Fernanda Mendes
Ignorar o Leonardo o resto do dia não foi uma tarefa muito fácil como eu imaginava. Ele, notando o clima que estava entre nós, tentava de qualquer forma começar uma conversa sobre o clima ou sobre o hotel e ilha. Eu sempre respondia rispidamente, de modo que ele notasse que estava com raiva do mesmo.
O Leonardo age daquela maneira e quer que tudo fique tudo bem? Cada dia ele consegue provar que eu consigo ter mais ódio pelo próprio. Mas esse ódio todo que sinto por ele não é algo recente.
Tudo começou quando eu tinha 12 anos aproximadamente. Ele e o Felipe eram amigos há um tempo. O meu irmão sempre o levava para nossa casa. Eles jogavam bola com meu pai, faziam bolo com minha mãe, tinha noite de filmes e de jogos em nossa casa e era tudo muito divertido.
Eu tinha quedinha pelo Leonardo há um tempinho. Quando ele vinha aqui pra nossa casa, eu ficava assistindo – e babando – ele jogar futebol com meu irmão e meu pai. Eu ficava toda corada quando ele vinha me abraçar ou tirar alguma foto comigo. É, eu sei. Esse foi o meu nível mais deplorável.
Enfim, as coisas mudaram quando, num belo dia, ele veio no meu quarto falar comigo. Isso nunca tinha acontecido. Ele sempre falava comigo, mas tipo, quando meus pais estavam presentes ou até mesmo o Felipe.
O fato dele ter ido até meu quarto para conversar com a minha pessoa já me deixou um tanto chocada e curiosa com o que podia ser. Até ele me convidar para uma festa que aconteceria na casa de um meninos do time de futebol do colégio – o qual meu irmão e ele faziam parte, claro.
Eu achei incrível a ideia. Nunca tinha sido convidada para uma festa, ainda mais por um garoto. Fiquei extremamente animada. Contei para o Felipe, que não gostou da ideia e disse que era melhor eu não ir a tal festa. Eu, na minha ingenuidade, disse que era uma besteira de irmão e fiquei decidida a ir.
Na minha cabeça, as festas de adolescentes não tinha bebidas alcóolicas, drogas ou meninas dançando em cima da mesa tirando as suas roupas. Meu irmão tentou me avisar sobre isso, porém eu não lhe dei ouvidos.
Me arrumei toda para essa festa, usei até a maquiagem escondido da minha mãe – e um de seus brincos também – e estava quase pulando no sofá de animação.
Como o Felipe também foi convidado, eu e ele fomos juntos até a casa, que já estava cheia de pessoas, luzes coloridas e uma música ensurdecedora.
Chegamos na festa e o Felipe foi praticamente arrastado pelos seus outros amigos do time para o outro lado da casa, que deixando sozinha. Não sabia como agir numa festa, afinal era a minha primeira. Todos os adolescentes pareciam ter 15 anos ou mais. Claro que não tinha nenhum com 12 anos, a não ser a idiota aqui.
Fiquei andando – ou tentando andar – pela casa, a fim de tentar achar um refrigerante. Quando cheguei a mesa de bebidas, não encontrei nada que não tivesse pelo menos uma gota de álcool em sua composição, e foi ai que ele apareceu:
[Flashback – dia 23 de novembro de 2017]
- Você veio, princesa! – disse Leonardo, me abraçando logo em seguida. É, eu gostava de ser chamada de princesa naquela época.
- Claro que eu vim! Não perderia essa festa por nada – falei totalmente corada, lógico.
- Aqui não vai ter nenhum refri. – ele continuou. – Mas, se vier comigo, eu procuro um pra você. – terminou Leonardo, com seu sorrisinho galanteador habitual.
- Ah, tudo bem então. – eu respondi toda encantada pelo charme dele. Quando o mesmo me lançava esse sorrisinho, eu parecia argila em suas mãos. E claro que eu aceitaria ir pra qualquer lugar com ele.
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A Viagem que Mudou a Minha Vida
RomanceA vida de Fernanda Mendes é totalmente comum a de muitos adolescentes de 16 anos. Mesmo com a sua família peculiar, ela tem vida normal - tediosa até demais, por sinal. Fernanda não tem muitos amigos no seu colégio, muito menos um namorado; ela não...