34. Consciência pesada

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- A partir de hoje, somos somente amigos. 

Ela me olhou com cara de interrogação.

- A gente sempre foi. 

- Não, não é amigo colorido, é amigos.

- Lu, nunca te cobrei nada. 

- Eu sei. Acontece que ontem quando você me ligou, eu estava com minha ex-mulher. 

- Ah, entendi. Vocês voltaram? 

- Não, ainda. A gente tá tentando começar de novo, mas estamos bem devagar. Você sempre soube dos meus sentimentos por ela. 

- Sim, eu sei bem. Mas tá tudo bem. Obrigada por ter vindo aqui conversar comigo antes e tal...

- Eu não ficaria bem se deixasse isso. Você me fez bem esse tempo todo, teve muito comigo. Foi a única pessoa que eu deixei me ver chorar, me ver mal, sofrendo. Você me deu colo, e amor. Além de outras coisas. - Ri. - Acho que assim é melhor do que perder sua amizade. 

- Você sabe que fiz tudo com gosto. Vai me ter sempre como amiga.

- Você vai me ver sempre. Vou te levar pra conhecer ela se der certo.

- A gente vai ter que se afastar agora, Lu.

- Por que? 

- Sua mulher não vai gostar. 

- Ela já sabe de você. Ontem eu contei e ela reagiu bem. Eu até me surpreendi. 

- O que você disse? - Ela riu. 

- Eu contei que você era uma pessoa muito bacana, e disse que gostava muito de você, e também disse que a gente ficou esse tempo todo, e que fomos pra cama também. - Eu ri. 

- Você é maluco. Assim que quer voltar com ela? - Flavinha perguntou incrédula.

Ela não sabia que Jor tinha me traído. 

- É, é assim. Eu disse também que nós poderíamos ter dado certo, que só não deu porque eu conheci ela antes. 

- Se tivesse me conhecido antes então teríamos dado certo? 

- Certamente. Você vai ser sempre especial pra mim, Fla, mas... 

- Mas não sou ela. - Ela sorriu sem graça. 

- É, não é.

- Mas, Lu, eu quero que você seja muito feliz. Estou muito agradecida por você ter vindo aqui, de explicar.

- Eu também. Por isso você merece alguém que te ame. 

- Eu sei disso. - Ela sorriu. 

Deitei minha cabeça sobre seu colo e começamos a conversar sobre meu jantar da noite anterior, mas logo fui embora, almoçar com Pedro. 

Naquele mesmo fim de semana, antes de ir viajar, desci atrás de uma roupa e encontrei Jordana na sala com Pedro. Fui cumprimentá-la e depois sentei no sofá e fiquei olhando os dois juntos. Tive uma idéia boa, acho que faria os dois felizes.

- Jor? 

- Oi. - Ela se virou sorrindo. 

- O que vai fazer esse fim de semana? 

- Eu? Não sei. Acho que nada. 

- Que tal levar Pedro com você? 

- Comigo? - Os olhos dela brilharam. - Eu posso passar o fim de semana com ele? 

- Pode, acho que seria bom. O que acha, campeão? - Perguntei pra Pedro enquanto ele veio até mim subindo em meu colo. 

- Deixa eu ir com a mamãe, papai? Deixa?

As lembranças vão na mala (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora