Cortes de Chamas e Memórias

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O resto da noite foi resumida em rir de Grewn e Eris disputando quem dançaria mais comigo. Nenhum dos dois levava a competição a sério, mas era engraçado de ver. Eris ficava com raiva quando eu aceitava dançar com Grewn e o fuzilava com o olhar, já o general não se importava muito.

Acordo com o machucado das minhas costas 100% curado. Meu estômago ronca de fome. Eris não se deu o trabalho de me mostrar onde ficava a cozinha e agora tenho que fazer isso sozinha. Saio do quarto e paro em uma das milhares de janelas para observar o nascer do sol. Os tons alaranjados preenchem o lugar e deixa tudo bem mais aconchegante. Laranja e vermelho definitivamente são minhas cores favoritas. Sorte a minha que meus Sifões são vermelhos como o de meu pai, e não azuis como o de Azriel.

Fecho mais meu roupão de algodão e começo a procurar a cozinha. Mal saio do meu corredor e ouço uma porta ser aberta, a porta do quarto de Eris. Uma fêmea sai de lá, com os sapatos na mão e cabelos bagunçados. Ela me olha por um instante e faz cara de nojo.

—A noite foi boa? — pergunto e ela arqueia uma sobrancelha, me olhando de cima a baixo.

—Foi ótima — ela fala com superioridade e me seguro para não rir. Se ela se acha superior porque dormiu com Eris...

—Fique à vontade para voltar quando quiser — sorrio fraco e saio do corredor, deixando a garota surpresa para trás.

Creio que Eris não gosta de repetir de fêmea por muito tempo e por isso disso isso. Quero ver a cara dele quando ela voltar aqui amanhã.

Começo a sentir um cheiro de pão e graças a Mãe cheguei na cozinha. As cozinheiras me olham com os olhos arregalados e param de cozinhar por alguns segundos.

—Bom dia. Eu...não sabia onde ficava a cozinha — falo sem graça com todas as cozinheiras olhando para mim.

—Pode se sentar, querida. Vou fazer algo para você — uma feérica fala e eu sorrio para ela.

Observo a única cozinheira que não é ruiva com certa curiosidade. Ela tinha a pele bronzeada e os cabelos parecidos com os meus. Ela me olha de soslaio e desvia o olhar rapidamente. Será que é da Corte Noturna?

—Vi você e Eris dançando ontem. Vocês tem alguma coisa? — uma delas se senta na mesa junto comigo e eu engasgo em uma risada. Ela se apoia nos braços e me olha com certa admiração.

—Não temos nada. Somos...colegas — respondo. Vejo aquela cozinheira me encarar e trazer um pedaço de pão e chá.

—Não é nada comparado ao que você está acostumada, mas espero que goste — ela fala com gentileza e eu a encaro. Ela sabe quem eu sou?

—Pode vir aqui sempre que quiser — a fêmea se levanta da mesa e beija minha testa. Percebo que esse é um ato de carinho por aqui. Vi Eris fazer isso em muitas fêmeas.

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Com o estômago cheio, saio do castelo e passo na pousada rapidamente para pegar minha mochila. Afinal eu não poderia pedir às minhas ajudantes que fizessem um vestido para cada dia, por mais que ache que elas iriam adorar fazer.

Subo para meu quarto e paro do lado de fora da porta ao escutar vozes grossas.

—Tenho certeza que ela estava aqui — um deles fala frustrado. Como eles entraram aqui? Observo a pousada e só havia silêncio.

O quarto de Kolly...a porta estava aberta e vou até lá na ponta dos pés. Apesar de estar vestindo o vestido do baile, não fui tola de sair com o salto. Entro no quarto dela e a encontro amarrada em um canto com uma fita na boca. O rosto estava vermelho e molhado de lágrimas. Ela se agita ao me ver e corro para ajudá-la.