#29 - Cantando o Vórtex

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A cidade de Munarek vivia a base da energia gerada pelos ventos. Era um lugar bastante desenvolvido em economia e tecnologia, com construções exuberantes e dos mais diversos tamanhos. Os ventos deste lugar eram muito frequentes e intensos. Devido a isso, nunca houve um só segundo que não houvessem ventos. Alguns acreditam que esse lugar foi abençoado pela rainha Meravlina, perdurando por toda a eternidade. Há um relato contado pelos cidadãos de Munarek, que diz que alguns ventos trazem consigo vozes... vozes de uma jovem, ou melhor, cânticos de uma jovem, nos quais eram levados por alguns ventos. Esses cânticos não eram compreendidos por ninguém. Alguns sábios diziam ser de uma língua ancestral. Mas a pergunta que não quer calar é: quem seria a tal jovem? Muitos já tentaram encontrá-la, procuraram por todos os lugares onde os ventos conseguem alcançar, mas nada, nenhuma pista sequer. A impressão que dá é que você está a mesma distância dela sempre. Os ventos sempre trazem as vozes de forma igual. Munarek ficou rapidamente conhecida como "A cidade dos Ventos Falantes". Alguns magos da capital disseram que sua suposta origem seria a manifestação elemental da grandiosa besta Sarkavius, invocando através de cânticos, usando a língua-mãe de Zagylmizd. Cientistas já tentaram desmascarar tal fenômeno, com a premissa de que o efeito da "canção" seria meramente uma pseudapercepção cerebral, ou então alguém estaria fazendo uma brincadeira, enganando a todos. Muitas dúvidas... e nenhuma resposta... mas não por muito tempo.

Nessa mesma cidade dos ventos, havia um jovem rapaz, cuja maior parte de sua vida era trabalhar no setor de geração de energia da cidade, fazendo um trabalho extremamente braçal. Sua única fonte de renda mal pagava suas despesas, fora que tinha que sustentar ele mesmo e seus pais. Munarek pode até ser uma grande cidade a nível tecnológico, mas... a desigualdade social era tão grande quanto a velocidade dos ventos que ocorriam no lugar. Os pais do jovem sofriam de uma doença chamada "Munarsg", no qual não podiam sofrer reações elementais do ar, se não eles morreriam instantaneamente. Devido a isso, seus pais não podiam sair de casa, ficando em um lugar bastante fechado e protegido. A população de Munarek nunca se interessou em oferecer apoio para os que sofriam com esse problema, o que causava frustração para o jovem, que se esforçava bastante no trabalho, para conseguir um tratamento para seus pais poderem viver sem estarem presos, temendo o Munarsg.

O serviço no qual o jovem fazia era um trabalho bem braçal e repetitivo. Ele, junto com outros, empacotavam em lotes as cápsulas de energia eólica, que os grandes geradores da cidade armazenavam a energia. Essas cápsulas eram destinadas aos devidos lotes em que eram destinados a determinadas encomendas de qualquer lugar de Zagylmizd, na verdade os que concediam acesso para tal. O jovem trabalhava tanto, mas o dinheiro quase não era suficiente para sustentar ele e seus pais, como também o aluguel da fortaleza anti-munarsg, na qual residiam.

- Só 500 zagylmidias?! - reclama o jovem ao receber seu salário na fila do saque.

- Trabalhe mais, ganhe mais. Próximo... - disse o homem que estava na recepção que era protegida por uma barreira de vidro inquebravel.

Havia muitos ainda na fila, atrás do jovem, e alguns reclamavam da demora.

- Mas eu fiz hora extra por vários dias... - reclamava frustrado.

- Não sou eu quem resolve essa parada, só cumpro o que me passam. Próximo!

O jovem sai da fila muito aborrecido pela injustiça e volta para casa. Ao chegar, ele explicou todo o ocorrido para seus pais e eles tentaram animá-lo, no entanto não resolveu.

- Filho... não se preocupe, se nos planejarmos bem, o dinheiro vai dar... - disse seu pai.

A mãe dele o abraça.

- Você merecia um emprego. Tenho certeza que vai encontrar um. Não fique triste. Se a gente pelo menos conseguisse sair daqui eu iria lá fazer pagarem tudo! - Mãe.

Contos de Zagylmizd - VOLUME 01Onde histórias criam vida. Descubra agora