Capítulo 21

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Aysha! Filha, acorda! - Minha mãe me balançava tentando me acordar, eu resmunguei ainda sonolenta. — Acorda, o Yeonjun está aqui.

Ao ouvir aquela frase todo o meu sono sumiu e foi substituído por uma expressão de confusão. Eu não tinha a mínima ideia do porquê que o Yeonjun estava na minha casa em pleno domingo de manhã e sem me avisar que viria.

Levantei-me e sentei na cama, cocei os olhos que se negavam a abrir por completo, olhei para a minha mãe esperando que ela dissesse alguma coisa sobre o assunto e assim o fez:

— Ele disse que quer conversar comigo e com seu pai sobre... - Ela pausou apreensiva e passou a mão na testa. — Sobre vocês, sobre o vosso "relacionamento". - Ela fez sinal de aspas com os dedos.

A olhei confusa, respirei fundo, levantei e fui até ao banheiro fazer a higiene. Havia uma pergunta que não saia da minha cabeça "O que o Yeonjun quer falar com meus pais? E porquê ele não me disse nada?". Saí do banheiro, sequei o cabelo com a toalha, fui até ao closet e tirei uma roupa qualquer, me olhei no espelho e vi meu cabelo húmido, penteei o mesmo, coloquei um pouco de gloss nos lábios, um pouco de perfume e desci rápido até a sala onde estavam os meus pais e o Yeonjun.

— Bom dia! - Sentei-me ao lado de Yeonjun que estava de frente para o meu pai.

— Bom dia! - Responderam em uníssono.

— Yeonjun, posso falar com você? É só um minuto. - Olhei para ele o ameaçando com os olhos. Ele assentiu com a cabeça. — Nós já voltamos.

Peguei em sua mão e o puxei até ao escritório, entramos e tranquei a porta, ele sentou-se na cadeira do meu pai, colocou um braço sobre a mesa, apoiou a cabeça no outro e me encarou esperando eu falar.

— O que você está fazendo aqui em pleno domingo de manhã? - Questionei franzindo a testa e cruzei os braços esperando uma resposta.

— Eu vim falar com seus pais! - Ele sorriu de lado me deixando irritada.

— Porquê você não me avisou que viria? E que porra você quer falar com eles? - Questionei já impaciente.

— Afff... - Ele levantou da cadeira, caminhou em minha direção, parou de frente para mim, segurou meu rosto com as duas mãos e sorriu bobo. — Me desculpa por não ter falado com você antes, a verdade é que eu tomei essa decisão ontem a noite. Eu sei que posso estar indo rápido demais e que talvez eu esteja me precipitando mas... eu não quero mais perder tempo até porque já perdemos tempo demais. Eu sei que ti magoei muito antes, também sei que perdi a confiança dos seus pais mas eu estou disposta a fazer seja o que for para a recuperar. No próximo ano você será maior de idade, você já será dependente e... eu gostaria muito de... - Ele pausou receoso, olhou para o chão buscando coragem para continuar, ele respirou fundo e voltou a me encarrar. — Eu quero morar com você! - Seu rosto se avermelhou de imediato, ele desviou o olhar.

Um silêncio constrangedor se instalou naquela sala. Eu estava paralisada, eu não sabia como reagir, eu já tinha pensado nisso antes mas eu não estava à espera que ele tivesse a iniciativa de tocar no assunto. E para completar, ele nem sequer tinha me avisado... aquilo seria uma surpresa tanto para mim como para os meus pais.

— E-eu... Eu não sei o que dizer. - Me afastei e comecei a andar de um lado para o outro. — Morar com você... e... e meus pais? Eles não vão aceitar isso... porra Yeonjun!

— Hey, hey! Calma! - Ele segurou meu braço me fazendo parar de andar as voltas. — Não precisa ser agora e também eu não vim falar disso com eles, eu vim pedir desculpas pelo o que aconteceu e quero pedir uma oportunidade para recuperar a confiança deles. Vamos! Eles estão nos esperando. - Ele me puxou pelo braço e abriu a porta sem nem me dar tempo para responder.

