capítulo um

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Witch - Beauany

Any Gabrielly Rolim Soares

Corria o mais rápido que podia, quanto mais minhas pernas iriam aguentar eu não fazia ideia, mas não podia fraquejar, não podia me dar por vencida.

Minha visão era de enormes árvores por todo o lado, barulhos e gritos ao meu redor, as vozes ficavam mais altas e o céu azul já se fechava sendo tomado por nuvens acinzentadas.

- Eu não aguento mais... - sussurrei em meio ao choro, me encontrava caída depois de tanto correr, mal podia sentir meu próprio corpo

"Você consegue, meu amor. Você pode fazer qualquer coisa se quiser."

A voz fina de minha mãe sussurrava em meus ouvidos, mas eu sabia que ela não estava ali, ela nunca mais estará.

- Eu não consigo, mamãe. Nunca serei como a senhora... - solucei com o choro, meus olhos já estavam embaçados - Eu te decepcionei...

- VEJAM! ELA ESTÁ ALÍ... - me assustei olhando para trás e vendo as dezenas de pessoas com tochas em suas mãos, rostos enfurecidos me fazendo sentir nojo e amaldiçoar o dia em que aquelas pessoas nasceram

- PEGUEM A BRUXA! - eles gritavam e as vozes em minha cabeça aumentavam

Me levantei do chão mesmo que muito fraca e me pus a correr novamente. Eu ainda não conseguia aguentar, mas me esforçava como nunca antes.

Corri para salvar minha vida, mas caí logo em seguida, novamente, tropeçando em uma pedra e me via dentro de um buraco estreito ao chão, provavelmente alguma armadilha para animais indefesos

- Você morrerá queimada, bruxa! - ouvi a voz da criança de no mínimo seis anos ao lado de fora do buraco

Ao seu redor, mais pessoas vinham se aproximando e logo a tocha foi jogada em cima de mim. Foi exatamente assim que previ a minha morte.

Comecei a respirar irregularmente tentando voltar a realidade, logo após abrir meus olhos e me encontrar em meu simples quarto de nosso pequeno casebre

- Any? Está tudo bem? - perguntou minha avó entrando no quarto

- Sim, vovó. Foi só mais um pesadelo. - falo me levantando devagar e indo até ela

- Minha querida, não se preocupe. Eles nunca levarão você. É tão forte quanto sua mãe um dia foi. - disse ela passando as mãos em minhas bochechas e eu sorri

- Obrigada, vovó. - falei simples e fui me banhar ao lado de fora da casa. Um buraco estreito na parede onde a água já estava quente em um balde como minha avó deixa para mim todas as manhãs

Retirei meu vestido e comecei a me ensaboar e logo jogar a água morna pelo meu corpo, sentindo o sabão ir embora junto da mesma.

Me vesti e voltei para casa vendo a senhora grisalha em pé ao lado do fogão de lenha, provavelmente preparando o café da manhã, ou almoço levando em conta que hoje acordei mais tarde do que o normal

- Querida, pode ir ao rio buscar mais água? Pretendo fazer uma sopa de legumes. - sorri de canto assentindo e pegando o balde

- Onde está Isabella? - pergunto por minha irmã

- Está na casa de Sarah. - minha avó responde em relação a sua amiguinha e nossa visinha

Saio do casebre vendo uma pequena visinhança de no máximo umas nove casas e muitas árvores ao seu redor

Começo a andar em direção a mata querendo chegar ao rio que se encontrava um tanto longe de nossas moradias

Vendo todo aquele verde ao meu redor, comecei a ter vagas lembranças de meu pesadelo, o mesmo que tenho desde que minha mãe morreu, e também só ficaram mais frequentes após eu prever a forma como iria morrer e isso apenas piorou as coisas na minha mente confusa

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