senhor da meia noite

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TARDE DA NOITE ele costumava acordar. Seus pés, tão bonitos e delicados eram colocados para fora da cama, com a agonia para sair da onde estava. Levantava calmamente, tenso e irritado por ter tido mais uma crise de insônia, e ia se deitar no sofá.

Como sabia de tudo isso, você se pergunta? Observava seu marido sempre que tinha esse costume de acordar tarde da noite, após garantir que já estivesse dormindo.

Levantava para não lhe acordar e ia para a sala, comer algo ou ler livros. Dizia ele que, "Deitar em uma cama sem sentir sono é o próprio pesadelo que nunca desejou ter". Sentia-se péssimo quando isso acontecia. Nunca se passava algo de útil em sua mente para poder fazer seu querido ter sono mais rápido. Se culpava por isso diversas vezes, ao ver que as olheiras abaixo de seus olhos cresciam cada vez mais, no dia seguinte. Ou quando, argumentadas que haviam crescido mais, o ruivo desviava do assunto apenas dizendo: "Claro, claro! Não se preocupe!"

Tinha o péssimo costume de se culpar por problemas que não eram seus. Ainda mais quando se tratava de Reki Kyan, seu marido à quase quatro anos.

Se espreguiçou na cama, bocejando. Pensara em diversas formas para ajudar Reki, mas nenhuma delas lhe favoreciam no momento. Pensava demais, o dia todo, em coisas inúteis e fúteis, que quando chegava o momento de pensar em algo bom, sua mente simplesmente travava. Era extremamente irritante. Estupidamente irritante.

Uma grande merda, ele resumia.

Levantou-se, zonzo pela recente movimentação. Caminhou calmo, sem fazer muito barulho até a pequena sala, que não era muito longe de seu quarto, e ligou a luz. Encantado, riu bobo pelo o que presenciava. Reki, deitado sobre um ursinho enorme de pelúcia, murmurando palavras sem sentido em uma tentativa falha para se distrair. Bom, ele presumiu!

Com a luz em suas vistas, o avermelhado sentou-se corretamente no sofá, enquanto cossava seus olhos. Ao contrário do marido, pressionava os seus um contra o outro.

Amor, já lhe disse que não precisa se preocupar comigo!

O tom em sua voz ao dizer aquilo lhe dizia ao contrário. Era como se, em um pedido mudo, ele estivesse pedindo um abraço para poder chorar em seus ombros. Com um aperto em seu peito, caminhou lentamente até seu querido e sentou-se ao seu lado, desanimado.

Nada disse. Apenas abriu seus braços, e como havia presumido, Reki o abraçou fortemente. Enquanto suas mãos seguravam o tecido de trás de seu moletom, acariciava seus fios de cabelo, sobre sussurros de culpas e fungadas pelo recente choro.

Nada disse. Nada comentou. O apertou em seus braços, até que Reki pudesse se acalmar.

Ele disse, minutos depois. Um comentário tão fofo e belo de se ouvir, que abriu um sorriso nos lábios pequenos de seu marido. O sorriso que tanto amava ver, mesmo que a escuridão da tristeza e culpa os rondasse nos momentos de melancolia como aquele.

— Seus olhos deixam de brilhar quando essas malditas crises acontecem, e não tenho outra escolha a não ser deixar de brilhar também.

O aperto ficara mais forte. Entendeu aquilo como sinal de felicidade. Sorriu pequeno.

Era nesses momentos que se culpavam, desabafando sentimentos que sentiam por igual. E foi o que Reki fez, ao fungar e olhar para cima, garantindo que estivesse lhe olhando nos olhos.

— Me desculpa, eu sou horrível!

E era nesses momentos que chorava logo depois de Reki. Ouvir o seu garoto se culpar por coisas que não eram sua culpa lhe deixava frustrado. Triste. Amargurado. Com o maldito sentimento de que não fora suficiente para não lhe fazer sentir-se daquela forma.

Reki se assustou, abraçando-o desajeitadamente, enquanto voltava a chorar junto de si também.

Faziam isso quando sentiam-se mal. O ritual de compartilhar o choro era algo duradouro em sua relação. Ou como disseram, no auge de seus dezessete anos: "O choro compartilhado é uma forma silenciosa de compartilhar nosso amor. Demonstrar que se importamos um com o outro, e que sentimos mesmo por não ter palavras no momento para consolar um ao outro. Encontramos nossa calmaria no abraço. Nos sons de sussurros de culpa, na turbulência que nossas mentes estão e compartilham do mesmo sentimento. Somos tão únicos. De corpo e alma, nos conectamos. "

Apesar de não terem palavras, alguns gestos significavam palavras que foram silenciadas e não tiveram a oportunidade de ser pronunciadas.

Naquele dia, ao terem voltado para o quarto e deitados sobre suas próprias vistas, Reki Kyan fechou seus olhos, pela primeira vez, primeiro que ele. Naquela noite, um pouco mais tarde, Reki Kyan havia conseguido dormir.

Naquela noite, no exato momento que olhou para seu amado ao desvencilhar dos carinhos que lhe dava nos cabelos sedosos, tornou-se o homem mais feliz e orgulhoso da face da terra.

Naquela noite, Langa Hasegawa havia cumprido sua missão de fazer seu querido dormir primeiro que ele. E naquela noite, compartilharam seus sentimentos de corpo e alma pela quarta vez.

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