— Quer dizer, você escreveu um álbum inteiro se lamentando sobre sua ex-namorada quando já estava com a Steph... — Entre o silêncio dele, continuo minha fala. — E não pensou ou falou sobre ela em nenhuma das entrevistas que deu, mesmo tendo brecha. Não a dedicou às poucas músicas românticas do seu repertório.
— Ela não se incomoda com isso. — Ele defende, convencido de que está certo.
Me falta coragem para dizer que a loira não se importa com muitas das atitudes ruins dele, desde que ela esteja ao seu lado. Que eles só dão certo porquê ela está disposta a não questioná-lo, a fazer vista grossa. Mal a conheço, eu sei, mas está na cara o tipo de relação que os dois tem.
— E outra, não é porque eu escrevo sobre minha ex que eu não amo minha atual. — Seu olhar para mim é indignado.
— Me fala um pouco sobre o que você mais ama na Steph, então.
— Meus sentimentos sobre minha namorada não tem relação alguma com o que vai para o documentário.
— Nunca se sabe, Luke, eu posso me inspirar nas suas respostas para elaborar mais perguntas...
Ele sabe que estou o desafiando e eu sei que ele não está me respondendo porque não tem sentimentos bons e reais para me contar.
Nossos olhos se encontram.
— Nós podemos entrar? Não aguento mais colocar meu cabelo para trás da orelha por causa do vento.
Não notei ele fazendo isso nos últimos minutos.
O vocalista nem espera que eu responda, se levanta e sai pisando duro para dentro da casa.
O encontro sentado no sofá da sala de estar, acomodado entre as grandes almofadas com sua manta engruvinhada no colo. Aqui, de fato, está bem mais quente e aconchegante do que lá fora, mas eu não tenho a mesma liberdade tabagista que ao ar livre. Ele sabe disso. Deve saber. Não acho que ele costume raciocinar muito, mas se quiser me deixar tão desconfortável com a situação quanto ele está, é só me impedir de fumar. Em contraposição, essa é a única coisa que estava me impedindo de agredi-lo.
— Você conseguiu o que queria, agora pare de se fazer de difícil.
— Eu não tô me fazendo de difícil! — Rebate.
— Claro. — Respiro fundo, me sento na ponta do mesmo sofá em que ele está.
Mesmo tendo poltronas na sala de estar, elas não são tão confortáveis. Dispenso minhas mantas, a calça de moletom é o suficiente agora.
Aos pés de Luke, Picles se deitou com sua cabeça sob a coberta que chega ao chão. Monique reclamaria se visse, mas eu tenho meu foco em reclamar de outras coisas agora. Por exemplo, do ciúme que estou sentindo do meu cachorro agora, dando atenção para alguém que eu detesto. Parece até que Picles o reconhece dos posters na parede do meu quarto — que não duraram por muito tempo. Dendê e Moá estão amontoados entre nós dois, se aproveitando do benefício de termos um sofá enorme, mas eu sei que eles preferem o da sala de tv, ou as nossas camas.
— Você tem uma cachorrinha, né, Luke?
— Tenho sim, a Petúnia.
— Você a resgatou? — Eu sei a resposta, mas quero que ele diga.
— Não, eu adotei com a Yola.
Luke Hemmings é complexo; ele escreve absurdos sobre seu relacionamento em músicas, detona a imagem de sua ex, a torna vilã, mas continua usando apelidos fofos e falando sobre elas com carinho na voz. Cinco minutos atrás seu tom era de um homem traído e agora é de um homem que terminou bem o relacionamento.
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reputation || l.h
FanfictionComo a estrela que atua nos pesadelos de Luke Hemmings, um artigo é lançado após o lançamento do novo disco de sua banda a fim de destruir toda a reputação que o cantor demorou anos para construir e moldar de forma sólida. Estando até os joelhos co...