Louise era o tipo de mulher que esteticamente era considerada sortuda. Tinha mais idade do que parecia e sequer tinha sinais de que um dia esteve grávida. Se não andasse com seu documento, facilmente era barrada nos lugares que ia. Louise simplesmente odiava isso. As pessoas não a levavam a sério e sempre ficavam chocadas quando ela dizia quantos anos tinha. As pessoas nunca acreditavam.
"Você pode se passar por uma adolescente facilmente", "Eu não te daria mais que dezoito anos", "Você deve ter dormido no formol", "Precisa me passar a localização dessa fonte da juventude por onde você passou". Louise odiava ouvir esses clichês. Odiava ter que provar sua idade a todo instante. Odiava ser tratada como adolescente. E as coisas apenas pioravam quando ela dizia ter um filho de 6 anos. "Começou cedo, não?", "Bom, ao menos quando ele tiver mais idade você não será tão velha", "Esses jovens de hoje em dia andam muito apressados", "Não teve aula de educação sexual no colégio?".
Louise odiava o quanto as pessoas conseguiam ser intrometidas e inconvenientes. Ela não se orgulhava por ter sido uma mãe tão jovem mas nunca odiou esse fato. Teve problemas como qualquer outra mãe teria, e além do mais, como qualquer outra mãe adolescente um dia já teve. De fato, ela foi mãe bem jovem, mas, o que as pessoas queriam que ela fizesse? Não é como se ela pudesse simplesmente voltar atrás e mudar seu passado. E se conhecendo melhor do que qualquer outra pessoa, bastava ver como ela olhava para seu filho que a resposta era óbvia. Louise não mudaria as coisas por nada nesse mundo. Por mais que tenha passado por tudo que passou, ela faria tudo novamente por ele. E disso ninguém tinha a menor dúvida.
—Estou dizendo, senhor. Não tenho a mínima ideia de quem possa ter feito isso. —Louise tentava se acalmar, mesmo sabendo que não conseguiria. Estava simplesmente sentindo a maior dor que alguém poderia sentir. Acabava se esquecendo de respirar de tanto que chorava. Se encontrava em um estado deplorável. Ninguém conseguia consolá-la. —Por favor, ache meu filho. Ele é apenas um bebê. Não sei porque alguém faria isso comigo...
—E o pai dele, não poderia ter feito isso? —O policial questionou, angustiado. Não importava tudo que já havia visto em seus anos de trabalho, quando havia criança no meio, a coisa mudava totalmente de figura.
—Não! —Louise gritou. —O pai nem ao menos sabe da existência dele. Meu filho sumiu. Preciso que pare de me fazer tantas perguntas e o ache, por favor. —A jovem gaguejava, enquanto tentava não enlouquecer internamente. Já estava há mais de dois dias sem dormir. Não havia nenhum sinal de onde seu filho poderia estar. Nunca em sua vida imaginou sentir uma dor tão forte quanto essa.
Pouco a pouco, Louise sentia que morria por dentro. A dor que sentia, não desejaria a ninguém. —Aqui estão mais fotos dele. Estou espalhando seu rosto por todos os lugares, mas, até agora nada. Por favor, o encontre. É tudo que eu peço. Ele é tudo que eu tenho e ele tem somente a mim. —Louise tremia. Além de estar sem dormir, estava sem comer. Seu estomago rejeitava tudo. Nada mais funcionava como deveria.
Há dois dias atrás, Louise simplesmente encontrou o quarto de seu filho vazio. Pedro Aurélio simplesmente havia sumido. Sua janela estava aberta, porém, havia sido aberta por dentro, o que indicava que ele poderia ter pulado, mas, conhecendo seu filho como ninguém, sabia que o garoto não faria algo daquele tipo. Ele tinha apenas seis anos de idade, não conhecia a maldade do mundo. Não tinha motivos para fugir, então, não havia outra explicação além de um possível sequestro, mas, Louise não tinha dinheiro. Muito pelo contrário. Apesar de não ser o caso onde passavam fome, estavam longe de terem o suficiente para que pudessem pedir algum tipo de resgate. Nem a policia podia explicar o que poderia ter acontecido e por conta disso, Louise era a principal suspeita do sumiço de seu próprio filho.
—Me deixem passar! —Uma voz masculina gritou, invadindo estrondosamente a delegacia de polícia. —Meu filho sumiu! —O homem berrava, visivelmente desequilibrado. Todos ali presentes ficaram sem reação. Quando Louise conseguiu enxugar suas lágrimas e prestar atenção no rapaz, seus olhos se arregalaram. —L-Louise? —O homem gaguejou ao vê-la.
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De volta a Terra do Nunca
FantasíaQuando o filho de Louise é sequestrado, ela se vê em um beco sem saída. Quando os filhos de seus amigos somem da mesma forma, ela se lembra de seu passado. Embarque nessa aventura em um mundo que você já conhece, com personagens que já está familiar...