos sendo abraçada, pelos seus filhos, souberam que não tinha sido um sonho ou uma fada maligna, sua filha estava de volta. Ela havia retornado pra casa.

"VALERIE!!" Ambos berram e se aproximaram lentamente da filha.

June que antes estava com os olhos secos, agora se molhava com suas próprias lágrimas, se levantara e abraçava aos pais como se não houvesse um amanhã. Não sabia da própria saudade, até a ver na frente. A família estava reunida, depois de anos tendo sido separada.