Capítulo 35

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Narrado por Aiden

Eu não era idiota. Eu sabia que meus pais não tinham vindo para a cidade com o desejo de se reconectar.
Depois que Aaron morreu, eles deixaram claro quais eram suas prioridades. Claro, eu era tão culpado quanto eles por não manter contato, mas tinha dezoito anos quando eles começaram sua jornada pelo mundo.
Eu havia perdido meu irmão e precisava deles mais do que nunca. Em vez de se certificarem de que eu estava bem, eles me entregaram à Matilha e, ao mesmo tempo, me disseram adeus.
Posso ter sido o alfa, mas não significava que tinha todas as respostas.
Foi um alívio quando acordei e vi que o carro deles havia sumido.
Depois que Sienna foi para a cama ontem à noite, eu esperava algum tipo de conversa séria, inferno, talvez até um pedido de desculpas. Em vez disso, acabamos falando sobre suas viagens e ouvi suas críticas e elogios a pessoas que nunca havia conhecido antes.
Por que eu estava ficando nervoso com isso? Não é como se eles fossem ficar para sempre. Dei a eles uma semana no máximo antes que fossem obrigados a viajar novamente.
Talvez eu os visse novamente em mais dez anos. Até então, eu estava mais do que satisfeito em receber um ou dois cartões postais aleatórios que eles mandariam.
Eu poderia lidar com tudo isso mais tarde esta noite, no entanto. Agora eu estava finalmente sozinho e podia começar a trabalhar na montanha de papelada que estava na minha mesa.
Quando abri a primeira pasta da pilha, ouvi uma batida suave na porta do meu escritório.
Aiden: Entre.
Charlotte: Espero não estarmos interrompendo nada.
Minha mãe entrou com meu pai como se fossem os donos do lugar.
Charlotte: Quando você se livrou das secretárias? Eu me sinto tão rude em aparecer sem alguém para me anunciar.
Daniel: Gosto do que você fez no escritório, filho.
Meu pai examinou a sala.
Daniel: Você contratou alguém ou fez o trabalho sozinho?
Aiden: Eu mesmo fiz. Acho que o papel de parede e as tapeçarias não combinavam muito comigo.
Charlotte: Você não jogou fora as tapeçarias, jogou, Addy? Aquelas eram peças inestimáveis da herança da Matilha.
É claro que essa foi a primeira coisa que lhe veio à mente. Foi ela quem fez com que eu crescesse conhecendo cada pedaço da tradição e história da Matilha.
Quando eu era pequeno, ela me fazia recitar os nomes dos últimos vinte alfas e o que cada um deles tinha feito para contribuir com nossa Matilha antes que eu pudesse jantar.
Daniel: Onde está aquela sua esposa cabeça quente?
Aiden: Não sei.
Daniel: Eu a controlaria com mais vontade se fosse você. Ela tem o pavio curto, e não há como adivinhar que outras declarações ela possa fazer.
Aiden: Eu não sou o dono dela, pai. Ela é uma mulher adulta.
Charlotte: Bem, de acordo com as notícias, você deve ser o único que acha isso. Aquela façanha no festival foi inescrupulosa. Mesmo estando do outro lado do mundo, nós ficamos sabendo, pelo amor de deus.
Aiden: Ela e eu estamos conversando sobre isso, mãe. Eu não preciso que vocês interfiram.
Charlotte: Pelo contrário, acho que é exatamente o que você precisa que façamos. É claro que ela não tem conceito de dever ou tradição. Daniel, ajude a explicar ao nosso filho a importância do que está acontecendo.
Daniel: Aiden, você tem que perceber que Sienna não cresceu como você. Sabemos que você não pode escolher com quem acasalar, então não estamos dizendo que nada disso é culpa sua, mas ela é muito jovem, filho. Ela simplesmente não entende o que significa estar à frente da Matilha. Quando o deixamos no comando, sabíamos que tudo estaria em boas mãos. Você foi preparado para isso. Ela não foi.
