45. A promessa quebrada

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Gustavo e Alexia caíram sobre um rochedo no meio da densa floresta no entorno da pirâmide. Sem poder acreditar no que havia acontecido, Alexia se acostou ao peito de Gustavo e o abraçou, chorando copiosamente. Relutante, o rapaz pôs a mão em sua cabeça; não podia fazer nada para impedi-la, como também não podia fazer nada para conter as lágrimas que insistiam em cair de seus olhos. Sentia a culpa por tudo ter acontecido por sua causa: a viagem, a entrada na caverna, a vinda de Alexia, a promessa de salvar a vida dela caso precisasse escolher...

Então uma voz conhecida falou atrás deles:

— Atrapalho em alguma coisa?

O choque de ouvir aquela voz fez com que Gustavo e Alexia se afastassem sobressaltados. Incrédulos, eles se viraram e viram Ben diante deles, completamente são e salvo, como se nada tivesse acontecido.

Ben! — Alexia pulou no pescoço dele. — Que susto você me deu! — E, em seguida, afastou-se e lhe deu um forte soco no ombro, irritada. — Que susto você me deu! Nunca mais faça isso!

— Como...? — Gustavo perguntou perplexo, segurando os ombros de Ben após também lhe dar um breve abraço e um tapinha nas costas. — Como conseguiu sair se não podia usar magia? Você nem ao menos tinha uma varinha!

— Não, mas eu tinha isto — o garoto respondeu, mostrando-lhe o cristal da serpente chifruda que ele havia acabado de tirar do bolso. — Aliás, muito obrigado mesmo por me largar sozinho e sem varinha dentro de uma caverna desabando, viu?

Gustavo revirou os olhos, parecendo irritado.

— Foi você quem me mandou salvar a Alexia em vez de ajudar você!

— E desde quando eu mando em você? — questionou Ben. — Por acaso eu sou a sua mãe?

— Desculpe... — Gustavo murchou os ombros; não tinha a capacidade de se indispor com alguém que quase havia morrido por sua culpa.

— O que importa é que você está vivo — disse Alexia. — Como conseguiu fazer o cristal funcionar?

— Ainda não sei. Tudo o que eu me lembro foi de ter visto a bolinha luminosa pairando lá na caverna e, quando eu estendi a mão... bom, foi como se ela flutuasse ao meu encontro. Não sei como, ela veio direto para o meu peito, e eu senti como se ela estivesse dentro de mim... — Ben apertou a mão contra o peito, tentando parecer mais convincente. — Foi aí que eu percebi a ponte sumindo aos meus pés, então desaparatei e me vi na frente da pirâmide.

— Que coisa estranha — disse Alexia. — Mas o que o cristal tem a ver com isso?

— Bom, depois que eu cheguei à pirâmide, reparei que tínhamos nos desencontrado. A bolinha já não estava mais comigo, mas eu tinha o cristal. Ainda não entendi direito como aconteceu, mas ele começou a emitir uma nota musical baixa e eu o tirei do meu bolso, então a bolinha saiu dele e entrou em mim, desaparatei mais uma vez e acabei chegando aqui.

— O livro diz que a conexão entre o homem e o intento é feita pela força de vontade — disse Gustavo, parecendo muito mais crédulo agora. — Você deve ter desejado muito sair da caverna...

Sem pensar, Alexia tomou o cristal das mãos de Ben e o apertou entre as suas duas mãos.

— Quero um sanduíche de bacon! — disse ela.

Gustavo tomou o cristal das mãos da garota, vendo que nada tinha acontecido.

— Não se pode criar comida do nada — falou o rapaz. — Tudo tem o seu limite; talvez o cristal tenha o mesmo tipo de magia contida na Sala Precisa...

— Ah, por isso que a Sala Precisa não fornece comida, nem ouro e nem... a cura da licantropia — debochou a garota, olhando-o de esguelha.

O rapaz lhe lançou um olhar sério e insolente.

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora