ᴏ ᴜ́ʟᴛɪᴍᴏ 9 ᴅᴇ ɴᴏᴠᴇᴍʙʀᴏ

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Lamentável viu Crusher


Lamentável viu Crusher

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Se as mentiras fossem escritas, eu as apagaria
Mas são faladas; gravadas por dentro
Com uma verdade convalescida, grito minha penitência
Que eu possa me arrepender em sua pele.

—Arthur Ramos


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Arthur Ramos
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Eram 83.456 palavras no manuscrito que deixei na porta da casa dela na noite passada. Eram aproximadamente 23 mil palavras nos cinco primeiros capítulos, antes de ela chegar ao bilhete. Ela pode tranquilamente ter lido 23 mil palavras em três horas. Se ela começasse a leitura logo depois que deixei o manuscrito, teria terminado a primeira parte às três da manhã.

Mas é quase meia-noite. Faz quase 24 horas que a vi pegar o manuscrito e fechar a porta. O que significa que ela teve 21 horas de sobra e ainda não está aqui.

O que significa, evidentemente, que ela não vem.

A maior parte de mim acreditava que ela não apareceria hoje, mas uma pequena parte ainda tinha esperanças. Não posso dizer que a decisão dela partiu meu coração, porque isto significaria que meu coração ainda estaria inteiro para ser partido.

Faz um ano inteiro que estou com o coração partido, então o fato de ela não vir é tão debilitante quanto os últimos 365 dias que passaram.

Estou surpreso que o restaurante tenha me deixado esperar aqui, a esta mesa, por tanto tempo. Estou aqui desde o amanhecer, na esperança de que ela tenha ficado acordada lendo o manuscrito na noite passada. Agora é quase meia-noite, já passei umas boas dezoito horas ocupando esta mesa. Esta será uma gorjeta das grandes.

As 23h55h da noite, deixo a gorjeta. Não quero estar aqui quando o relógio indicar que é dia 10 de novembro. Prefiro esperar os últimos cinco minutos em meu carro.

Quando abro a porta para sair do restaurante, a garçonete me olha com pena. Tenho certeza de que ela nunca viu ninguém esperar por tanto tempo e levar bolo, mas pelo menos isso vai dar a ela uma boa história para contar.

São 23h56h quando chego ao estacionamento. São 11h56h quando a vejo abrir a porta e sair do carro.

Ainda são 11h56h quando entrelaço as mãos na nuca e inspiro o ar frio de novembro só para conferir se meus pulmões estão funcionando.

Ela está parada perto do carro, o vento soprando mechas do seu cabelo pelo rosto enquanto ela olha para mim do outro lado do estacionamento. Fico com a impressão de que se eu der um passo na direção dela, a terra vai esfarelar sob meus pés com o peso do meu coração. Nós dois ficamos imóveis por vários segundos demorados.

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora