BÔNUS: Uma carta pra uma amiga.

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" Quem tem um amigo tem tudo
Se o poço devorar, ele busca no fundo
É tão dez que junto todo stress é miúdo
É um ponto pra escorar quando foi absurdo

Quem tem um amigo tem tudo
Se a bala come, mano, ele se põe de escudo
Pronto pro que vier mesmo a qualquer segundo
É um ombro pra chorar depois do fim do mundo

Ser mano igual Gil e Caetano
Nesse mundo louco é pra poucos, tanto sufoco insano encontrei
Voltar pra esse plano e vamos estar voltando
É tipo Rococó, Barroco em que Aleijadinho era rei

É presente dos deuses, rimos quantas vezes?
Como em catequeses, logo perguntei
Pra Oxalá e pra Nossa Senhora
Em que altura você mora agora, um dia lhe visitarei."

- Quem tem um amigo, tem tudo. Emicida ft. Zeca Pagodinho, Tokyo Paradise Orchestra e Prettos.

 Zeca Pagodinho, Tokyo Paradise Orchestra e Prettos

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- Você me escutou, Júlia?

A namorada piscou perdida, totalmente atordoada. Seus olhos estavam presos na paisagem selvagem que a Mata Atlântica oferecia. Então, depois foram direcionados para o namorado, que dirigia tão tenso que os nós dos seus dedos estavam brancos. Sua respiração estava curta, exalando sua ansiedade com o que acontecia.

Uma mistura de preocupação com sua amada e os pensamentos mais densos possíveis sobre o paradeiro de sua amiga. Sara tinha uma facilidade absurda de fazer amizades. Coisa que nem Júlia e nem Simão tiveram em toda sua vida. Um brilho épico apaixonante de uma mulher misteriosa digno de filme com final trágico. Um clássico repaginado de Rebeca.

- Não. Desculpas. Você quer repetir?

- Não. Esqueça.

Júlia voltou seus olhos então para suas mãos. Estavam vermelhas com tons de roxos. Elas latejavam, mas não doíam como deveriam, devido a adrenalina. Aquela droga distribuída pelo cérebro, fazia qualquer outra coisa do tipo, uma piada. Os flashs da conversa acalorada com irmão não saiam de sua mente e a mulher não podia se sentir mais culpada por estar pensando em outra coisa, que não seja na sua melhor amiga desaparecida.

Mesmo assim, ela reprisava aquilo. Era um terrível Dejà Vú. Lembranças de um passado que ela pensava que tinha superado. Mas o fato de ter usado o ponto mais fraco do irmão no pior momento que ele já esteve em muitos anos, exibia para quem quisesse ver que ninguém tinha superado o que ocorreu. E foi burrice dos Walsh achar que dava para simplesmente superar aquele ano completamente purgatórico que viveram quando Lúcia morreu.

Ou fingir que aquilo não tinha mudado profundamente a relação deles. Fingir que não era um grande elefante rosa no meio da sala de estar, que, por anos, se fizeram de cegos sobre aquilo e com certeza, continuariam fingindo que não existe. E que Bruno, é o que mais tem cicatrizes daquele tempo. Cicatrizes das quais ele nem consegue falar através de sussurros num quarto sozinho ou numa multidão alucinante. Aquele homem vivia por um fio.

Os segredos e os perigos que guardam no coração da floresta.Onde histórias criam vida. Descubra agora