Londres - 19 de Novembro de 1894
Estava uma manhã tranquila em Londres quando Paul abriu os olhos. Levantou-se lentamente, cansado e com uma leve dor de cabeça, enquanto bocejava. O dia estava tranquilo demais, o que era estranho em Walter Street. O corredor de seu apartamento era tão barulhento durante a manhã que ele sempre acordava de mau humor e assustado, mas não hoje. Quando parou de pensar no assunto, estava no banheiro, preparando-se para lavar o rosto e cuidar da higiene diária.
Enquanto trocava de roupa e se preparava para mais um dia entediante no departamento, estava imaginando o que tinha acontecido no dia anterior. Era seu primeiro dia na divisão de homicídios e não planejava estragar tudo chegando tarde. Sempre tinha sido um ótimo detetive e causaria uma má impressão em seja lá quem seria designado como seu parceiro. Era assim que funcionava... Todos os detetives tinham um parceiro que estava sempre investigando ao seu lado. Não sabia o que esperar. Era um veterano quando se tratava de furtos, mas não sabia nada sobre corpos e assassinos. Não tinha muito o que pensar, por isso tratou de descer ás pressas e ir direto ao departamento. Não era longe, apenas quinze minutos á pé. Um bom exercício, por sinal.
Saiu ás pressas, nem falou com o vizinho, o Sr. Whitewing, simplesmente desceu a rua em passos largos e rápidos em direção ao departamento. O dia estava bem calmo, não havia muitas pessoas nas ruas ainda, era fácil andar em Londres durante a manhã. O problema mesmo era durante a tarde, quando mares de pessoas inundavam as ruas e tudo se tornava... Londres.
Chegou mais cedo do que esperava, sendo que planejava chegar meia hora antes do que deveria. O prédio do departamento era magnífico de longe. Era um grande edifício branco, á frente de um famoso cruzamento chamado The Golden Queen's Crossing. Bem, pelo menos foi um dia... Hoje em dia era apenas um cruzamento comum na frente do departamento policial.
O departamento estava vazio quando chegou, mas Sean Greenman, um conhecido detetive, dito um dos melhores que já existiram por alguns oficiais, estava cuidando de assuntos no local até ve-lo entrar e vir em sua direção, com uma expressão séria e fria, dizendo:
- Bom dia. Creio não o conhecer, apesar de ser um detetive... É desse departamento? - Disse Sean, friamente, enquanto estendia a mão para ele
- Bom dia, senhor. Sou o detetive Rossberg, Paul Rossberg, estou começando hoj...
- Ah! Senhor Rossberg! Conheço um bom detetive quando o vejo... Ainda mais quando ele chega meia hora mais cedo no departamento, espero que mantenha essa conduta. Sou Sean Greenman, seu parceiro, mas já devem ter lhe informado isso, correto? - Um sorriso se abriu no rosto de Sean enquanto balançava firmemente a mão de Paul
- Informado? Imagino que não. Mas tem certeza que não me confundiu com outra pessoa? Não me considero tão bom a ponto de ser parceiro de Sean Greenman.
- Ah, é claro que tenho certeza, não estou na divisão de homicídios á toa. Bom, suponho que eu deveria te mostrar a sua sala. Siga-me.
Enquanto andavam, Paul percebeu que as poucas pessoas que já tinham chegado estavam andando rápido, com um rosto meio perturbado. Chegaram rapidamente em uma porta simples de carvalho, com duas pequenas placas ao lado, onde estavam dois nomes, Greenman e Rossberg, a primeira estava um pouco empoeirada enquanto a segunda parecia recém-colocada. Sentiu-se como no primeiro dia como detetive, quando viu pela primeira vez uma placa daquelas e sentiu que poderia salvar centenas de vidas... Bem, a diferença é que agora ele tinha certeza de que o mundo não era tão fácil e também que salvar vidas não era uma coisa tão simples.
Entraram em passos rápidos e Sean fechou a porta. Indicou com uma mão a sua cadeira enquanto se inclinava sobre sua mesa, ainda limpa. Ao se sentar, Sean jogou um amontoado de folhas na mesa e disse:
- Aqui. Nosso primeiro trabalho juntos. Leia atentamente e me diga o que achou. Vou estar ali do lado, na minha mesa, revirando alguns arquivos. Ah, como pode ver, já deixei as coisas arrumadas para você aqui. Tive até o cuidado de deixar algumas folhas em branco ali ao lado, não precisa agradecer. - Ao terminar de falar, Sean foi em direção a sua mesa, logo ao lado, enquanto Paul respondia:
- Ok. Achei que o primeiro dia seria apenas mais um dia tedioso no escritório, mas vejo que as coisas são bem agitadas quando se trata de um Greenman.
- Hahahah... Não, não... aqui é sempre assim. Todo dia tem um caso novo, acostume-se... Bem, acho que não teremos um novo caso em um bom tempo. Eu sei como funcionam essas coisas. Esse caso é um daqueles que duram dias para se planejar e dias para se solucionar. Bom, considere isso um presente de boas vindas.
A sala ficou quieta durante alguns minutos. Quantos foram? Difícil dizer, Paul estava muito concentrado estudando as folhas e quando terminou, viu que estava com sede. Levantou-se, avisou Sean que ia buscar um copo de água e que havia terminado de ler as folhas. Voltou alguns minutos depois com o copo e viu Sean se preparando para sair. Antes que pudesse questioná-lo, ele disse:
- Acabaram de me telefonar do local do crime para avisar que já prepararam o local para nós. Esteja pronto. Vamos fazer o que fazemos de melhor, buscar respostas.
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A Sociedade
Mystery / ThrillerO ano é 1894. Em uma Londres fictícia, Paul e Sean, dois detetives do departamento de polícia, buscam respostas para o sumiço de uma senhora. Uma estranha faca é encontrada com manchas de sangue no local do crime e as circunstâncias são muito estran...