capítulo 9

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Eu claramente não estava no meu juízo perfeito. E no resto da semana eu fiz o melhor que pude para evitá-lo. Ia da escola para o trabalho, depois casa, seguindo minha rotina e "fugindo dele" na escola , como ele estava cada vez mais famoso por conta do futebol, foi fácil manter distância dele, já que sempre estava cercado de belas garotas.
Ben se matinha neutro entre nós dois, não perguntava ou pedia detalhes de nada, ele era de fato uma ótima companhia, e depois de conseguir evitar o bonitão por 3 dias, na sexta feira quando eu estava indo em direção a minha caminhonete e comemorando internamente mais uma manhã calma, o vi encostado na minha camionete, ele estava alheio a tudo a volta enquanto olhava seu celular, sua mochila de couro escura, seu coturno perfeitamente limpo, a calça jeans que ficava muito bem em suas coxas fortes, sua jaqueta de couro "a la galã de filme" e o cabelo escuro preso em um rabo de cavalo baixo, deixando ele extremamente sexy. Suspirei baixo a medida que me aproximava, tentando pensar em uma forma de escapar mais um dia, mas não precisei me esforçar muito, pois assim que me aproximei, Cecília também se aproximou. Chegamos ao mesmo tempo na sua frente, e ele levantou a cabeça, olhando da Cecília pra mim.

- Preciso entrar na minha máquina, garotão. - tentei soar o mais indiferente possível, daquela estranha reunião.

Antes dele responder Cecília falou:

- Posso falar com você um minuto, Dylan? - Uau, ela sorria de forma doce e meiga colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Queria eu ter esse encanto.

- Pode ser outra hora Ceci? - Ele perguntou com um sorriso. Ceci? Bom, eles já eram de fato íntimos.

- Hum... Prometo que não irei demorar. - Ela insistiu, e ele olhou pra mim.

- Pode esperar um pouco? - eu olhei de um para o outro, e vi nos olhos dela praticamente uma súplica para dar essa chance a ela, e sim, eu faria isso.

- Ah... Eu preciso mesmo ir, hoje é dia de pagamento, e tenho que estar lá em ponto e pronta para esse momento. - Sorri piscando para os dois. Ele não teve nenhuma reação, só se afastou da porta deixando eu entrar no carro, e eu o fiz. Antes de sair, dei uma última olhada para os dois, ele me encarava com uma expressão indecifrável e Cecília sorria e acenava, claro que ela estaria feliz. Acenei uma última vez para ela e saí.

Durante o percurso não pude evitar de pensar se teria feito a coisa certa, eu sei que estava sendo uma covarde, mas eu sabia que eu não era a mesma perto dele. Que eu não podia dar sorte ao azar, até eu colocar minha mente no lugar achei melhor manter distância dele, tenho que me concentrar no que realmente importa, minha família. Meu avô estava acamado, uma gripe o deixava cada vez pior, e mesmo com todos os medicamentos ele não melhorava. Hoje eu iria receber e iria levá-lo ao hospital, eu ia conseguir pagar caso ele precisasse ficar internado, era o dinheiro que eu trocaria o carro, mas minha máquina aguentaria mais um pouco, não? A saúde do vovô era mais importante.
Ainda bem que eu tinha um dinheirinho guardado, e Linda poderia buscar minha irmã hoje na escola.

A lanchonete que eu trabalho pertencia ao senhor Manoel e Dona Lurdes, um casal muito bom que me ajudou muito depois que minha mãe faleceu. Essa era uma das vantagens de viver em cidade pequena, as pessoas te conheciam desde pequena, mas também era uma desvantagem... Porque logo todos sabiam sobre você.



Estacionamos no imenso estacionamento do hospital, meu avô ficava nervoso em hospitais, pois ele ficou muito tempo neles quando minha vó adoeceu. E logo que descemos do carro, ele começou a querer ir embora tentando abrir a porta do carro para voltar para dentro. Eu tive que segura-lo pela mão e praticamente arrastá-lo para entrar no hospital, como ele estava com uma tosse bem carregada, tentei não andar tão rápido e tentei falar palavras gentis para acalmá-lo mas eu mesma estava com medo do que poderia acontecer ali.
A atendente nos olhou assim que aproximamos do balcão.

Meu Bom RapazOnde histórias criam vida. Descubra agora