- Vamos, leia! – diz Rosa.
Respiro fundo e então leio:
"Ei, sumido!
Por onde anda?
Fiquei com saudades de você ontem
à noite ;)"- Ui! – diz Rosa.
- Ai, que raiva! Socorro! – solto, sem aguentar segurar minha frustração dentro de mim.
- Anna, eu não queria te dizer isso, mas... Vocês não estão juntos.
- Eu sei. – admito.
- E mesmo que aqui dentro de casa vocês finjam que sim, lá fora pode ser diferente. Sempre achei muito fofo e romântico da parte de vocês esse posicionamento de quem não precisa seguir convenções, tradicionalismos ou sei lá como chamavam, para ter o comprometimento do relacionamento representado em uma aliança, por exemplo. Mas considerando a situação atual, isso se torna um fator importante, já reparou?
- Não tinha me preocupado com isso, assim como nunca me preocupei. Mas, admito, que desde que nos mudamos, para mim o mais natural foi pensar que da porta para fora, estaríamos juntos, para qualquer um em qualquer lugar. Nunca conversamos sobre detalhes ou acordos sobre o que poderia magoar o outro. A possibilidade de conhecer alguém novo estava muito distante para mim
- Então ficou tudo bastante em aberto, pelo visto. Não dá para saber só pelas mensagens, mas é possível que essa Dani não saiba que vocês tenham um relacionamento... Tinham... Sei lá, estou confusa agora.
- Mas todo mundo da ONG sabe da minha existência, não?
- Acho que sim. Provavelmente...
- Então!
- Mas quem disse que ele conheceu ela na ONG?
- E onde mais?!
- Não sei, Anna. Vocês precisam se comunicar melhor!
- Eu sei. – admito.
- Por agora, não adianta ficar deduzindo coisas e fritando a cabeça com isso. Que tal você dar uma descansada? – sugere ela. – Dar um mergulho na piscina? Tomar um pouco de sol? Vou te preparar um milk shake de Ovomaltine!
- Obrigada, Rosa. – agradeço, ainda que não consiga me ver em um dia de relaxamento hoje, mas é um agradecimento muito, muito maior do que aparenta ser. - Não sei nem como te dizer o tamanho de minha gratidão por tudo que você fez por mim, por Leo e pelo meu filho. Estava vivendo em um mundo tão cético que me reencontrar com sua solidariedade e paciência parece um milagre. Mal posso acreditar que você continua ao meu lado mesmo depois de tudo que te contei. Mesmo assim, minha amiga, acho melhor voltar para o interior, voltar para minha casa.
- O que? Não! – se assusta Rosa.
- Só por um tempo. – insisto. - Para colocar minha cabeça no lugar. Você tem razão, eu não posso ficar neste estresse, não posso fazer isso com o bebê.
- Mas Anna... Você acha que vai ter mais paz e descanso lá do que aqui?
- Eu só não posso ficar perto do Leo enquanto não decidir o que eu quero, enquanto não entender meus sentimentos...
- Ok. Eu entendo. – aceita ela, ainda que visivelmente chateada. - De qualquer forma, não acho uma boa ideia você dirigir sozinha neste estágio da gravidez. Espere até à noite, quando o Jorge chegar nós dois te levamos, está bem?
- Eu posso tomar um ônibus. – sugiro.
- Nem pensar! – grita ela, se levantando e me puxando junto com ela. – E enquanto isso, milk shake!
- Rosa, eu não te mereço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]
RomanceNo momento mais desesperado de sua vida, Anna descobre que tudo depende de uma segunda chance. Aos 28 anos de idade, Anna acredita que sua vida já está completamente fora de controle, seja culpa do retorno de Saturno, outro motivo cósmico, cármico o...