Amoras, Vermelhas Como Sangue

Fugitivos

Logo depois de pegar minha veste de cima, e a colocar sobre meu busto, rapidamente a senhorita Gwendolyn pegou a minha mão direita e a puxou.
Não imaginaria aonde estaria me metendo, mas decidi mesmo assim proteger uma donzela em perigo que acabei de conhecer.
A belíssima dama correu até o que restava do portal, passando por cima da porta caída ao chão.
Ainda estendida com o braço pra trás, me puxando pela mão, já estávamos para o lado de fora da velha casa.
Ela olhou para os lados do caminho de terra, certamente procurando se restava mais algum guarda.
- Vamos. Por aqui. - falou a linda moça enquanto começava a caminhar pela rota contrária onde tínhamos vindo, enquanto puxava minha mão.
Ela parecia cabisbaixa, deprimida por algo, eu estaria sentindo uma certa dor onde fui atingindo de raspão, aquilo só não ardia mais do que ver aquela bela jovem triste.
Andamos por mais meia hora entre algumas árvores, Bryana já havia tirado suas chinelas, certamente estariam machucando seus pés delicados.
- William... - disse a de olhos castanhos claros com uma voz manhosa fazendo bico enquanto diminuía seu ritmo de caminhada.
- Você quer parar? - falei rapidamente, já interpretando o que seu rosto queria dizer.
- Como você sabia?
- Dá pra ver no seu rosto. - parei minha caminhada.
A de cabelos longos e ondulados parou também, suspirou, e logo em seguida fechou os olhos.
Ela lentamente levantou suas pálpebras superiores, revelando novamente seus doces e encantadores olhos.
- Obrigada por me defender naquele momento... - Bryana abriu um lindo sorriso. - Foi muito corajoso da sua parte.
Aquele sorriso... Me fez despertar uma chama em meu coração, um queimar que nunca havia sentindo antes.
- Não foi nada...Você me ajudou. - dei um sorriso de canto de boca enquanto voltava meu olhar a ela. - Você é a mulher mais gentil que eu já conheci, Bryana.
- Mas você acabou de me conhecer... - respondeu a linda moça, que parecia nervosa e acabou baixando sua cabeça, com o olhar fixo ao chão.
Era perceptível sua timidez, faria sentido já que acabamos de se conhecer, e já batemos em dois guardas reais juntos.
- Você está sangrando um pouco... E está anoitecendo. - disse a belíssima jovem de cabelos longos, enquanto olhava meu ferimento de raspão.
Logo se pôs ao chão, arrumando algumas folhas para que pudéssemos deitar e, quem sabe, descansar um pouco.
- Calma! Eu posso te ajudar! - me agachei para arrumar as folhas, senti uma forte dor no meu quadril, gemi de dor.
- Você está bem?! - a mulher largou as folhas e correu até mim, verificando se estava bem.
- Estou sim... - toquei em meu ferimento, logo concluindo. - Esse ferimento que acaba me impedindo de fazer muita coisa.
A jovem rapidamente rasgou a manga de sua roupa de linho fino e enfaixou meu quadril com a mesma, sem hesitar.
- Isso vai estancar o sangue. Venha, eu já preparei o lugar pra gente. - em um impulso ela me pegou pela mão, me levando até a cama de folhas que estava próxima a uma árvore muito alta e com um grande tronco.
Gwendolyn soltou minha mão e me ajudou a sentar nas folhas, usando o tronco como apoio para as minhas costas.
A linda moça com sua roupa rasgada, fez uma fogueira próxima daqui, pegando algumas pedras formando um circulo, onde colocou algumas folhas secas, e ascendeu a mesma com o atrito de duas pedras lisas ali.
Terminando todo o trabalho, se enconstou no mesmo tronco onde eu me encontrava, se sentou ao meu lado e suspirou.
Minha visão já estava apagando de tanto cansaço, os dias que viajei não consegui dormir direito, quando cheguei aquela cidade, estava disposto a pagar um lugar para ficar, mas tudo aquilo aconteceu.
Quando estava quase pregando meus olhos, escutei a doce voz da bela dama.
- Me desculpa... - disse com uma voz tremula se condenando por algo. - Eu não queria te envolver nisso...
Movimentei um pouco meus olhos para o lado, lá estava ela, minha visão estava embaçada, mas era perceptível o quão era ela linda, mesmo com roupas rasgadas e suja de terra.
O que realmente cortava meu coração era ver a moça mais bela que já conheci, vendo as estrelas.
Com o rosto voltado ao céu, seus cabelos deslizavam para trás de sua cabeça, e suas lágrimas escorriam de seus olhos, pingando em seu queixo.
Elas caíam sobre as folhas, e faziam um barulho.
Era o que me mantia acordado, e principalmente a minha preocupação que não passava.
- Eu não quero mais esconder isso! - aumentou o tom de sua belíssima voz. - Não quero que se machuquem mais por minha causa!
- Bryana... - disse seu nome com as minhas últimas forças, não queria a ver lamentando por algo que não era sua culpa.
- Acho que eu devo te contar toda a verdade... - terminou a frase abaixando sua cabeça, seus cabelos voltaram à frente.
Não sabia se estava ainda preparado para aquilo, mas essa seria a hora de entender toda a verdade.
A verdade sobre a lindíssima jovem que conheci na floresta das amoreiras.