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Mounbridge House, Londres

 Há ainda alguns – na humilde opinião desta autora – suspeitos casamentos, que serão realizados em pouco tempo. Bom, não o suficiente para organizar uma cerimônia desejada por diversas noivas, mas suspeito o bastante. 
 Desejo felicidades aos jovens comprometidos, e alguns realmente necessitarão.

Crônicas da Sociedade Britânica 
05 de maio de 1811

Catarina estava deitada em sua cama, novamente encarando seu dossel, mas sem nada enxergar além da imensidão dos seus pensamentos. A noite abraçava Londres, deixando-a silenciosa, o que, consequentemente, contribuía com cada vez mais devaneios.

Era madrugada do dia 03, e ela mal podia acreditar que havia começado o mês noivando. Não fora bem no começo do mês, mas ainda assim, era no início.

Por Deus, ela estava noiva...

Sabia que um dia isso iria acontecer, era fato. Se preparara para isso desde que nascera. Não só ela, como todas as damas da alta sociedade também.

Se casar era importante, e agora ela iria ser esposa de alguém, receber um título e ter filhos. Ela estava feliz, mas ainda encontrava-se um pouco apavorada. 

James Mountobbani era bonito, ela admitira para si mesma, e com certeza lhe concederia belas proles. Além disso, ele era um conde, e tão respeitado quanto seu pai. Aquilo era um grande fator a favor dele.

Ele também era gentil e honraria seus votos, afinal, ele já se mostrara ser um homem de palavra e possuidor de caráter. Seria um bom amigo, e eles poderiam ter uma relação muito bonita e razoável. 

Mas Catarina ainda se encontrava um pouco decepcionada. Passara anos alimentando o sonho de um dia casar-se por amor, e com um homem tão incrível como seu pai era para sua mãe.

Ela sabia que muitas esposas passavam a nutrir tais sentimentos pelo marido um tempo após o casamento. Outras demoravam muito mais. E em alguns casos – que lhe deixavam aterrorizada –, o amor nunca estava presente na relação.

Ela gostaria de poder dividir a cama e o quarto com o marido durante a vida inteira, mas sabia que teria seu próprio aposento, e temia casar-se e ser mantida distante. 

Ela queria afeto. Desejava amor. Ansiava por ser amada todos os dias. Queria sentir dentro de si aquele sentimento avassalador.

Uma vez sua mãe lhe dissera que o amor deixava as pessoas tontas, extasiadas. Costumava ser muito forte e profundo, e havia muitas nuances. Fazia as pessoas perderem o fôlego ao olharem para a pessoa amada.

Catarina queria sentir todas essas emoções avassaladoras. Desejava sorver da intensidade desse sentimento todos os dias da sua vida. Ela também ansiava por perder o fôlego sempre que olhasse para o marido...

Esperava – mesmo que não mais como antes – que esse sentimento um dia a tocasse. A fizesse delirar de paixão. Ela não desistiria do amor tão facilmente, e orava para que ele não desistisse dela.

Era um fato que James a fazia se sentir estranha. Ela o desejava e sentia até mesmo a ponta dos seus dedos dos pés formigarem quando ele a tocava. Aquilo já era mais do que muitas mulheres tinham, mas Catarina não acreditava ser suficiente. Ansiava por mais.

Ela foi tirada bruscamente de seus devaneios quando a porta de seu quarto se abriu sorrateiramente, e pôde notar três velas clarearem o recinto, e três vultos adentrarem o aposento. 

Catarina ergueu uma sobrancelha e sorriu de canto, encarando as três irmãs sorrateiras invadirem seu quarto. Uma delas fechou a porta, e logo elas se aproximaram da cama.

O Lorde Mountobbani - Mounbridge 01Onde histórias criam vida. Descubra agora