o dia mais frio do ano.

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Era uma noite muito fria no mês de março, a tempestade da época chegou mais cedo. A chuva caia de forma ríspida, criando-se buracos na neve do dia anterior. Já o vento, forte o suficiente para carregar árvores.

Nada podia ser visto naquele cenário, apenas uma mulher vestida em roupas pretas cobrindo todo o seu corpo e carregando uma espécie de saco em seus braços. Não era possível enxergar sua aparência.

Seus passos eram lentos por conta do vento e seu corpo tremia por causa do frio, perceptível pela sua mão descoberta e o ranger dos dentes.

Embora, a tempestade ofuscasse a visão da mulher, essa parecia saber exatamente aonde deveria ir. Seus passos se tornaram mais rápidos e começou a ser possível enxergar uma pequena caverna a sua frente.

Por fora, a pequena caverna possuía uma espécie de porta feita de ferro, porém, sem maçaneta.

Ao chegar, a mulher segurando o pacote, bateu com sua outra mão três vezes devagar na porta. Esperou-se. Nada. Talvez não tivesse ninguém por dentro, talvez a caverna fosse abandonada. Mais uma vez a mulher bateu, desta vez mais forte.

- Sou eu, estou com ela – disse ela. Sua voz era sutil, mas no fundo carregava desespero – Preciso da sua ajuda.

De repente, a porta se abriu sozinha. A mulher entrou.

Lá dentro, era incrivelmente quente. Tochas perpetuavam o ambiente e deixavam tudo mais claro. A figura feminina finalmente tirou suas roupas pretas, sendo possível enxergar sua aparência jovem.

Sua pele era branca e em seu rosto havia sardas. Ela tinha cabelos ruivos arrumados em uma trança úmida. Seus olhos eram verdes escuros e aparentava estar cansada.

Já no saco, era possível enxergar um bebê parecido com a mulher.

- Desça, estou esperando-a – uma voz masculina ecoou, aparentemente com pressa.

Viu-se uma estreita escada que levava, aparentemente, ao subsolo. Sem hesito, ela desceu.

No andar abaixo, uma sala imensa se mostrou. Rodeada por diversas estantes carregadas por livros e mais livros. No meio da sala, um velho homem mexia um pequeno caldeirão sob uma mesa retangular e grande de madeira. O líquido dentro era rosa e esfumaçava pelo ar. O cheiro era bom e doce. Ao levantar sua cabeça, apertou os olhos e deu um grande sorriso.

- Querida Serena, quanto tempo – tossiu de forma seca – estou trabalhando em uma nova poção. Necessito de uma rara raiz, mas não a encontro em lugar algum. Sabe, tenho estado tão ocupado estes tempos que sequer sei em que dia nos encontramos. Acho que estou enlouquecendo...

- Feiticeiro, preciso de sua ajuda – interrompendo-o de forma apressada enquanto mostrava o saco que carregava

O velho homem aproximou-se e arregalou os olhos ao enxergar a pequena criatura dormindo suavemente.

- Oh! A pequena Crystal já nasceu? Como o tempo voa, assim como o vento uivante – disse rindo. O Feiticeiro não se mostrou surpreso, talvez apenas um pouco perdido por conta do tempo.

Serena o olhou com seriedade, tirando um colar que aparentemente carregava em seu pescoço. O pingente era um pequeno cristal azul claro. Ela o deixou em evidência para que o Feiticeiro enxergasse.

- Preciso de um novo colar, para a bebê. Ela está começando a perder o controle – Serena engoliu em seco.

O Feiticeiro parou de rir. Seu rosto se tornou triste, como se tivesse feito algo de errado. De repente, virou-se e correu para as estantes que havia na imensa sala. Procurou e procurou. Procurou mais. Sentou-se na escada utilizada para acessar os livros no alto. Abaixou a cabeça e colocou ambas as mãos nela. Suspirou.

- Duende, apareça! – gritou

No meio da sala, um tipo de bifurcação começou a se formar no próprio espaço vazio. Um pequeno ser, talvez de um metro de altura, apareceu sorrindo e indo em direção ao velho homem.

- Mestre, em que posso lhe servir? – seus olhos eram grandes e esbugalhados. Vestia uma veste colorida e um cinto dourado. Era uma criatura estranhamente agradável.

- Leve-nos para A Ilha Ascendente – disse enquanto apontava para Serena e Crystal.

Serena andou até os dois sem hesitar, parecia que já havia feito isso anteriormente ou que conhecia muito bem o que iria acontecer, pois logo depois segurou uma das mãos da criatura.

- Vossa Alteza, é um prazer revê-la – reverenciou a criatura.

- Digo o mesmo para você, George – Serena sorriu para ele.

A criatura deu um imenso sorriso e fechou os olhos, parecia que estava imaginando algo. Noutro momento a sala estava vazia. Todos os que estavam lá simplesmente desapareceram, sobrando apenas o cheiro doce da poção que antes havia sido feita.

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⏰ Última atualização: Aug 30, 2021 ⏰

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