- Capítulo 3 -

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Fernanda Mendes

Quarenta e cinco minutos depois, finalmente chegamos no aeroporto. Não consegui dormir durante o trajeto até lá, mas creio que no avião vou dormir feito uma pedra.

Desembarcamos do carro e meu pai, o Felipe e o Leonardo foram tirar as malas do porta-malas do carro, enquanto eu e minha mãe fomos ao aeroporto para fazer o check-in e acertar os últimos detalhes para a viagem. 

Gostaria de estar tão empolgada quanto minha mãe, mas não consigo. Foi tão de repente. Minha mãe falou conosco sobre e, dois dias depois, aqui estou eu, no aeroporto com minha família – e o Leonardo. 

Realmente estava muito cansada da escola, tantos trabalhos para entregar, provas e mais atividades, a pressão para escolha do meu futuro – mesmo eu sabendo que meu destino já está traçado pelo meu querido pai, apesar de sempre relutar e dizer que não quero ser médica assim como ele, o que é inútil.

Mas, nessa viagem, quero esquecer todos os problemas e apenas aproveitar 3 meses numa ilha longe de tudo e de todos.

Logo fizemos o check-in e quando me dei conta já estávamos embarcando no avião. As poltronas eram todas reservadas, o que foi mais fácil de encontra-las. O que não me agradou muito foi o fato de que o Leonardo estaria sentado na poltrona ao lado da minha durante 9 horas de viagem.

Eu já não o suporto por 5 minutos, imagine por horas seguidas. Que Deus tenha piedade de mim! 

Após me acomodar na poltrona, alcancei meus fones que estavam na minha mala de mão, peguei meu livro ("Teto para Dois" da Beth O'Leary, que estou totalmente apaixonada por ele) e coloquei meu travesseiro de viagem pronta para suportar 9 horas no céu.

Comecei a ler e a aeromoça estava dando aqueles avisos práxi de sempre. Quando estava bem envolvida na minha leitura, notei que o avião começava a decolar, o que me deu um friozinho na barriga. 

Relaxei na cadeira e continuei a ler, mas fui interrompida por um forte aperto em minha mão que estava no braço da poltrona, o que me causou uma descarga elétrica por todo o meu corpo.

Quando tirei meus olhos do livro para ver o que era, observei um Leonardo suando frio, seu braço tremendo sobre o meu, notoriamente nervoso.

Ele tem medo de altura. Não acredito que logo ele, Leonardo Cavalcanti, tem medo de altura.

- Não acredito na cena que estou vendo! – exclamei num tom baixo para apenas ele ouvir. – Leonardo Cavalcanti, o playboy, todo dono de si, convencido e presunçoso, com medo de altura... – provoquei rindo em seguida.

- O quê? Eu com medo de altura? Tá louca Fernanda? De onde você tirou isso? – respondeu ele rapidamente.

- Você está tremendo e suando frio, com a mão em cima da minha, não consegue olhar pra janela do avião... pra mim parece que tem medo de altura. – argumentei.

- Não que isso... eu notei que você estava um pouco nervosa e por isso apertei sua mão, pra dar segurança sabe... eu sou mesmo um cavalheiro. Não precisa agradecer, princesa. – disse ele, todo convencido.

- Tudo bem, Leonardo. Eu imagino que admitir que você tem medo de algo tão bobo possa ferir bastante o seu ego. Prometo guardar esse segredinho e não contar pros seus amigos, certo? – disse, com um tom de ironia na voz.

- Não iria ferir o meu ego se eu admitisse algo como isso. Você que se enganou. Está desculpada. – falou Leonardo, novamente convencido.

- Então, se não tem medo disso, pode soltar minha mão e dormir enquanto o avião voa. – respondi simplesmente, o desafiando. - Mas, se estiver com medo, não tem problema. Eu peço pra aeromoça trazer uma garrafinha d'água pra você se acalmar. – o provoquei.

A Viagem que Mudou a Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora