Capítulo 26.2 | Seems that I'm always thinking of you

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Se meu novo cotidiano em sua casa não fosse evidencia suficiente, a fina Delicatessen em shopping luxuoso é mais uma prova da mudança na vida de Rosa. Pelo visto um café em uma esquina qualquer já não é mais um costume.

Localizado em um bairro nobre da cidade, o local é repleto de quitutes diferentes e decorados. Por algum motivo, me recordo da lanchonete que costumava frequentar com Leo, que era, é claro, oposto deste lugar. Ainda assim, só por hoje, preferia estar lá do que aqui.

- Que coisa ótima passarmos o dia juntas sem estarmos atoladas com alguma coisa da loja para resolver.  – comenta Rosa. – Quer dizer, podemos ter essa pausa nas pendências dos problemas para curtir um dia juntas, não é?

- Podemos, sim. Está tudo sobre controle, chefe. - garanto.

- Admito que depois da inauguração, não sei quando isso pode acontecer com tanta tranquilidade de novo. Então vamos aproveitar a oportunidade e fazer o melhor dela, Anninha!

- Com certeza. Aproveitar a oportunidade. Acho que é exatamente isso que eu preciso fazer. – comento, e espero que ela não perceba a ambiguidade dessa afirmação para mim.

Sem ter as questões do trabalho para usar como distração ou mesmo desculpa, e com essa situação toda que está não só mexendo com minha cabeça, mas meu coração agora também, é isso que preciso fazer. Aproveitar a oportunidade. O espaço e a coragem.

- Rosa, preciso conversar com você sobre uma coisa que não consigo mais... – inicio, mas sou uma garçonete chega gentil, sem poder imaginar que interrompe um momento que tenho adiado há tanto tempo.

- Bom dia! Desejam fazer o pedido? – pergunta ela.

- Olá! Ia te chamar neste instante. Leu meus pensamentos! – elogia Rosa, ainda mais alheia ao que estava prestes a acontecer. – Vou querer um chá de maçã com canela e um muffin de banana, por favor.

- E a senhorita? – pergunta a garçonete, se dirigindo a mim.

- É... O mesmo que ela. – peço simplesmente, apesar de meu filho rodar em minha barriga por desperdiçar a chance de me fartar um pouco mais em um lugar como esse. 

A escolha poderia ser mais empenhada, mas preciso ser o mais objetiva possível aqui.

- Desculpe, querida, o que você dizia? - pergunta Rosa quando a garçonete se retira.

Tento colocar novamente meus pensamentos dos trilhos e, pior, a coragem do meu peito. Este provavelmente não é o melhor momento, de qualquer forma. Por que não posso apenas aproveitar um dia sem me preocupar com Leo, com o bebê, com as mentiras que me trouxeram até aqui? 

A angustia de esconder coisas tão importantes de Rosa me atormenta a todo momento. Mas a proposta deste café não foi exatamente o contrário? Um dia sem trabalhos, maridos, ou supostos namorados e sem preocupações!

- É... Sobre as entrevistas com seus novos atendentes. - improviso, pois não sei mais como recomeçar essa conversa. - Quando você pretende começar a fazer?

- Primeiro de tudo, acho que você quis dizer "nossos" novos atendentes, não é? E segundo, quando "nós" começaremos a fazer, principalmente porque quem fará as entrevistas de fato será você.

- Eu? - pergunto, surpresa.

- Você, querida Administradora! Quem sabe mais do assunto e vai tirar isso de letra é você. Claro que ficarei lá, supervisionando e autorizando tudo, mas você quem deveria conduzir as entrevistas, não acha?

- Por mim, tudo bem. - respondo, e tento recuperar a alegria e alívio que sinto a cada tarefa e responsabilidade que Rosa confia em mim. - Gosto mesmo dessa área. Vou adorar poder analisar quem trabalhará "conosco" no futuro.

- Ótimo! Sabia que você iria aceitar! - comemora ela. - Começaremos no início da semana que vem, já marquei horários com a maioria dos entrevistados. Agora, por mais que eu ame tudo isso e falar sobre tudo isso, essa é uma tarde nossa e quero deixar o trabalho de lado. Ok?

- Ok. Você quem manda, chefe. - aceito, apesar de lembrar como o trabalho tem sido realmente o que mais consegue me distrair e me deixar feliz nestes últimos dias. 

- Vamos falaaar sobre outro assunto que eu a-do-ro, não posso negar. Festa! SUA festa! Para o seu bebê. - emenda ela, rapidamente antes que eu proteste. - Nem vem que não tem porque este Chá de Bebê acontecerá quer você queira ou não, senhorita. Então, você decide se quer um Chá de Bebê em que você pode dar sua opinião ou um Chá de Bebê surpresa em que absolutamente tudo será decidido por mim.

- Ok, já me convenceu. - admito.

Rosa comemora com um grande sorriso e palminhas como uma criança feliz.  

Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora