Livro 4 -Fogo : Capítulo 28 - Um sopro de rebeldia

170 19 18
                                    

Mira

Eu rasgo as mangas do meu casaco, tento me alongar o máximo que eu consigo, sinto os meus músculos doerem, e respiro fundo. Como foi mesmo que Fei fez ? Tento me lembrar, será que eu consigo ? Mesmo com a conexão tão instável eu tentarei.

O casebre perto do vulcão está caindo aos pedaços. Mas, existe uma pequena torneira, no que imagino ser a cozinha. Eu abro devagar e posso sentir a água inundar a tubulação aos poucos.Quase como um chiado, devagar, estranho, errado.

A primeira coisa que eu vejo é o vapor. A água sai fervendo da torneira de cobre.

— Um dos lados ruins de se viver perto de um vulcão. - O soldado que ajudou o Riku diz. - E te garanto que esse nem é o pior deles.

Ele tem o rosto sorridente, parece se divertir com o que aconteceu. Eu não consigo sorrir, acho que nunca mais conseguirei.

— Me desculpe. É que você parece muito com o seu pai. -- Ele coça a cabeça parece querer conversar, mas não tenho tempo para isso.

Olho para a pia, e desligo a água. A água fica empoçada no fundo, vou esperar esfriar e tentar, tentar usar a água como cura. Sei que será um desastre completo, mas preciso me recuperar.

Riku está inquieto, anda de um lado para o outro.

— Será que posso me aproximar da beira do vulcão? - Ele diz

— Poder você pode. Mas... - O soldado comenta.

Ele não espera que o soldado termine e sai do casebre.

— Ele é muito impaciente. Ia falar que as atividades do vulcão estão no nível três.

— O que isso quer dizer? - Meelo pergunta.

— Digamos que existem cinco níveis de atividade. Normalmente, sempre está no nível um, quando está mais agitado, chega ao dois. Mas, faz anos que nunca o vi chegar nesse nível, e olha que pulou do um para o três muito rápido. Eu não sou especialista, mas acho que ele está prestes a entrar em erupção.

Riku

É alto, antes fosse esse o principal problema. Daqui eu consigo ver a lava borbulhando e expelindo fumaça. Esse é mesmo um local seguro? Mas, isso não deixa de ser bonito, e a me lembrar de alguém. Eu poderia dizer que a Mira se parece com um vulcão. Quente, mas na dele, exceto quando ele explode, aí ele queima tudo à sua frente.

Olhar para ele me acalma de certa maneira. Mas, o cheiro dele está começando a me incomodar.

No passado toda essa cratera era na verdade capital da nação do fogo. Apesar da União tentar encobrir a destruição da capital, esse fato se espalhou por todo o mundo. Fazendo crer que essa é uma terra amaldiçoada. Por tudo o que eu vivi nesse país, cada vez eu acho que isso é verdade.

Daqui consigo ver toda a cidade. Todos parecem muito pequenos . E é assim que eu consigo enxergá-lo. Quase sem fôlego, subindo a ladeira de uma forma nada eficiente.

Mais que a calmaria que o vulcão me passa. Ver Sina faz um peso enorme sair das minhas costas. É um alívio tão grande, mas, tão grande que posso sentir meus olhos ficarem marejados.

— Riku! – Ele me chama sem fôlego.

Eu não consigo me mexer,o que eu deveria fazer? Correr até ele e abraçá-lo? Com certeza não. Mas, mesmo assim, sinto um impulso de ir até ele.

— Quem é vivo sempre aparece. – Tento dizer despreocupado .

Só que mesmo eu tentando evitar. Mesmo me afastando o máximo que pude. Ele me abraça.

Avatar - A lenda de Mira ( Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora