30. O anel de compromisso

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Os horários vagos na sala comunal da Corvinal estavam bem mais constrangedores nos últimos dias, agora que Ben e Kevin estavam envergonhados demais para estarem no mesmo ambiente, e Ben se perguntava o que faria caso recebessem algum convite para tocar numa das festinhas noturnas de Slughorn. Felizmente, nenhum convite apareceu. Ele até se arrependeu de ter abandonado o quadribol — os treinos ao menos seriam um bom motivo para ele se ausentar de vez em quando — e chegou a oferecer-se para atuar como goleiro reserva caso houvesse necessidade. 

Com a chegada de fevereiro, a neve em torno da escola foi gradualmente derretendo até ser substituída pelo orvalho causado por uma chuvinha gelada e contínua que persistiu até a aproximação de março, quando, para indignação geral, foi afixado um aviso em todas as salas comunais: o passeio seguinte a Hogsmeade fora cancelado. Alexia ficou furiosa.

— Que ódio! — ela exclamou. — Era o último passeio do ano letivo, eu estava preparando uma surpresa!

— Para quem? — Ben indagou intrigado; até os encontros com ela o garoto estava tentando evitar, o que era uma tarefa difícil porque Edu e Lauren nunca estavam disponíveis.

— Agora não vai haver nada para fazer nessa droga de castelo no sábado! — Alexia replicou rabugenta.

De fato, no primeiro dia de março o tempo continuava frio e monótono, e os gramados da escola agora estavam lamacentos e escorregadios; com isso, as aulas de Aparatação do sexto ano estavam sendo realizadas no Salão Principal e não ao ar livre. Impedidos de sair para os gramados e de utilizar o Salão, a única opção que restou aos alunos foi permanecer nas aquecidas salas comunais de suas respectivas Casas; os da Grifinória numa torre, os da Corvinal em outra, os da Sonserina nas masmorras e os da Lufa-Lufa no porão próximo às cozinhas.

Depois do almoço, na hora em que Ben estava tocando violão para um grupo de alunos que o acompanhavam cantando sentados junto à lareira, Alexia entrou de repente na sala comunal.

— Venha comigo — ela chamou o colega; Ben entregou o instrumento para um garoto do segundo ano e se levantou de má vontade. — Acabei de ter uma ideia.

Ela segurou a mão dele e foi arrastando-o pelos corredores do castelo em direção ao Salão Principal.

— Descobri um jeito de sair daqui por umas horas — a garota explicou. — O diretor suspendeu temporariamente o encantamento contra aparatações no Salão Principal para que os sextanistas pudessem treinar, não foi? Então, vamos entrar no meio deles e desaparatar até Hogsmeade. Podemos aparatar na porta do salão de chá da Madame Puddifoot, o que acha?

— Legal, mas você acha mesmo que ninguém vai perceber? — questionou Ben; por um lado, ele preferia realmente não se arriscar a fazer uma coisa tão grave, mas por outro, sair do castelo por uns instantes até que não seria má ideia.

— Claro que acho; o pessoal do Ministério só está interessado em saber se ninguém vai estrunchar.

A garota estava enganada. O teto encantado do Salão Principal girava sombriamente no alto enquanto os sextanistas se reuniam diante dos diretores das quatro Casas e de um bruxo miúdo, que era o mesmo instrutor de aparatação do Ministério do ano anterior; eles certamente seriam reconhecidos desse jeito. Kevin estava entre os estudantes que praticavam; o garoto lançou um olhar despercebido a Alexia e Ben, sem querer, e abaixou a cabeça rapidamente. Ben tocou o cotovelo de Alexia e falou:

— É, não vai dar certo. Vamos voltar.

— Por que tudo tem que dar errado comigo? — pestanejou a garota. — Vamos para a Sala Precisa, pelo menos.

Ben concordou em ir, mas só porque Alexia já estava irritada e ficaria mal se não concordasse. Eles seguiram pelos corredores praticamente desertos até chegarem ao sétimo andar, no trecho da parede defronte à tapeçaria que escondia a entrada da sala.

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