“Abre teu coração ou eu arrombo a janela.”
Chico Buarque, A Bela e a Fera.*****
O primeiro presente delaLena e eu chegamos juntos ao prédio. Só porque eu estava tentando evita-la, o destino pareceu querer nos unir, como sempre, testando minha paciência.
– Eu esperei, por que você não passou na minha sala? – pergunta chateada, enquanto esperávamos o elevador.
– Porque eu queria contar para Nia; seus pais também já estão sabendo. – Porque eu não queria ver a decepção no seu olhar.
– Como eles reagiram? – pergunta preocupada. – Eu queria estar com você quando eles ficassem sabendo.
– Reagiram normalmente, como se qualquer outra amiga da Nia estivesse grávida. – Mentir era melhor do que resumir minha noite de altas emoções.
– Mas eles sabem que… – Lena parou de falar quando ouvimos barulho de saltos do chão, e uma Andrea toda afobada apareceu no nosso campo de visão.
– Lena, que bom ver você – cumprimentou com um beijo no rosto. – Kara. – Acenou na minha direção.
– Oi, Andrea – respondi educadamente.
– E aí, você está sumida. Quando vamos marcar de ver aquele filminho no seu apê? – perguntou se insinuando e passando a mão pelo braço dela. Cadela. Lena ficou desconfortável e me olhou. Resolve sozinha, ninguém mandou e pra cama com essa vadia.
– Andrea, não vai rolar, eu estou namorando – decidiu dizer por fim.
– Nós duas sabemos que isso nunca foi um problema – Andrea respondeu rindo. – Quem é dessa vez?
– Sou eu – anunciei, pegando na mão dela. Dane-se se eu não seria mais dali algum tempo, mas ela não precisava saber. Esperei pela reação dela e jurei que se ela me contradissesse, eu mataria as duas. Hormônios, lembram? Eu tinha desculpas para ser homicida.
Lena sorriu e segurou minha mão mais forte e eu contive um impulso de não dar risada quando o queixo da Andrea foi parar no seu sutiã. Agora com a nossa dívida paga, eu me sentia bem mais realizada.
– Eu esqueci uma coisa no carro, desculpe. Te vejo depois, Lena – despediu-se já se afastando e voltando para seu carro.
– Você é malvada – disse Lena, rindo. – Mas é bom saber que também tem ciúmes de mim.
Ela também já havia sido malvada comigo, estávamos quites.
– E quem falou que eu tenho ciúmes? – perguntei irritada, soltando a mão dela e abrindo a porta do elevador.
– “Sou eu” – me imitou rindo.
Fechei a porta e a abandonei na garagem. Lena abriu a porta e entrou ao meu lado ainda tirando sarro da minha cara.Só então percebi que ela tinha uma sacola de shopping nas mãos. Como toda mulher, curiosa, tentei olhar o que tinha dentro enquanto a caixa de metal fazia sua subida.
– Perdeu alguma coisa?
– O que é? – indaguei. A curiosidade era maior que o orgulho, sempre.
– Não é para você, se é isso que você quer saber – cortou meu barato. Parecendo uma garota mimada, virei para o outro lado e a ignorei. Ela acrescentou: – É o primeiro presente dela.
– Dela quem? – Já tinha outra na parada?
– Dela – disse ela, me abraçando por trás e colocando a mão na minha barriga. Foi a primeira vez que ela me tocou querendo tocá-la; isto é, se é que seria uma menina.
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A Garota dos Olhos Verdes - Supercorp
DragosteQuando Kara era criança ela foi ao seu primeiro casamento, ela se apaixonou pela cerimônia, e quando uma música tocou uma moça toda de branco entrou pela porta da igreja com buquê de pétalas amarela e foi a direção ao rapaz que estava com os olhos m...