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🔥Eris🔥

Eu sabia que ela iria roubar meu colar na primeira oportunidade que tivesse e por isso dei as costas a ela. Quero que ela seja minha espiã. Grewn me disse que ela matou aqueles feéricos com veneno no sangue. Se ela é capaz de fazer aquilo envenenada, o que será que é capaz de fazer quando está saudável?

Tinha colocado meu colar na mesa do meu quarto, bem amostra, e esperava ansiosamente o momento em que eu fosse pegar ela “no flagra”.

🔥Hyrin🔥

Eu estava ofegante demais. Parte devido a infecção que estava piorando, parte porque esse castelo é enorme.

Ninguém tinha me seguido, muito menos desconfiado da minha correria pelo lugar. Entro em uma biblioteca e perco o fôlego. Se eu não tivesse determinada a achar esse colar, ficaria aqui para sempre. Dou uma rápida olhada na biblioteca e não vejo nada brilhante e laranja. Somente livros.

Corro por vários corredores e subo milhares de escadas. Minhas pernas tremiam e vomito em um vaso de planta que estava ali. Adubo natural, a planta vai adorar. Me apoio no joelho e encaro a porta a minha frente, essa seria minha última tentativa. Se não estivesse aqui, iria roubar os livros daquela biblioteca e usá-los para lazer próprio.

Abro a porta que faz um barulho estridente e quase grito de alegria. O colar estava bem ali, em cima de uma mesa. Observo o lugar procurando por armadilhas e vou praticamente saltitando em direção ao colar. A jóia é gelada contra minha mão e observo ela de perto. Tão linda que parecia ser de mentira. O brilho laranja é tão intenso que tenho que semicerrar os olhos para analisar a jóia direito. Coloco ela no sutiã e saio do quarto em silêncio.

—Eu te ofereço tratamento e você me rouba, achava que os illyrianos tinham modos — ouço a voz de Eris atrás de mim e fico imóvel. Como ele sabia que estava roubando? Me seguiu? Não, eu me certifiquei disso ao andar em círculos durante horas por esse lugar.

—Eu não roubei nada. Estava olhando como seu quarto é bonito — falo firme e dou de ombros. Mostro as mãos e ele sorri de lado. Eris se aproxima devagar e me forço a não recuar diante do olhar dele.

Eris fica a centímetros de mim, consigo sentir sua respiração em minha testa. Uma de suas mãos apertam minha cintura e olho para ele confusa. A outra mão de Eris vai em direção a meu sutiã e trinco os dentes ao ver ele tirando a jóia dali com um sorriso irritante no rosto.

—Poderia ter escondido em um lugar onde seria mais divertido de tirar — ele sussurra e coloca o colar no bolso.

—Vai me prender? — pergunto com a voz firme como sempre e ele dá um passo para trás rindo.

—Essa jóia é importante para mim. E não sei se você sabe mas aqui temos pena de morte para alguns crimes — meu corpo fica gelado. Ele seria realmente capaz disso? Me matar por conta de um colar? Óbvio que seria, ele matou o próprio pai para assumir o trono.

Minha mente é tomada por lembranças das minhas amigas, minha família. E até de Nyx, nos raros momentos em que me diverti com ele. Não quero morrer, definitivamente. Na verdade, não posso. Não agora. Tenho muita coisa para viver e muitas memórias para criar.

Sinto minha magia tomar conta do corredor e antes de eu conseguir golpear, Eris me atingi com a magia dele. Chamas explodem e só não sou atingida porque fui rápida e conjurei um escudo com os Sifões. Caio no chão, logo em cima do meu machucado. Grito de dor e Eris recua um passo com o rosto petrificado. Minhas costas ardem e uma lágrima desce quente do meu rosto.

Ele se aproxima e segura meu queixo, aquele horror e medo sumiram de seu rosto e deram lugar a um sorriso convencido.

—Podemos fazer uma troca. Você pode ser minha espiã e esqueço a tentativa de roubo — ele fala com a voz um pouco trêmula e me pergunto se se sentiu culpado quando me jogou longe. Arfo de dor e viro o corpo de lado para não encostar o machucado no chão.

Cortes de Chamas e MemóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora