sicheng não estava pronto.

um.

Sicheng está sentado em sua cama com o celular desligado em mãos e o olhar fixo no guarda roupa colorido. As costas começam a doer um pouco pelo contato da parede gélida e a postura está perceptivelmente torta, mas ele não liga.

A testa formiga como se tivesse algo dentro dela, dentro da pele, da carne e está pronto para sair. Sicheng imagina sua testa abrindo-se de imediato e de lá, a carne e o sangue caindo acompanhado da pele suja. Ele ri, uma risada sem graça alguma. Uma risada crua e sem vida. O formigamento parece se alastrar pelo rosto, mas novamente ele não liga.

Algumas vezes a respiração parece prender ou ele apenas respira de um jeito esquisito e absurdamente alto como se não soubesse como respirar. Mas está tudo bem, ele só se sente cansado. Seu corpo inteiro parece apodrecer naquela cama consideravelmente grande e com um pensamento invasivo, Sicheng ri. Ele imagina seu corpo sendo parte da cama, talvez pelo tempo em que ali ficara, tanto tempo que agora seu corpo já não era apenas um.

Ele cheira a preguiça e roupas de cama. A pele é quente e o cabelo como sempre está bagunçado. Ele quer se levantar, quer tomar um banho e fazer algo produtivo que o deixe feliz, mas não dá. É Dong Sicheng, o garoto que vive dentro de seu quarto fingindo ser alguém que não é todos os dias e tentando que nem um tolo escrever algo decente. Seu único passatempo (e talvez até mesmo talento) era escrever e nem isso ele estava conseguindo fazer agora.

Ele bufa já imaginando o dia de amanhã. Quarta feira. Ele tem prova de história. Terceira aula. Seria um fracasso, como sempre. Iria para a escola, escolheria qualquer lugar e se sentaria; Olharia para as pessoas ali espalhadas e se sentiria triste, julgado, indefeso, desprezado, burro. A aula começaria e ele sentiria olhares que nem ao menos estão sendo direcionados para si.

Ele olha para baixo e analisa suas vestimentas. Parece tão bobo. Um moletom grande que passava um pouco de suas coxas e uma calça preta confortável. Não é permitido ir para a escola sem uniforme, mas todas as suas calças da escola ou estão rasgadas ou estão apertadas demais. Ou pior: largas demais. Ele se julga tanto e sua cabecinha não consegue ficar quieta, é eufórica o tempo todo. Ele olha para o quadro cheio de anotações (anotações as quais ele não consegue enxergar pois está sem seu óculos de grau) e se sente perdido.

Ele sente que é inútil demais olhar para o professor já que seus olhos se parecem com os de um cachorrinho abandonado e olhar para as suas coisas que nem um garoto perdido o fazia parecer mais inútil ainda aos olhos de si mesmo e de todos que estão ao seu redor. Mas a questão é: ninguém está olhando. Sicheng tem certeza que é apenas a sua mente querendo lhe pregar uma peça, mas aquela situação parecia ser tão... A insegurança grita em seus ouvidos e nada mais importa porque é real, é real demais.

Seu corpo está ali exposto (mesmo com o moletom gigante cobrindo uma boa parte de seu corpo) para que as pessoas vejam e julguem. Ele é um pobre coitado, burro e que não sabe fazer nada além de dormir e reclamar. Ele quer ir embora porque sente que até mesmo seu professor está julgando-o, chamando-o de burro e feio mentalmente, olhando-o com desprezo.

Sicheng era apenas um serzinho miserável ali. Talvez considerado um bocó que, qualquer coisa que faça, seja motivo de risadas e comentários sussurrados. Aquilo pesa em suas costas. O pensamento de ter seu nome rondando pela boca das pessoas de forma negativa, de forma ofensiva. Ele pensa nas pessoas o tempo inteiro, pensa se elas o acham esquisito ou mau educado, pensa se fez algo de errado, pensa se alguém está rindo de si pelas costas, pensa o tempo inteiro.

Não consegue nem andar de bicicleta porque sente medo das pessoas ao seu redor, se sente nervoso quando tem que atravessar alguma rua e ofega quase que o caminho inteiro. Se sente um tolo. Um tolo que apenas quer ficar em casa, sozinho e escondido debaixo do cobertor com seu ursinho de pelúcia.

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o capítulo não foi revisado então desculpem qualquer erro.

e por favor, digam o que acharam. ♡