Capítulo 17

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** Bella **

Eu não conseguia explicar a sensação de agonia que estava sentindo, foi como se estivesse acontecendo tudo outra vez, o meu pai caído na varanda enquanto eu gritava por ajuda esperando que no mínimo algum vizinho pudesse ouvir ... Quando eu vi o Robert caindo ficando roxo tudo que eu não queria é que ele tivesse o mesmo destino do meu pai.

- Senhora Baroni?

Um homem grisalho veio falar comigo.

- Eu sou doutor Morgan, psiquiatra do seu marido.

Ele se apresentou - Freed ligou pra min e disse que estavam trazendo Robbert pra cá o que aconteceu?

- Eu não sei explicar, ele chegou e eu estava brincado com meu filho na sala até que desmaiou e perdeu o folego.

Aquela cena se repetia por várias e várias vezes e eu buscava entender mas não conseguia, Robbert sempre me pareceu tão saudável e forte fisicamente e de uma hora pra outra sua estrutura ruiu.

- Provavelmente a senhora não sabia mas Robbert estava propenso a um AVC eu já o havia alertado que os exames não estavam bons , ele anda muito estressado e não tem tomado os remédios corretamente.

O médico explicou e então tudo fez sentido.

- Eu não fazia ideia...

Mais uma vez ele se escondeu em seu casulo e ignorava nosso vínculo de convivência.

E de repente umas lágrimas escaparam dos meus olhos rápido demais, meu pai havia tido um infarto fulminante a uns anos atrás e eu não pude fazer nada.

- Eu não quis te assustar senhora eu só queria que ficasse sabendo, tenho certeza que não te contaria , eu não sei qual é o real estado dele agora mas eu preciso realmente que ele comece a se cuidar.

Antes que eu pudesse falar algo o médico de plantão da emergência veio até nós tirando qualquer tipo de atenção que ainda me restasse.

- Senhora Baroni, nós já transferimos seu marido para um quarto após alguns exames ele está instável,  teve um princípio de infarto mas vocês foram muito rápidos o que favoreceu seu  tratamento .

Suspirei de alívio ao ouvir aquele parecer .

- licença doutor eu sou o psiquiatra do paciente será que eu poderia dar uma olhada nele? Ele tem tido problemas com estresse e ansiedade ultimamente.

O médico se identificou ao outro e assim seguiram.

- Me acompanhe por favor e a senhora pode vir também.

Caminhamos em silêncio até o final do corredor , os seguranças estavam na porta do quarto de Robbert, bem , ele parecia muito calmo parecia estar em um sono profundo.

- Não se assuste , ele só está sedado.

Doutor Morgan pareceu entender minha preocupação.

Eles conversaram entre si e o médico de plantão falou ao doutor Morgan que se Robbert respondesse bem poderia ir pra casa amanhã mas precisaria de repouso e de fazer o uso dos remédios que já eram prescritos corretamente.

Depois que eles saíram eu liguem pra Gretta , fiquei tão assustada que nem me dei conta do quanto Nathan deveria ter ficado também mas ela me tranquilizou dizendo que ele chorou um pouco mas estava bem.

Naquele dia horas mais tarde  Silver trouxe comida pra min e algumas roupas que me deixaram mais confortável então agora tudo que me restava era  esperar.

- Como isso aconteceu?

Julian  seu melhor amigo rompeu o silêncio do quarto.

- Eu não sei explicar ele só caiu.

Ao tentar me lembrei do corpo de Robbert tombando no chão.

A essa altura do campeonato eu evitava muitas palavras, não queria ficar chorando o tempo todo.

- Você precisa que eu passe a noite aqui?

Ele se ofereceu solicito.

- Não é necessário , você deve descasar pra ir pra empresa amanhã já que o Robbert não vai estar, Nathan está bem Gretta vai ficar com ele.

Precisávamos ser estratégicos.

- Tudo bem, mas se você precisar de algo...

- Obrigada Julian...

Julian foi logo embora pois a politica do hospital não permitia mais de um acompanhante e nós já estávamos passando dos limites com os seguranças; Me peguei pensando porque Robbert era assim, a tempos apresentando sinais de fraqueza física mas por fora continuava como um soldado de guerra, me revoltava um pouco a falta de coragem dele pra dividir os problemas mas me dei conta de que nesse quesito talvez eu não fosse tão diferente assim.

- Sensação de deja vu...

Robbert falou com uma voz fraca, aquela realmente era uma sensação parecida a de quando o resgatei.

- Que bom que acordou.

Falei.

- Você chorou...

Será que estava tão na cara assim?

- Eu estou bem...

Mentindo outra vez e não dividindo o que sentia, é  , parece que não somos tão diferentes.

- Porque não ficou em casa, e o Nathan?

Era incrível como ainda debilitado ele tentava ser dominador.

- Nathan também está bem, não fale muito você precisa descansar.

- De repente você parece muito mandona.

-Descanse senhor Baroni .

Afaguei sua cabeça e ele segurou meu pulso.

- Eu a assustei...

Por um instante eu Jurava que sua expressão se tornou preocupada.

- Eu disse pra não se preocupar comigo , agora descanse e eu vou sentar bem ali esperando que amanhã nós dois possamos ir pra casa.

Ele não disse nada apenas me observou por um longo período de tempo até adormecer outra vez.

Olhei pra tela do meu celular um par de vezes até minha pálpebra ficar extremante pesada, eu poderia deitar na cama do acompanhante mas não queria estar tão distante caso ele precisasse de min, então se eu tivesse que adormecer que fosse naquela poltrona mesmo.

Pela manhã me trouxeram roupas novas e eu fui fazer a higiene quando retornei me deparei com Robbert tentando persuadir a enfermeira a remover seu acesso.

- Não se dê ao trabalho Robbert aqui não é sua empresa.

A enfermeira nos deixou.

-Então você não foi mesmo pra casa...

Ele parecia irritado.

- Não perca sua paciência, em breve nós iremos, e juntos.

Ele resmungou. - Já fez sua refeição?

Perguntei.

- Sim a poucos minutos atrás.

Respondeu.

- Eu acordei a noite e vi você cochilando na cadeira e achei que estivesse sonhando.

- Não, não estava... Eu sai hoje pela manhã pra fazer minha higiene depois que me trouxeram roupas.

- Você ...

Percebi que ele ia começar a alimentar aquele discurso individualista outra vez então o repreendi.

- Eu sei o que vai dizer, " você não precisava", mas não é isso que a família faz?

Ele não respondeu e me fitou como se estivesse chocado com aquela assertiva.

As sombras  do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora