Capítulo 32 part 1

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- Sam? – abri os olhos e olhei para a porta. Jack estava com metade do corpo para dentro do meu quarto. – Eu estou tentando te acordar há um tempo... – ele olhou rapidamente pelo quarto e fez uma cara assustadora pra mim. – Você ficou estudando depois que a gente voltou ontem, não é? – sorri sem graça e me sentei.

Depois de tudo o que aconteceu ontem chegamos ao acordo óbvio de que não seria saudável para nenhum de nós dois continuar dividindo o quarto, então Jack dormiu no quarto de hóspedes.

- Hoje é a semifinal, não é? Como você acha que vai ter um bom rendimento sem dormir?

- Ok, já chega de sermão logo de manhã – revirei os olhos. – Eu já sei de tudo isso. Não precisa encher meu saco...

- Você não tem a mínima esperança de ganhar, não é? – percebeu. Olhei em sua direção rapidamente, mas não respondi. Não é como se eu precisasse responder...

Andei até o closet, bocejando.

- O que você vai fazer daqui pra frente? – questionei, me virando para ele. – O que você quer para o seu futuro?

- O que eu quero? Você sempre soube o que eu quero...

- Sim, eu sei. O que eu quis dizer é: você pretende continuar com o basquete? Ou era uma ocupação apenas de clube, enquanto você estava na escola? – ele abriu a boca para responder, mas eu continuei. – Eu não vou dizer que a possibilidade de fazer o vôlei virar algo sério no meu futuro nunca passou pela minha cabeça, mas eu sinceramente não aguento mais. Essas amarras já estão pesadas demais e eu acho que já está na hora de eu conseguir me livrar dessa dependência também. Eu não me vejo como uma atleta olímpica ou um grande nome à ser lembrado. Vôlei era um passatempo e uma terapia que acabou se tornando uma dependência e um vício porque me fazia sentir melhor porque eu era capaz de esquecer todas as merdas sobre a minha vida enquanto eu jogava... – seu olhar surpreso me fez sorrir. – E eu finalmente consegui superar essa dependência...

- Então quer dizer que ganhar ou perder hoje não importa...

Dei de ombros, praticamente confirmando.

- Claro que eu quero ganhar e que se nós perdermos eu vou me sentir mal e provavelmente vou ficar muito chateada, mas já não importa tanto. Não como importava antes, pelo menos – em algum momento de nossa discussão de ontem as coisas se ajeitaram de uma forma muito confortável dentro de mim também.

Mesmo que a gente não tenha discutido nada com relação ao esporte, tudo pareceu se encaixar quando eu percebi que eu também estava me prendendo e me restringindo por causa do vôlei, assim como Jack por minha causa. Quando eu me dei conta de tudo isso automaticamente o vôlei passou a ocupar um espaço diferente dentro de mim, com um peso e uma importância muito menores e isso foi libertador, de uma maneira estranha.

Outra coisa que também senti mudar dentro de mim foi minha relação com Seth. Agora, quando eu estou distraída, eu me pego pensando nele, em como vai ser daqui em diante, em como ajeitar o nosso namoro, ou se eu devo realmente esquecer toda aquela história do que aconteceu na escola e encarar ele de frente. Eu sinto falta dele e eu quero tê-lo perto de mim de novo, mas eu ainda me sinto insegura demais para fazer qualquer coisa com relação a ele agora.

Suspirei. Talvez ficar pensando demais não seja a melhor solução no momento. Independentemente se eu quero ou não voltar com ele, parece que quanto mais eu penso naquele dia, mais as coisas parecem fora de lugar, mesmo eu não sabendo exatamente o que está errado e o que está me incomodando tanto... Além do mais, ainda é mais certo e mais seguro manter a nossa relação do jeito que está agora do que forçar e as coisas darem absurdamente erradas.

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