Capítulo 1

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A segunda semana de aula no colégio East High começava oficialmente naquele momento, com aquela multidão de adolescentes adentrando pelas portas do instituto e em frente aos armários, os membros do grêmio auxiliavam os novos estudantes.

Ochako Uraraka utilizava uma saia plissada de cintura alta num tom de azul bebê e uma blusa colocada para dentro da parte inferior de suas roupas em tom branco. Alguns acessórios enfeitavam seu corpo além das sapatilhas peroladas nos pés.

A garota, representante geral do grêmio, segurava uma prancheta enquanto ajudava os rostos novos e dentre eles uma garota totalmente trajada em tons escuros, além de uma maquiagem forte. Sua franja e os dois coques acima de sua cabeça parecia tornar tudo mais marcante e com um andar despojado e — quase — desinteressado se aproximou da Uraraka.

— Bem-vinda ao East High! — Falou de maneira empolgada entregando-a um papel, como um pequeno formulário. — Preencha isso com seus dados da identidade e número de matrícula e entregue na secretaria para receber seu horário e código de armário.

As orbes amareladas da gótica fitaram o papel por um momento antes de entreabrir seus lábios para realizar seu questionamento.

— Conhece Hanta Sero?

Não demorou mais do que alguns segundos para receber a confirmação com um aceno de cabeça da garota a sua frente que inclinou levemente seu corpo contra si como se fosse contar algum segredo.

— Todos sabem quem ele é. Dizem por aí que ele gosta de algo verde.

Um sorriso, até debochado, surgiu nos lábios da gótica enquanto retirava o pirulito que até então residia dentro de sua boca.

— O jeito dele tinha de ter um motivo.

Em meio ao diálogo das duas, uma dupla adentrou pelas portas do colégio, eram os meio-irmãos Katsuki Bakugou e Denki Kaminari.

— Sua roupa amarelo ovo está me doendo os olhos, puta que pariu — a voz firme e levemente arrogante de Katsuki se fez presente no corredor que pareceu ficar atento às palavras nada doces —, minha vontade é de queimar essa porcaria de calça.

Mesmo com as palavras duras de seu irmão, a risada alegre de Denki era ouvida como se tudo não passasse de uma grande piada.

Himiko Toga revirou suas orbes claras com toda aquela cena enquanto seguia seu caminho e pensava no quão cansativo seria sua vida em East High

[...]

Apesar de estarem apenas na segunda semana de escola, todos glorificaram de pé quando o sinal soou, anunciando o intervalo. O amontoado de adolescentes saiam depressa das salas e encaminhavam-se para o grandioso refeitório.

— Kazinho, não sabe da notícia fresquinha que eu acabei de receber.

Denki falou assim que se aproximou de seu irmão postiço enquanto se esquecia completamente da marca arroxeada próxima a seu pescoço, esta que logo foi notada pelo loiro arrogante que preferiu manter-se em silêncio sobre a tal.

— Senta aí e diz enquanto como essa comida repugnante.

Disse voltando a fitar o prato de comida em cima da bandeja, com repulsa.

— O seu clube de teatro abriu os testes para a próxima peça — aquela frase cativou os ouvidos de Katsuki, que olhou diretamente para o garoto que agora estava sentado, literalmente, em cima da mesa arredondada como se pedisse para ele continuar a falar —, musical de Romeu e Julieta.

Bufou, entediado.

— Que porra?! Aquela velha idiota não tem mais criatividade? — Seu tom era arrogante e irritadiço. — Toda escola já fez no mínimo uma vez, uma peça sobre esse casal deprimente e ela decide "reinventar" colocando música no meio?

Para Denki Kaminari, era divertido ver o quão seu irmão se irritava com coisas pequenas, mas ficava até feliz com a maneira que ele andava se impondo contra a própria mãe (esta, que era sua madrasta). Claro que quando ele anunciou que entraria no clube de teatro, a casa virou um inferno, pois Mitsuki Bakugou quase abriu o mar vermelho para impedir que seu filho fizesse algo que ela não estava inserida ou arquitetara em seu plano de futuro brilhante.

— Kazinho, é como você mesmo diz: Os clássicos são os melhores. — Incentivou-o, vendo a carranca dele desmanchar-se lentamente. — Não importa qual seja o papel que pegue, vai arrasar como um protagonista!

Um sorriso não demorou a aparecer nos lábios de Katsuki, de forma arrogante e prepotente.

— Eu serei o protagonista, seu idiota.

Paralelo aquela situação, em uma das diversas salas de toda a escola, o clube de xadrez se reunia treinando arduamente ou era, para todos estarem realizando essa tarefa.

Mei Hatsume, líder e fundadora, estava encarando a porta da sala já fazia cinco minutos. Seus olhos de cor âmbar desviavam de maneira constante para o relógio de ponteiro em seu pulso enquanto mexia em seus fios castanhos com frequência.

Assim que o som da porta abrindo foi ouvido, ela caminhou pisando duro fitando o rapaz que acabava de entrar com certa fúria.

— Eijirou Kirishima! — Um sorriso sem graça e desajeitado era exibido pelos lábios do falso ruivo. — O que eu lhe disse sobre seus atrasos?!

— Me desculpa, por favor. Eu prometo que isso não vai se repetir.

Enquanto falava, puxava-a para uma das diversas mesas onde um jogo fechado estava depositado. Ambos abriram e arrumaram todas as peças e a conversa continuava, ou melhor, o sermão.

— Eijirou, sabe muito bem que o campeonato está chegando! Atraso é o pior inimigo dos ambiciosos e vencedores.

O nervosismo e estresse de sua amiga era palpável. Podia notar a tremedeira em seu palmo destro, totalmente aérea do jogo recém-iniciado, seria fácil vencer, mas preferia quando ela estava "com força total".

— Eu sei, Mei... Ainda temos tempo. As aulas começaram na semana passada e a primeira parte do campeonato ainda vai demorar e você precisa relaxar e descansar.

— Eijirou, você não entende! — Cortou a própria fala, arregalando minimamente suas orbes, mas não demorando para voltar a falar. — Nós precisamos vencer West High! Eles nos humilharam.

Apesar do plural, seus olhos entregavam outra fala.

Eu preciso vencer.

Eles me humilharam.

E o ruivo sabia perfeitamente daquilo. O quanto sua amiga era centrada e obcecada com aquele clube, como se fosse a maneira de ela se distrair de sua casa e do pai completamente louco que possuía.

— Xeque-mate. — O ruivo anunciou, apoiando seus braços na mesa em seguida. — Mei Hatsume, você está acabada e precisa realmente descansar. Sei que vai dizer "Preciso de você", "É nossa arma secreta", mas eu também necessito da minha amiga, por favor... Te peço apenas uma noite.

Ela suspirou, derrotada.

— Está bem, o que vai ser?

Sorrindo feito vitorioso, Eijirou ergueu-se da cadeira onde suas nádegas estavam anteriormente depositadas.

— Camie Utsushimi irá realizar uma festa nesta sexta, o colégio inteiro vai.

Sua mão estava aberta na direção de Mei, como se quisesse fechar um acordo e ela apertou-a.

— Se essa é a sua condição, tudo bem.

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Beta: i4lari

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