15. Traumas...

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Os dois caminhavam calmamente até a árvore de Thalia.

Quando estavam indo até a floresta, passaram na frente da arena, e Clarisse podia ver que lá de dentro, alguns de seus irmãos a olhavam maliciosamente. Como se o casal estivesse prestes a aprontar alguma coisa.

Desviavam dos troncos caídos e vez ou outra paravam para descansar. Mesmo sem as armaduras, ainda estava muito quente no local. Diversas vezes, pararam perto do riacho para beber água.

Chris estava calado, apenas observando a expressão da namorada, tentando capitar alguma coisa que o ajudasse a desvendar tudo aquilo.

Alguns minutos atrás os dois estavam aos beijos em seu chalé e ela parecia muito feliz, agora que estavam na floresta a caminho do Velocino de Ouro, não tinha expressão alguma.

Não a conhecia bem a ponto de saber o que estava sentindo, mas sabia que estava estranha. Às vezes, era difícil saber o que se passava em sua mente.

Era mais fácil quando estavam a sós em um lugar reservado, como na noite em que dormiram juntos e ele percebeu que era ficou diferente ao falar das cicatrizes.

Depois disso, se sentiu mal por fazê-la relembrar do acontecido. Apesar de achar que estava o enrolando e mentindo, não iria a pressionar.

Clarisse ia na frente, prestando atenção a qualquer barulho estranho, ou a possibilidade de seus irmãos terem a seguido.

Ao chegarem no local desejado, Chris a abraçou por trás e enterrou seu rosto na curvatura de seu pescoço.

-O que foi? -ela disse com um sorriso envergonhado.

-Só tô aproveitando um momento a sós com você, que não vamos mais ter depois da guerra. -deixou um demorado beijo em seu pescoço, e a sentiu se arrepiar.

A filha de Ares se virou e o beijou, apoiando as mãos em sua nuca. O beijo era calmo, lento, como se quisessem saborear todas as sensações que podiam, como se experimentassem aquilo pela primeira vez.

Chris sabia como ela gostava quando a beijava assim. Os suspiros, e os sorrisos que dava em meio ao beijo deixavam isso bem claro.

Apertou um pouco mais sua cintura a puxando para perto, colando seus corpos.

Eram apenas um casal desfrutando de sua breve felicidade, em meio a tantas mortes que vinham ocorrendo, tantas tragédias, a guerra.

Se separaram após um tempo, colando suas testas ofegantes, e Chris pôde ver a menina abaixar um pouco, como se tivesse ficado na ponta dos pés esse tempo todo e só tivesse voltado ao normal agora.

Ele era mais alto que ela, e adorava isso. Era um dos únicos que podiam a chamar de baixinha, sem levar um soco.

E secretamente, Clarisse gostava de ser mais baixa que Chris. Gostava de quando ele se inclinava para baixo para beija-la, e de quando ele a abraçava por trás, apoiando a cabeça na sua.

***
N

as próximas horas que se passaram, ficaram conversando sobre banalidades e sobre a vida.

-Pelo jeito que você fala, tô começando a ficar curiosa sobre a minha sogra. -disse entre risadas.

-Minha mãe é incrível. Uma vez eu tinha ido passar a semana com a minha vó, e ela ligava todo dia antes de eu dormir e a gente ficava horas conversando. -ele sorria se lembrando desses momentos, afinal não tinha mais isso, estava no acampamento e agora tinha que se preocupar com a vida de semideus.

-Minha vó fazia isso. -a filha de Ares disse forçando um sorriso, e tentando conter as lágrimas.

Amava o namorado, muito, e com toda a certeza ele merecia ter uma relação boa com a mãe. Mas doía.

"She fell for the traitor..."Onde histórias criam vida. Descubra agora