Aiden: E daí? Você está dizendo que as coisas não estão em boas mãos?
Eu estava perplexo.
Charlotte: Sinceramente, Addy, não estão. Esta família tem sido a cabeça da Matilha por cinco gerações, e essa garota qualquer pode acabar manchando todo o nosso legado.
Eu estava farto de seus insultos. Eles eram meus pais, mas havia um limite que eu não os deixaria ultrapassar.
Aiden: É da minha companheira que você está falando, mãe.
Charlotte: Sim, tenho plena ciência disso. Suas origens humildes são de conhecimento comum, querido. Não há necessidade de ficar irritado.
Daniel: Estamos aqui para ajudá-lo com esse pequeno problema, Aiden. Se você, sua mãe e eu nos sentarmos com Sienna, sei que podemos fazê-la entender que a união da Matilha é mais importante do que seus protestos fantasiosos.
Aiden: Pai, eu já disse, estamos trabalhando nisso juntos.
Charlotte: E você acha que está dando certo? Você tem 29 anos, Addy. O que você acha que acontece quando o Alfa de uma Matilha chega aos trinta e ainda não tem filhotes? As pessoas começam a ficar preocupadas. Outros Alfas começam a observar seu território.
Daniel: Você precisa colocá-la sob controle e tentar criar uma família, Aiden. É sua responsabilidade como Alfa.
Antes que eu pudesse dizer outra palavra, Josh entrou pela porta, sem saber da briga que eu estava tendo com meus pais. Ele os viu e então olhou para mim.
Josh: Eu volto depois.
Ele começou a recuar.
Aiden: Não, eles já estavam saindo.
Fiquei feliz por encerrar a conversa.
Minha mãe olhou para ele radiante.
Charlotte: Josh, é você? Ah, que homem bonito você se tornou. Eu ouvi que você também acasalou.
Josh: Olá, senhor e senhora Norwood. Sim, já faz um tempo. Na verdade, é por isso que estou aqui. Aiden, nossas amáveis esposas escaparam do segurança de Sienna. Meus rapazes estão meio que perdendo a paciência.
Ótimo, isso era exatamente o que eu precisava agora.
Olhei para minha mãe, que estava prestes a proferir algo presunçoso, como: "Eu te avisei". Nós nos olhamos, e eu soube imediatamente que ela não ficaria em silêncio. O momento era bom demais para ela desperdiçá-lo.
Charlotte: Sim, parece que você tem total controle sobre sua companheira.
Ela mordeu a ponta de seus óculos de sol.
Charlotte: Bem, já que tudo está sob controle por aqui, acho que podemos encontrar um lugar para almoçar, Daniel. Você não acha?
Daniel: Sim, vamos deixar Aiden em paz. Veremos você e Sienna esta noite, filho. Manhattans às oito. Sem desculpas.
Fiz questão de acompanhá-los até a porta e a fechei prontamente após sua saída.
Minha vida estava indo de mal a uma merda completa, mas a primeira coisa a fazer era ter certeza de que Sienna estava segura.
Esta foi a quarta vez que ela e Michelle escaparam de seus guarda-costas. Insisti neles desde que aquela mulher estranha, Eve, apareceu no Baile de Inverno do ano passado e disse a Sienna que ela estava em perigo.
Josh: Eu não sabia que seus pais estavam na cidade.
Aiden: Eu também não, até ontem à noite. E mal posso esperar que eles vão embora.
Josh: Você... quer falar sobre isso?
Josh claramente estava se sentindo um pouco estranho, mas também obrigado a perguntar. A comunicação interpessoal nunca foi seu ponto forte.
Aiden: Está tudo bem.
Vi um grande alívio em Josh.
Aiden: No momento, precisamos descobrir onde nossas esposas estão.
Josh: Como é o horário nobre do brunch, e estamos em uma quinta-feira, tenho um bom palpite de onde Michelle levou Sienna.
Aiden: Ótimo, você pode ir buscá-las? Preciso resolver algumas coisas aqui.
Josh: Sim, sem problemas. Eu as trarei de volta aqui imediatamente.
Aiden: Mande Sienna vir direto para o meu escritório. Vou ter uma longa conversa com ela.

