Capítulo 31

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- Você tá bem? – Jack perguntou.

- Sim, por quê? – voltei minha atenção para ele e ele deu de ombros.

- Você tá com essa cara de dúvida e tá toda pensativa desde ontem à noite.

- Eu não posso mais ficar quieta e pensativa que tem alguma coisa errada agora? – franzi o cenho.

- Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que você não faz nada disso a não ser que algo esteja realmente te incomodando.

- Então basicamente tem que ter alguma coisa errada para eu fazer isso – ironizei e ele me fez uma careta, irritado. Suspirei. - Não é nada – reafirmei. – Entra à direita ou você vai se perder – impliquei. – Eu não quero me atrasar por culpa da sua falta de senso de direção – sorri de canto enquanto ele franzia o cenho, contrariado, mas fez o que eu pedi.

- Como tá o seu pulso? Eu percebi que ele estava te incomodando ontem.

- Tá doendo – dei de ombros. Não ia adiantar mentir. Não se ele já percebeu que tinha alguma coisa nele me incomodando.

- Vai jogar que nem uma pessoa centrada hoje ou vai continuar achando que seu corpo é de aço? – ri.

- Não pretendo sacar com essa mão hoje. E eu sou uma pessoa centrada...

- Claro, claro – revirou os olhos.

- Eu simplesmente adoro a imagem que você tem de mim, sabia? – ironizei e ele riu.

- Eu te conheço há tempo demais, Sam. Tempo o suficiente para te conhecer melhor do que você mesma – sorriu de canto.

- Claro, Jack.

- O contrário também é verdade – piscou um olho para mim e eu me peguei concordando, distraída.

Jack parou o carro no estacionamento e sorriu para mim.

- Boa sorte hoje no jogo – fez um joinha com o dedo e então saiu do carro. Revirei os olhos e saí também. Abri a porta de trás e peguei minha bolsa, mas antes que eu pudesse colocar a alça no ombro ele a pegou da minha mão para carregar. Arqueei a sobrancelha, mas não discuti.

- Você não precisa fazer isso, você sabe, não é? – questionei.

- Eu sei. Mas eu quero – falou como se fosse óbvio.

- Relembrando suas épocas de cavalheirismo? – perguntei com ironia, fazendo ele rir.

- Talvez. Embora esse cavalheirismo só existisse e só exista para você – sorriu sacana quando percebeu que eu fiquei sem graça. – Ótimo, eu ainda sei fazer isso.

- Eu duvido que um dia você desaprenda... – fiz cara feia.

Vi Seth no corredor dos vestiários, pronto para entrar no masculino, e ele pareceu hesitar ao me ver também e eu senti que ele pensou em vim falar comigo, mas se conteve ao avistar Jack ao meu lado.

Jack tirou a alça do ombro e me empurrou a bolsa e foi andando para longe, acenando por cima do ombro.

- Sutil – murmurei para mim mesma, vendo sua silhueta se afastar à passos rápidos. A reação de Seth foi bem similar à minha.

Dei de ombros e terminei a distância até a porta do vestiário feminino, em dúvida se eu quero que ele arrisque falar comigo ou se eu prefiro que ele simplesmente me deixe quieta.

Resolvi entrar logo, talvez preferindo a segunda opção.

- Seu pulso – ele disse, me fazendo parar com a mão na maçaneta. – Você se machucou? Você não costuma usar a munhequeira antes, somente quando joga... – comentou, talvez tentando puxar assunto, mas soando verdadeiramente preocupado. Suspirei.

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