Essa manip lindíssima eu peguei no pinterest, então créditos total a quem fez.
inspirada no novo filme que a Camila fez – Cinderella.
Ignore os erros.
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Eu vivia em um mundo onde a hipocrisia e o machismo andavam colados o dia inteiro. Não é à toa que depois que meu pai morreu eu tive que morar com minha madrasta, já que minha outra alternativa era viver na floresta. Eu não poderia morar lá, aprendi a amadurecer desde de então. Não foi fácil no começo. Minha madrasta não gostava de mim, ela me tratava como sua criada, não só dela mas como empregada das duas filhas mimadas dela. Não foi tão horrível nas primeiras 3 semanas, mas pareceu que algo mudou, ela começou a me tratar mal, ao ponto de me fazer dormir no sótão. Foi difícil.
A cada dia, a falta do meu pai ia aumentado. Ele não era o cara perfeito, claro que passava alguns pensamentos machistas pela cabeça dele, mas ele sempre me ouvia e com isso o fazia pensar. Ele estava se tornando o homem que eu queria que ele fosse: Um pai que entenda e ame e filha do jeito que ela é. Por que eu falo isso? Bom, no meu tempo não era tão normal uma menina nascer intersexual, mas bom, eu nasci. Minha mãe acabou morrendo por causa disso, já que foi difícil a gravidez. Lógico que não foi minha culpa. No começo meu pai se afundou na depressão, mas depois foi se animando com o meu humor pateta. E não que ele tinha vergonha de mim, longe disso, ele só tinha medo do que as pessoas iam pensar. Naquele tempo qualquer coisa que eles não compreendiam era considerado errado ou até bruxaria. O quão sem noção eram aquelas pessoas de mente pequena.
Como eu disse, não foi nada fácil, e piorou quando eu comecei a morar com minha madrasta. Eu tinha esquecido de comentar que eles tinham se conhecido depois que ajudei ao meu pai a se animar. E bom, minha rotina era decepcionante. Eu acordava cedo, tinha que fazer o café da manhã, lavar as roupas, lavar a louça, limpar a casa e nos meus tempos livres eu gostava de criar vestidos e roupas confortáveis. Todas as roupas que eu vestia eram feitas por mim. Era até melhor porque os vestidos que tinham à venda não eram nada confortáveis para mim, porque bom, digamos que... marcava mais que o normal os países baixos.
Eu tinha inventado, nem eu sei como, uma maneira de esconder aquilo através dos vestidos. Apertava, mas, não era o fim do mundo. Em falar nisso, meu pai escondia minha intersexualidade, mas uma hora minha madrasta ia descobrir porque ela vivia andando pra lá e pra cá com ele. Bom, ela não aceitou bem, mas ela não podia mudar como eu nasci, então com o tempo ela foi se acostumando. Não que hoje em dia ela está bem com isso, bom, não. Ela quer que eu esconda, e ela fez isso da pior forma quando eu era mais nova. Quando eu era mais nova não sabia como esconder, naquele tempo eu nem fazia desenhos ou me importava com isso. Até que, ela me puxou para o sótão e jogou todas as palavras em cima de mim. Foi horrível, eu chorei o dia todo. Não que me abale hoje em dia. Os maus tratos dela não me afetavam mais, quer dizer, as palavras dela não me afetam. Mas os danos que ela me fez passar para esconder meu membro, eu nunca vou esquecer.
Passar o resto do dia livre no sótão me fez ficar um pouco doida, talvez? Quer dizer, eu falava com ratos. Minha companhia era ratos e, pelos menos ele não me batiam. No máximo quase me passavam doença, mas não aconteceu até agora, então tá ótimo. Não só os ratos que eu falava, mas, um dia, eu percebi que uma libélula iria nascer em um canto do sótão. Bom, era meio nojento aquilo se mexendo, mas no final iria nascer uma linda libélula. Então eu não me importei com aquilo.
Eu desenhava vestidos, mas eu não tinha muitos tecidos, então eu desenhava coisas aleatórias. Desenhar eu aprendi com meu pai. Eu era bem pequena, mas consigo lembrar como se fosse ontem, ele traçando as linhas no papel enquanto me fazia rir das suas graças. Eu sou uma réplica do meu pai, sem dúvida.