Morte

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   No princípio

Quando os humanos morrem, eles vão para um mundo parecido com o deles. Entretanto, nesse mundo não existe maldade, fome ou guerras. Esse lugar possuí uma proteção divina para que mal algum possa adentrar. A principal regra deste mundo é: "nenhum humano se lembrará de sua vida na terra." Pois assim, ele não iria se corromper. Pelo menos essa era a ideia. Não havia exceção à regra, mas até a morte fica entediada as vezes. E essa era uma dessas vezes, quando uma alma incomum adentrou o chamado, "Paraíso".

O nome deste humano é irrelevante, e ele era considerado por muitos da terra como desprezível, eu não discordo, mas eu gosto desses. Desobedecendo a regra por puro interesse, eu o coloquei na lista para o céu, com um propósito.

Certo dia, numa madrugada de sexta-feira onde a lua iluminava as ruas escuras e desertas do centro de São Paulo, este humano mais seus dois amigos caminhavam rumo a uma festa, todos muito animados, não ligando para possíveis riscos que se submetiam ao fazer isto.

— Felipe, o metrô tá aberto a essa hora? A festa já tá rolando, estamos muito atrasados! — Perguntou Alexandre, um rapaz alto de cabelos encaracolados, com os olhos já vermelhos causado pela maconha.

— Não. E a estação mais próxima é a segunda Trilha. Vai demorar ainda. — Responde Felipe, um garoto de 25 anos, loiro de classe média alta, seus olhos são verdes e seu cabelo é curto.

— Mas aí vamos ter que esperar mais! E eu avisei para vocês saírem cedo e de carro! Agora eu tenho que ficar aqui, na madrugada, sentada nessa coisa nojenta e nesse muquifo!? — Protestou Patrícia, uma garota jovem de 22 anos, loira e de olhos azuis, aquela clássica rica mimada, já sentada junto a todos esperando o metrô abrir, a única a reclamar.

Todos jovens, ricos, despreocupados e querendo curtir suas vidas. Festas, bebidas, drogas e sexo, uma vida fácil, eles estalam os dedos e conseguem tudo o que querem, mas "de poder ao homem, e verá quem ele realmente é", dinheiro é poder! Qualquer um vendo isso acharia normal, claro, existem pessoas assim por todo o mundo, mas aqui eu irei contar um pouco sobre um em particular. Rico e soberbo, esse "Felipe" será o nosso, como eu digo... protagonista. Rachas, drogas, baladas, sexo e as vezes sem consentimento, e se alguém faz ou diz algo que ele não goste, pode apostar, ele pagará alguém para dar um jeito na situação.

— Patrícia! A maldita da madrasta do meu pai saiu com o carro, e o meu tá quebrado, eu já disse! Agora cala a merda da boca! — Berrou Felipe.

— Ou o que, Felipe!? — Indagou Patrícia, nervosa, mas com um pouco de medo de Felipe, pois conhece ele.

Felipe serrou os punhos e foi em direção a Patrícia, parando em frente a ela, Felipe levanta a mão para Patrícia, que hesita.

— Calma irmão, não precisa disso. — Alexandre entra na frente de Felipe. — Todos estamos nervosos com tudo isso, está escuro, estamos atrasados, é normal. Não arranja mais encrenca pra você, ela é do grupo cara. — Orientou Alexandre, abaixando a mão de Felipe.

— Ora ora, o que temos aqui? — De repente, dois homens armados surgem da escuridão da noite. — Dois playboyszinhos de merda, e uma gostosa!

— Queremos tudo que vocês têm ai, seus merdas! Vai, vai, anda logo se não eu meto bala na cara de vocês tudo! Começando por você, loirin, passa tudo! — Gritou um dos assaltantes, apontando a arma para o rosto de Felipe.

— Calma, eu não tenho nada! — Disse Felipe, já nervoso.

— Como tu não tem, playba!? Não adianta tentar passar a perna no meu parceiro não, se não ele vai te encher de furo, anda logo e passa tudo, vocês três!

Todos os três dão tudo o que tem para os assaltantes, relógios, celulares, dinheiro, até algumas roupas, como as blusas de frio de marca, seus tênis e bonés.

— O que uma gata dessa como você tá fazendo aqui nessa madrugada, em bebê? — Perguntou um dos assaltantes, o mais calmo, passando a arma no rosto e na boca de Patrícia.

— Sai de perto de mim, seu nojento! — Gritou Patrícia, levantando a mão no susto, acertando a arma do assaltante que dispara e acerta em cheio o peito de Felipe, que cai já ensanguentado e morto. Os assaltantes fogem do local na hora, Patrícia e Alexandre sem saberem o que fazer e sem terem como chamar as autoridades, também fogem, deixando Felipe estirado no chão, sozinho.

— O que aconteceu? — Felipe se pergunta, levantando-se do chão molhado causado pela forte chuva que havia se iniciado.

— Você até que durou muito, Felipe. Me surpreende ninguém ter feito isso antes. — Proferiu o aspecto soturno que se aproximava de Felipe.

— O que é você? — Gaguejou Felipe, olhando aquela alta e sombria figura em sua frente.

— Logo você saberá o que sou. — Disse a sombria figura, com uma voz tão intensa e carregada, que humanos quando a escutavam, ficavam transtornados.

— Eu... estou morto? — Diz Felipe, que novamente tornou a gaguejar, assustado e tremendo muito, ele passa a olhar o seu corpo estirado no chão, e observa a forte chuva levando o seu sangue. — Você é a morte? Você me matou!? — Indaga Felipe agora nervoso.

— É claro que não, humano estúpido. Eu não posso sair por aí matando as pessoas, não é assim que funciona. Mas isso não importa agora, eu tenho algo para você, uma proposta...

Cor de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora