UNDER BLACK WATERS

UM DIA PERFEITO

18 de setembro de 1975, Hogwarts.

Aquela semana havia sido particularmente irritante.

Kate havia feito tantos planos para o fim de semana que mal podia pensar corretamente, sua cabeça doía com a grande quantidade de afazeres da escola e fora dela. Estava preocupada e odiava ter de lidar com tantas pessoas.

As obrigações como monitora tomavam boa parte de seu tempo livre, ela tinha de estudar e entregar dois trabalhos na próxima semana e, naquela sexta-feira à tarde, havia sido intimada por sua avó a participar do clube de duelos e mal teria tempo de passar o tempo onde queria, as estufas.

Além disso, Evan Rosier estava no pé dela. De acordo com ele, o recrutamento para o Lorde das Trevas deveria andar mais rápido e ela mal tinha paciência para lidar com o garoto, quiçá selecionar delinquentes em potencial. E como se não bastasse, havia toda aquela confusão juvenil com Laghoire Yaxley e Sirius Black.

Na quarta-feira, Sirius a abordou para falar sobre Laghoire e Kate não ficou nem um pouco feliz em descobrir que havia sido ela quem espalhara aqueles boatos infelizes sobre ela. Era uma situação humilhante, ainda mais com toda a escola sabendo que ela havia recebido propostas de casamento muito enfáticas de homens com idade para serem seus avôs. Katherine ficou zangada, claro, e decepcionada com a ruiva, afinal, Kate jamais fora nada além de simpática e amigável com Yaxley. Ela não tinha vontade de se vingar; se dependesse dela, nada faria.

Porém, se ela deveria aparentar ser decidida e impiedosa, pelo seu bem e de sua família, a vingança seria necessária. O que a levava de volta para o recrutamento.

Naquela manhã, antes da aula, Evan lhe informara rapidamente sobre os primeiros candidatos ao seu "grupo de elite", que era como ele se referia aos "comensais da morte juniores" (que era como Kate se referia aos recrutas em sua cabeça). Eles se reuniriam hoje, brevemente, definindo os inícios de uma parceria muito profícua, se tudo saísse de acordo com o plano. Kate tinha um plano, claro, muito embora tivesse ainda alguns detalhes a definir, mas ela não deixaria que Evan Rosier soubesse disso.

-Então você sabe o que fazer.

Evan a encurralou entre duas armaduras em um corredor do castelo e encarou-a no fundo dos olhos em busca de uma falha, de uma hesitação. No entanto, Katherine Waters lhe devolvera um olhar frio e cheio de impaciência.

Kate estava zangada: revirou os olhos e andou para longe o mais rápido possível.

Assim, a garota passou toda a manhã com um nó na boca do estômago e mal prestava atenção no que se passava durante a aula de Adivinhação. A loura desenhava formas indefinidas com a pena na borda de seu livro como uma forma de lidar com sua ansiedade, pensava em escrever para os pais muito embora não tivesse certeza de que receberia um bilhete sequer como resposta. Kate sentia que estava passando pela situação mais difícil que encontraria em sua vida e não tinha uma pessoa sequer com quem se abrir.

Emma era a única pessoa de sua família com quem tinha contato, mas a mulher estava estranha, mal parecia sua avó naquelas últimas semanas. Talvez ela apenas estivesse tentando manter as aparências como professora, ela imaginava. No entanto, Kate se sentia muito sozinha naquele momento e tinha medo de que fosse explodir.

Seus devaneios foram interrompidos quando Erin pareceu se exaltar.

-Aquela vagabunda.

Todas as meninas olharam espantadas para a jovem Rosier quando ouviram aquelas palavras, uma vez que a garota nunca usava aquele tipo de expressão. A menina olhou ao redor e deu de ombros.

-Ora, é verdade. Eu frisei que ela não dissesse nada a ninguém sobre aquela noite e ela não só deu com a língua nos dentes como inventou uma série de coisas!