Voltamos para a sala e sentamos, eu estava de frente para a minha mãe e ele estava de frente para o meu pai, meus pais estavam um pouco estranhos, era como se estivessem tentando disfarçar algo. Yeonjun estava muito nervoso, apertei a mão dele tentando o transmitir confiança e o tranquilizar.

— Bem... Senhor e Senhora Kim, eu vim pedir desculpas por tudo o que aconteceu, por favor, me perdoem por ter magoado a vossa filha. - Ele apertou minha mão quase quebrando meus dedos.

— Tudo bem! O que importa é que resolveram as coisas! - Minha mãe sorriu de lado em nossa direção, meu pai ficou calado olhando fixamente para os nossos dedos entrelaçados. — E quanto a confiança... Só com o tempo você pode recuperar ela.

Meu pai coçou a garganta, ajustou-se no sofá inclinando para frente e apoiou as mãos em sua coxa, entrelaçou os seus dedos e olhou fixamente para os olhos de Yeonjun.

— Confiança... Você está pedindo uma oportunidade para recuperar a nossa confiança. - Meu pai fitava Yeonjun o intimidando, senti as mãos dele tremerem e esfriarem. — Se dependesse de mim ela nunca mais olharia na sua cara de novo, ela nem sequer ouviria mais o seu nome mas... - Ele pausou, olhou para mim e franziu a testa. — Ela ainda ama você, você foi o primeiro amor dela e ainda continua sendo. Eu não posso negar a ela uma felicidade que só você a pode dar, pela minha filha e por ela... - Ele intensificou o 'só'. — Eu irei perdoar você e dar-te uma oportunidade para recuperar a minha confiança mas eu não vou facilitar para você, então se esforce. - Yeonjun e eu suspiramos de alívio, ouvir aquilo foi como tirar um peso das costas. — E... quanto a ela morar com você... - Yeonjun e eu arregalamos os olhos e nos entreolhamos surpresos pelo que acabávamos de ouvir. Mas como é que ele sabe? — Nos desculpem mas nós ouvimos atrás da porta a vossa conversa. - Meu pai falou cabisbaixo constrangido, minha mãe baixou a cabeça envergonhada e Yeonjun e eu os olhamos indignados.

— É sério isso?? Pessoas adultas escutando a conversa dos outros atrás da porta? - Os questionei incrédula. — Sinceramente, vocês deviam ter vergonha disso! - Cruzei os braços e os pés me encostando no sofá.

Yeonjun ainda estava desacreditado e indignado com o que acabara de ouvir. Ele não esperava aquilo deles nem eu esperava.

— Nos desculpem! Mas é que esse garoto apareceu aqui em pleno domingo de manhã e bem na hora do pequeno almoço dizendo que queria conversar connosco e você ainda estava dormindo o que nos fez perceber que nem você sabia que ele viria. Então... decidimos procurar saber o que estava acontecendo porque se perguntássemos, vocês não diriam. - Minha mãe se justificou tentando remediar a situação.

— Tudo bem, Senhora Kim. - Yeonjun finalmente acordou do transe em que estava. — Eu entendo! - Ele sorriu de lado.

— Como eu estava dizendo... - Meu pai falou quebrando o silêncio constrangedor que havia se instalado ali. — Viver com alguém não é fácil, isso exige muita responsabilidade, paciência e sobre tudo maturidade! - Ele olhou para mim sugestivo. Ele sabia que estava mencionando coisas que não tenho. — A Aysha pode até tentar ser responsável e fazer um esforço para ter paciência mas ela ainda não tem maturidade para tal e... eu sinceramente acho que vocês só estão se deixando levar pela emoção do momento. Vocês ainda tem uma vida pela frente, vocês ainda são muito jovens e não precisam ter pressa. A verdade é que vocês não estão prontos para viver um com o outro e eu sugiro que façamos um teste! - Minha mãe, Yeonjun e eu nos entreolhamos confusos. — Uma vez que a Aysha está de férias... — Ele pausou apreensivo. — Espero não me arrepender disso. - Ele resmungou. — A Aysha pode ir passar a semana que vem com você!

Todos ficamos em silêncio tentando processar aquela informação, minha mãe arregalou os olhos surpresa encarando meu pai, Yeonjun e eu paralisamos ficando de boquiabertos sem poder acreditar nos que acabávamos de ouvir.

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