O nosso primeiro beijo?
Jack estava tão concentrado olhando para a tela do computador ao meu lado que sequer notou que seu rosto está a meros centímetros do meu.
Tentei me concentrar no que a gente estava lendo, mas meus olhos continuavam seguindo para o contorno do seu rosto.
- Sam – sussurrou, e eu me sobressaltei um pouco. Me virei para ele, que apontava para o monitor. – Você tá distraída... Tem que descer a página pra continuar lendo – sorri sem graça e fiz o que ele pedia.
Fechei os olhos quando ele alisou meus cabelos, provavelmente tentando colocar um pouco de ordem neles, como fazia com frequência. Não que eu não fosse bagunça-los de novo...
Me foquei no monitor novamente, mas eu sou simplesmente incapaz de conseguir entender o que eu estou lendo, então desisti e passei a observá-lo discretamente, sem saber exatamente o porquê de eu não conseguir desviar meus olhos de seu rosto hoje.
Acompanhei seu ritmo de leitura pela forma que seus olhos se mexiam, e desci a barra de rolagem conforme achei necessário, o que pareceu funcionar, já que ele não tornou a reclamar.
O jeito que seus lábios se movem um pouquinho enquanto ele tá concentrado lendo é tão hipnótico... Estiquei minha mão, acariciando sua bochecha, fazendo sua atenção se voltar para mim.
Eu não sei dizer o que me impeliu, mas quando seu rosto se virou para mim, eu já estava perto o suficiente para conseguir me impedir, então meus lábios clamaram os seus cuidadosamente.
Senti seu corpo enrijecer um pouco e foi aí que eu comecei a pensar na merda que eu tinha feito.
Mas para a minha surpresa – e meu alívio – eu senti a pressão de seus lábios de volta e ele retribuiu, ele exigiu de mim um beijo mais sério, e não só um roçar de lábios que parecia conhecer o outro.
Me separei, receoso¹. Levei bastante tempo até eu ter coragem de levantar o olhar para o rosto de Jack e quando o fiz, percebi que ele me encarava intensamente.
Abri a boca para tentar falar alguma coisa, mas nenhum som saía de lá e parece que eu simplesmente me esqueci como se pronuncia qualquer palavra e foi aí que eu comecei a entrar em desespero mesmo.
Como que eu podia, por um impulso surgido sei lá de onde, ter beijado ele? Dentre todas as pessoas, a única que eu não consigo me imaginar conseguindo seguir em frente se me virar as costas é ele!
Seus olhos me avaliaram longamente enquanto eu apertava minha perna que estava dobrada sob mim na cadeira com as mãos. Mesmo com o meu nervosismo e o medo da rejeição, eu não consigo desviar mais o olhar.
Tentei avaliar o quão irritado ele poderia estar comigo nesse momento para não conseguir nem falar e isso me assombrou ainda mais. Eu consegui. Eu estraguei tudo!
Seus olhos adquiriram um brilho diferente e sua boca se contorceu... e então ele começou a rir. Rir com vontade, de não conseguir controlar as lágrimas, de doer a barriga. Ele riu até quase não aguentar mais. Enquanto isso eu ficava cada vez mais apreensivo, mais nervoso e com mais medo. Seu riso tem que significar que ele tá puto, não é? Ou algo do tipo "o que você achou que aconteceria depois de me beijar?, realmente achou que tem chance comigo? Você não faz exatamente meu tipo" e essas coisas.
Ele passou a mão no cabelo, ajeitando-os e depois sorriu largamente, calorosamente. Senti meu coração dar um solavanco.
- Se esse beijo te fez ficar assustada² assim, então você pode sempre fingir que não aconteceu e deixar o assunto quieto – acariciou minha bochecha e depois se inclinou para beijar o local. – Já está ficando tarde, então eu vou voltar por hoje. Amanhã a gente continua – acenou já quase da porta. – Até amanhã, Sam.
Continuei sentado, sem a mínima reação, apenas olhando por onde Jack acabou de sair.
Jack POV
Parei do lado de fora do quarto de Sam, respirando fundo. Eu abaixei a guarda! Eu nunca pensei que ela fosse realmente me beijar e eu não estava preparado pra isso!
Sorri. A sensação de sua boca na minha ainda é bem vívida. Vívida o bastante para eu quase conseguir recriar toda a experiência do beijo.
Talvez isso se torne um vício, porque nesse momento, eu estou lutando com todas as forças para não voltar e beijá-la novamente. Passei a língua por meus lábios, ressaboreando o gosto dela. Eu estou verdadeiramente impressionado com o tanto que ela conseguiu me excitar só com esse beijo. Dizer que seu beijo é bom é ser muito superficial.
Vamos ver o quanto eu vou precisar provocá-la até que ela ceda novamente. E mais, até que ela admita que não consegue desviar seu olhar do meu rosto, que seu corpo reage à minha voz... que ela está incrivelmente apaixonada por mim.
Sorrienquanto voltava a andar, pensando no quanto os meus dias seriam maisdivertidos a partir de agora. Meu objetivo é claro na minha mente: fazê-la minha.
Explicando algumas coisas: ¹: Aqui a Sam se denomina no masculino porque ela ainda tá no início do processo de autoaceitação e descobrimento então, bom... A ideia ainda é muito nova pra ela e por isso ela mantém o pronome masculino;
²: É o mesmo motivo da Sam, mas o contrário asuehaue
Roi, bebês, belezinha? Só um pequeno complemento sobre algo que a Sam já tinha falado com a Lucy, lááá atrás, no capítulo 13, e sobre o papo que eles tiveram na lanchonete.
É isso, até o próximo xD
Fran
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Transições
RomanceSam é uma garota com um passado complicado e marcado por traumas familiares e pessoais, que foi obrigada a virar as costas para toda uma vida e começar tudo de novo ao precisar se mudar para um lugar completamente novo. Movida pela paixão por esport...