Narrado por Sienna

A doçura borbulhante da mimosa era exatamente o que eu precisava. Mais um motivo para eu estar feliz por não estar grávida.
Michelle: Então, como ela é?
Sienna: Ah, a Charlotte é um anjo. Ela basicamente falou na minha cara que acha que sou muito jovem para estar com seu filho e que eu estava sendo imatura por não seguir o ritual. Quem ela pensa que é para me julgar sendo que foi ela quem basicamente abandonou seu filho por dez anos?
Michelle: E eles vão ficar aqui?
Sienna: Sim, no quarto de hóspedes.
Michelle: E o pai do Aiden?
Sienna: Ele não é tão nojento quanto a mãe, mas tem uma mente muito fechada. Ela é literalmente a pior.
Michelle: Caramba, lembre-me de dar um grande abraço na mãe de Josh quando eu a vir. A pior coisa que Nancy já fez foi me dizer que achava que minhas batatas precisavam de mais sal.
Sienna: Eu nem quero ir para casa. Para você ver como é ruim, Michelle. Não há como aguentar essa mulher. Ela está presa em uma máquina do tempo. É como se ela tivesse sofrido tanta lavagem cerebral pela tradição que não tem ideia de como ela é louca.
Michelle: Por que não juntamos as garotas e fazemos uma viagem neste fim de semana? Isso manteria você fora de casa.
Sienna: Não, ela vai pensar que estou fugindo. Eu não posso dar esse motivo para ela me insultar ainda mais.
Michelle: E Aiden? O que ele pensa?
Sienna: Na real, não tivemos nem um momento a sós desde que eles chegaram aqui.
Michelle: Sienna, querida, você precisa falar com ele.
Michelle virou outro copo.
Michelle: Você ainda nem resolveu toda a situação das crianças. Quanto mais você esperar, mais dificil vai ficar.
Sienna: Eu sei, eu sei.
Me servi de outra mimosa.
Sienna: Eu só preciso que a Bruma aguarde mais alguns dias.
Michelle: Fale por você.
Michelle passava manteiga em um bolinho.
Michelle: Mal posso esperar pela minha primeira temporada com Josh. Tenho todos os tipos de surpresas sensuais planejadas para ele. Coitado, mal vai ter tempo de dormir.
Sienna: Ai, Michelle, para.
Eu ri.
Sienna: Minha imaginação é fértil.
Michelle: Quem sabe, você aprende alguma coisa.
Michelle deu uma mordida sedutora em seu bolinho.
Eu estava me divertindo com Michelle, mas, ao mesmo tempo, não pude deixar de sentir que estava passando a manhã inteira provando que Charlotte estava certa.
Uma mulher forte não teria fugido de seu guarda-costas para fazer um brunch. Uma mulher forte a enfrentaria de frente, e era exatamente isso que eu pretendia fazer.

Narrado por Michelle

Sinalizei para o garçom trazer outro jarro.
Eu amava Sienna, de verdade, mas às vezes ela tornava sua vida mais complicada do que precisava ser.
No fim das contas, ela ainda estava acasalada com o Alfa da Matilha. Tipo: olá, quão ruins as coisas podem realmente ser?
Claro, eu não poderia dizer isso a ela.
Agora, animá-la era a prioridade número um.
Razão pela qual eu me certifiquei de ficar longe de tudo relacionado à Matilha esta manhã. Além disso, o suco de laranja e o champanhe curam todas as feridas.
Michelle: O que você está fazendo?
Eu peguei Sienna olhando por cima do ombro.
Sienna: Nada, é só...
Michelle: O que? Fale, garota.
Sienna se inclinou sobre a mesa como se estivesse prestes a me contar um segredo da Matilha. O espírito de fofoqueira que habita em começou a surtar de empolgação.
Sienna: Desde que saímos da loja, estou com uma sensação estranha... como se estivéssemos sendo observadas.

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